Dia de Natal
Anahí acordou com o som insistente de um bipe. A princípio, achou que fosse um alarme e se perguntou por que Alfonso ajustara o radiorrelógio para despertá-los numa manhã de Natal. O que não fazia sentido, uma vez que, com toda a certeza, as crianças os acordariam em breve com muito barulho e algazarra.
Todavia, por alguma razão, ele pusera o relógio para despertar, e agora não desligava o barulho irritante e... Aquilo era muito estranho...
De súbito, o corpo todo de Anahí ficou paralisado, exceto pela dor que pulsava em seu coração. Não podia se mover, nem abrir os olhos. Faltava-lhe coragem para isso.
- Não... - sussurrou, agarrando forte a coberta que não se parecia nem um pouco com seu edredom antigo e confortável.
De olhos ainda fechados, desejou que tudo aquilo fosse um sonho ruim, um terrível pesadelo, e rezou para que parasse, que fosse embora e a deixasse acordar em seu lar. Desejou que Alfonso estivesse dormindo a seu lado na grande cama do casal. Desejou que seus filhos estivessem acordando excitados e indo chamá-los no quarto, porque era manhã de Natal, e Papai Noel viera durante à noite.
"Por favor, Deus, por favor!", implorou em seu íntimo. "Isso não pode ter sido um sonho. Diga-me que não foi. Diga-me que não sonhei que retornei ao passado e Alfonso desistiu de me pedir o divórcio, jogando a papelada na lareira!"
- Está tudo bem com você, Anahí?
Grace... Aquela era a voz da senhora idosa que encontrara no hospital. Anahí a reconheceu de imediato, porque a mulher parecia bem calma e tão doce... como quando no momento em que lhe apertou os dedos antes que tudo escurecesse a seu redor e ela voltasse ao passado.
- Quer eu chame a enfermeira para você?
"Senhor, até a frase é a mesma!", pensou ela, desesperada. "Estou em um hospital, de novo. Ou então, nunca saí daqui."
Anahí apenas conseguiu menear a cabeça. Não podia falar, estava ainda estática por causa do medo. Ainda sentia-se apavorada demais.
"Vou abrir os olhos agora e ver meu quarto em casa", murmurou para si mesma, tentando convencer-se, embora, no fundo, soubesse que não era verdade. "Aí, virarei a cabeça e verei o rosto de Alfonso a meu lado."
Anahí respirou fundo algumas vezes, aterrorizada, envolvida por uma angústia tão profunda que se perguntou se aquilo seria capaz de matá-la.
- Grace?
"Não responda. Seja Alfonso, todo confuso sobre por que o estou chamando de Grace", orou com fervor.
- Sim?
Anahí ergueu as pálpebras e viu aparelhos médicos e o frasco de soro atado a seu braço por uma borracha. Baixando o rosto, fitou o cobertor branco hospitalar, e em seguida, as próprias mãos.
Suas mãos, que estavam envelhecidas e enrugadas. Mãos de uma mulher com mais ou menos cinqüenta anos de idade que não soube se cuidar bem.
- Não... - murmurou e, logo em seguida, emitiu um grito descontrolado: - Não pode ser! Isso não é justo!
Ergueu aquelas mãos enrugadas e enterrou o rosto nelas.
- Tudo aquilo não era um sonho, meu Deus. Não era!
- Claro que não era. - Grace continuava falando no mesmo tom tranqüilo que Anahí costumava usar com Mary quando sua menininha tinha um pesadelo e acordava chorando.
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Lição de Vida - AyA
FanfictionUma chance para viver em seus braços... Anahí Herrera que sempre teve a vida tumultuada e cercada por desencontros pensa que a vida apenas passou por ela. Presa em uma cama de hospital, recuperando-se de um ataque cardíaco, uma senhora no leito ao l...