Crônica #2 - A Praia

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Finalmente um dia bom de sol, já imaginava que passaria uma semana naquele lugar sem nem ao menos aproveitar um dia na praia. Olhar aqueles prédios e lojas de grife na rua paralela ao mar é algo impressionante, primeiro porque é tudo tão bonito e segundo é que eu não tinha condições de frequentar aqueles lugares.

Não tem nada comparável a chegar na praia, pegar os chinelos na mão e sentir a areia nos pés, respirar fundo e simplesmente começar a andar. Entrar no mar naquele momento não era uma opção, a primeira vontade era só de andar, seguir em direção a aquela montanha ao fundo e ver o que ela esconde.

O mar a minha direita e a cidade a esquerda, contraste de natureza natural e humana que me fazia simplesmente admirar sem nada a falar. Um fato curioso naquele momento era a academia na encosta da montanha, não aquelas na praia, que são somente alguns aparelhos genéricos, mas uma academia completa, porém sem paredes e teto. Esse não era o momento para em pensar na academia, isso ficou em outro lugar, em outro estado, o que importava agora era aonde aquela ponte de madeira levava. Já repararam que ponte de madeira passa uma sensação de fraqueza, que a qualquer momento ela vai se quebrar nos derrubando aonde quer que estejamos? Era essa sensação que estava tendo, mas o que teria no final dela valeria mais a pena.

O local tinha muitas árvores e um pedaço do mar calmo, curiosamente não tinha ondas, somente o ir e vir da maré calma. Havia somente um casal com uma criança brincando na areia, até porque aqui há muitas rochas na água, sendo perigoso para ela. Resolvi continuar seguindo o caminho.

O próximo trecho não era o fim, mas era uma outra parte da praia, praticamente deserta, com algumas pessoas que estavam hospedadas em um pequeno hotel que tinha o fundo para o mar. Dessa vez resolvi andar na água, com a água chegando a minha canela e, embora as ondas não chegassem nem mesmo ao meu joelho, eram ondas fortes que me fez perder o equilíbrio algumas vezes. Logo essa parte também chegou ao fim e uma outra ponte de madeira circulava a montanha.

A primeira coisa que me chamou a atenção foi que havia um pequeno barco de pescador atracado na areia, não sei como eles tem coragem de sair com um barco tão pequeno, sinto que qualquer onda pode virá-lo. Também havia ali ao lado uma espécie de cabana, que provavelmente eles usavam enquanto pescavam, não muito bem construída, porque era fácil de perceber a pressa em colocá-la de pé e também deve ser comunitária.

Esse tinha sido o fim da linha, não havia mais para onde seguir, as pedras enormes se juntavam ao mar me dizendo que dali eu não passaria mais e eu tbm estava satisfeito com tudo o que o caminho me proporcionou, afinal o mar é sempre belo. Então vamos voltar?

O caminho reverso nos proporcionou a vivência daquelas belezas novamente. O pequeno barco atracado, as ondas pequenas, porém fortes, a ausência de ondas em outro ponto e calmaria das árvores e a academia na encosta da montanha. Sabe que olhar o pessoal na academia me fez perceber que nunca tinha feito uma corrida na praia, igual nos filmes, então por que não?

E assim comecei a correr, não muito forte, só aquela mansa para não cansar tão rápido. Me orientava pelos postos de salva-vidas. Não tenho certeza, contudo acredito que tenha 500 metros de distância entre eles. Enquanto corria observava as pessoas. As crianças construindo seus castelos ou brincando com outros brinquedos, outras pessoas praticando corrida ou exercícios nos aparelhos, homens e mulheres de todas as idades e aparência tomando sol, idosos jogando algum jogo com discos que não sei o nome, carros na rua e pessoas na ciclovia de bicicleta, skate, patins ou correndo.

No final da corrida, finalmente entrei no mar, aproveitei a sensação das ondas batendo em seu corpo te empurrando e depois te puxando para dentro do mar de novo. Fazia uns anos que não sentia isso e foi revigorante, mas a hora de ir estava chegando, o sol estava quente demais para ficar na praia e esse foi só um dia, outros virão.

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