Chegámos à praia e eu estou muito nervosa. Passamos pelo bar que há aqui e comprámos dois pacotes de meia dúzia de cervejas. Já estamos na areia sentadas, estou tão ansiosa e com um pouco de medo de revelar os meus segredos. Abri uma cerveja e tomei um golo, depois outro e mais outro até que acabei a primeira lata. Então ganhei coragem :
-O demónio mais sombrio e mais temido que me atormenta e que destrói-me por dentro é o meu próprio pai.
-Como assim?
-Eu vou contar-te mas não quero que fiques a sentir pena de mim, se há uma coisa que eu realmente detesto é ver alguém olhar-me com piedade . Eu realmente quero ter uma amiga em quem possa confiar, com quem possa desabafar e que me apoie.
-Eu não vou sentir pena mas se calhar vou sentir-me triste. Eu também quero isso e quero que essa amiga sejas tu.
-Bom prepara-te porque vais ser um monólogo muito comprido.
-Podes começar. Sou toda ouvidos!
-Como já te disse há esta religião que é muito restrita, por exemplo: é proibido usar make-up, brincos, anéis,roupas demasiado decotadas, justas ou transparentes, ir a festas, dançar e ,como é óbvio, fumar e beber álcool. A hierarquia da família é baseada na Bíblia, o homem no topo que é a cabeça, em segundo a mulher que é o pescoço e tem de ser submissa ao marido e em último as crianças que ,por sua vez, têm de ser obedientes aos pais. Mas acima de todos está Deus ao qual todos os membros da família têm a obrigação de respeitar e ser submissos. A justificação para isto (como já te disse) baseia-se no livro sagrado: Adão foi criado por Deus e só depois, de uma das suas costelas, criou Eva. O meu pai usa essa doutrina para ser um tirano. No entanto na Bíblia também diz que é o homem que tem de ganhar o pão de todos os dias para a sua família mas na nossa casa isso é ao contrário, é a minha mãe que trabalha e o primeiro criado de Deus fica em casa a dormir. Para além disso ele contínua a acreditar que os trabalhos domésticos são reservadas unicamente para as mulheres por isso ele não limpa a casa nem cozinha, antes pelo contrário, suja a casa toda e sou eu ou a minha mãe (como calhar) que limpamos. Enfim essa nem é a pior parte. O pior de tudo é a maneira de falar. Ele tem uma linguagem tão forte, dura, rude que foi matando aos poucos a minha auto-estima. Desde pequena as únicas palavras que recebia por parte dele eram: tu não serves para nada! Nunca será nada de ti! O que eu fiz para merecer uma filha como tu? Será que algum dia terás alguma utilidade? Como podes ser tão inútil? Devo ter cometido um grande pecado e Deus deu-me a ti como castigo! Mas será que é possível tu seres tão desastrada? Parece que tens duas mãos esquerdas! Não consegues fazer nada bem! Quando era pequena esforçava-me tanto para lhe agradar. Esforcei-me para ser uma dos melhores alunos na escola e recebi vários diplomas para além disso em casa ajudava sempre com o que conseguia por exemplo ajudava a minha mãe a preparar o jantar para a família, ajudava na limpeza mas ele sempre envergonhava-me à frente de toda a gente com o trabalho que eu tinha feito arduamente para lhe agradar. Tentei e tentei tudo só para o ver pelo menos uma vez orgulhoso de mim, para receber pelo menos uma vez uma apreciação mas nunca consegui. À maneira que fui crescendo comecei a perceber ainda melhor o significado e o peso das suas palavras. Cheguei a um ponto em que não tinha confiança para fazer nada. Já estava convicta de que ia falhar mesmo antes de começar. Para além desta violência psicológica, que continua até hoje, há também a física.Oii, então uma parte muito dramática da infância da Laura será revelada na próxima parte deste capítulo. Por favor deixem as suas críticas e opiniões nos comentários, são muito importantes para mim. Espero que estejam a gostar. BY: Baek Yangmi
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Life's journey of a little innocent
ChickLitLaura é uma rapariga muito insegura que nunca sentiu afeto amor por parte de ninguém (nem mesmo da família). Ela é muito mal tratada pelo pai que, para além da "disciplina física ", usa a religião para prende-la a uma vida que não deseja. Certo dia...