A rainha sem coroa

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Ela era realmente bonita, pensei, qual será seu nome? Quem será ela? Meu coração estava tomado de um sentimento que eu nunca tinha experimentado. Mas não entendia porque com ela já que já conheci muitas meninas bonitas antes e, nenhuma havia me interessado. Que horror, primeiro dia de aula e já estou assim. Ela parece uma rainha sem coroa, não pela sua beleza mas porque ela conduz seu corpo com independência, é como se não tivesse medo.
Sou quieto. Acho que isso vai atrapalhar... mas não tem problema, ela já me olhou mesmo e estamos lado a lado...
De repente a professora entra na sala. Eu a encaro e penso qual será sua matéria. Ela escreve seu nome no quadro com o pincel e se apresenta:
"Olá turma. Sou Taiga, serei a professora de literatura de vocês. Estou aqui desde o ano passado então prazer, novatos. Vou perguntar o nome de todos e quero que me respondam juntamente com a carreira que pensam em fazer."

Ela foi passando de mesa em mesa e esperava que passasse na da rainha logo.
Finalmente quando ela chegou, ela disse:
-Oi Victória, está diferente... que linda!

A sala inteira concordou. Droga, o que eu estava sentindo? Minhas mãos ficavam se arrastando para frente e para trás na mesa e meus pés se viraram para a esquerda. Parecia mais um ataque epilético. Victória né... é, ela era uma rainha afinal. Mas porque atormentar meu coração ao invés da Inglaterra?

A professora continuou: então, o que deseja fazer do futuro?

Com um sorriso meio bobo e encarando o chão, envergonhada talvez, respondeu que não sabia. Suas pupilas não sabiam em que ponto se fixar, dava até pra fazer uma coreografia com aquele ritmo, isso me assustou um pouco mas sorri porque ela parecia tímida, isso de certo modo é fofo. Também virando os pés para a esquerda e permanecendo inquieta, terminou sua frase.

Taiga terminou o resto da fila e tudo que eu conseguia pensar era em como ela não sabia o que fazer. Quem é ela?
De repente ela estava parada na minha frente. Ela me olhou de cima a baixo e disse:
-Bem vindo, qual seu nome?
- Sun-ho , respondi.
-Oh, realmente é asiático?
A sala toda se concentrava em mim
-Sim, morei até ano passado na Coréia.
Todos se entreolharam.
-Como aprendeu o português?
-Estávamos nos preparando a um bom tempo para vir ao Brasil. Minha avó mora aqui e está ficando idosa já. Viemos cuidar dela.
-Que interessante, Victória tem o pai japonês.
Japonês pensei.. bom, acho que posso "ignorar" tal fato. A muito tempo Coréia e Japão tiveram um pequeno impasse, porém, não somos culpados disso. Isso refere-se a nossos ancestrais.
-Sério? -olhei para ela-
- Sim, - ela respondeu sorrindo- Meu pai se chama Matsuda. É um prazer te conhecer.
-Igualmente, sorri.
Taiga continuou:
-O que pensa para o futuro Sun-ho? Bom, quero dar continuação a profissão do meu pai, serei policial.
-Ohhh, exclamou Taiga. Que bom.
-Sim.
Percebi Victória me olhando de um jeito gentil. Só queria saber o que se passa em sua cabeça.

Após a apresentação, Taiga começa a aula.

Victória, a rainha inocenteWhere stories live. Discover now