O VIZINHO

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"O Vizinho" é um dos contos da minha nova antologia homoerótica "MANDA NUDES". A antologia com seus 12 contos estarão DE GRAÇA nos dias 10 e 11 de dezembro. Não perca essa oportunidade e receba o meu presente de natal para vocês <3


Sempre ouvi dizer que final de curso é assim: a sua vida social vai pro lixo, além de que, você precisa se desdobrar para finalizar monografia, estágio e se sair bem nas provas finais. Comigo não foi diferente.

Eu estudava arquitetura em São Paulo, mas sou de Salvador. Então eu me ocupava duas vezes mais, porque tinha de cuidar dos afazeres domésticos e trabalhar também. Assim que terminei o meu curso que coincidiu com as férias do trabalho, fui passar duas semanas na cada dos meus pais, fazia realmente muito tempo que eu não ia a Salvador – já que os meus pais davam um jeito de vir até mim em São Paulo.

Quando cheguei, eu pude ver algumas mudanças na cidade, no meu bairro e as reformas que haviam sido feitas lá em casa há um ano. Mas nada superou a mudança do Júnior, o nosso vizinho.

Da última vez que eu havia visto o Júnior, ele era apenas um moleque baixo, magro e sem graça, mas me surpreendi ao revê-lo logo no primeiro dia em que cheguei: seis garotos estavam na frente da casa dele, e eu pude vê-lo de relance no meio de tantos garotos: ele estava de pé, escorado na porta, sem camisa, mostrando um peitoral já dividido, musculoso e um abdômen com os gominhos aparecendo – talvez o fato dele estar suado e portanto com o corpo brilhando, tenha prendido a minha atenção.

Ele me encarou, talvez estivesse tentando me reconhecer, e seguiu meus passos até eu entrar pelo portão de casa.

Não contive a minha curiosidade e fui stalkeá-lo no Facebook. A lembrança mais viva que eu tinha desse moleque é que ele era franzino, com um rosto sem graça e bem mimado, bem diferente do que pude ver pelas fotos. Júnior tinha apenas 18 anos e já tinha corpo, postura e jeito de homem, aparentava, inclusive, ter mais de 18.

Fiquei com aquele garoto na cabeça por uma semana: enquanto visitava os meus avós e tios, eu lembrava do rosto ossudo e bem marcado dele e imaginava como seria divertido deixa-lo todo vermelho, quando fui reencontrar os meus amigos eu lembrava das costas musculosas dele e as mordidas e marcas que eu poderia deixar ali, e por fim, numa dessas súbitas vontades que tive de bater uma em homenagem ao guri, ouvi um barulho e olhei pela janela: uma bola havia entrado na garagem.

Quando Júnior era mais jovem e ficava brincando na rua, era muito comum que a bola dele caísse em nossa garagem. Isso nunca foi desastroso, apenas uma vez quando ele quebrou um vaso de plantas, de resto, ele conhecia a garagem de minha casa, sabia que não havia nada tão frágil ali para quebrar.

O que se seguiu, é claro, foi o barulho da campainha.

Eu ri da ironia do destino. Eu já estava me preparando para visitar a Marcela – irmã dele – com quem estudei no ensino médio, só para fazer uma média e perguntar coisas que eu não estava interessado, para poder vê-lo mais de perto por alguns minutos. Mas as visitas constantes no perfil dele e não tirá-lo da cabeça fizeram tudo ficar ao meu favor, pelo visto.

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⏰ Última atualização: Dec 09, 2016 ⏰

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