Uma porta de madeira com um grande vidro no meio e sua plaquinha de aberto. Esse era sempre o primeiro local que passava ao sair de casa. O café da dona Sônia era meu primeiro ponto de parada e, para minha sorte, ficava na rua da minha casa. Não faço ideia de quando comecei a frequentar este local, contudo a primeira lembrança que tenho deste lugar eu ainda era criança e estava com meu pai.
— Bom dia dona Sônia! — Aceno enquanto me dirijo ao local de sempre ao fundo do café. — O de sempre, por favor — digo abrindo um pequeno sorriso.
— Bom dia meu bem! Já te levo — diz ela retribuindo o sorriso.
Sentar no último banco me proporciona a visão de todo o local, não havia nada que me escapasse, nada que não visse. Era mais um mecanismo de defesa do que curiosidade sobre os outros, não gosto de me sentir observado e só aqui eu consigo essa privacidade.
Enquanto esperava pelo meu prato e viajava em meus pensamentos, ouvi o barulho do sino da porta juntamente com o abrir dela, e ela entrou. Incrível como não conseguia desviar meus olhos dela, a maneira graciosa que andava e o balançar de seus cabelos castanhos com as pontas levementes bagunçados me encantava. Quando colocou sua pasta no balcão para fazer seu pedido, reparei na maneira formal que estava vestida, uma saia escura na altura do joelho, uma camisa branca por baixo de um terninho, provavelmente algum trabalho administrativo ou local mais formal.
Ironicamente, ela se sentou duas mesas à minha frente e ainda defronte a mim, fazendo com que fosse a única pessoa com a possibilidade de me olhar nos olhos e tirar minha concentração, mais ainda, porém a possibilidade de observá-la me atrai.
Sônia se aproxima com meu pedido, que nesse momento eu não lembrava mais que existia, e percebendo a maneira que eu olhava a nova cliente, não pode se conter.
— Por que não vai falar com ela? — indagou a mulher — Tem nada a perder mesmo.
Olho para ela sem entender como ela não via o óbvio. — Até parece que tenho alguma chance, esse é o tipo de mulher que eu não alcanço mesmo dando o meu melhor.
— Se é o que acha, paciência, está perdendo sua chance. — Ela caminha de volta para o balcão e pega o pedido da moça para servi-la.
Me pergunto como aqueles atores de comédia romântica tem tanta facilidade em chegar nessas mulheres, claro que se eu tivesse a aparência deles seria bem mais fácil, mas até Adam Sandler consegue, porque eu não? Odeio esse negócio chamado timidez.
Como ela é linda, agora que consegui reparar nos detalhes do seu rosto tive mais certeza ainda. Sua franja quase na altura dos seus olhos castanhos, seu nariz pouco acentuado, sua linda boca com aquele batom vermelho que às vezes soltava um pequeno sorriso por algo que ela estava vendo no celular. Engraçado e fascinante a maneira delicada com que ela se comporta enquanto toma seu café da manhã, até que minha fascinação é interrompida por ela levantar o olhos e me olhar, fazendo eu abaixar os meus envergonhados.
"Espero que ela não tenha percebido que eu a estava olhando, penso". Entretanto, ao levantar a cabeça e olhá-la de novo, ela que desvia o olhar dando um leve sorriso. Essa reação dela me encheu de felicidade, me dando um pouco de coragem a mais para tentar conversar com ela, era minha chance, mas era tarde demais.
Quando me dei conta, ela já estava no caixa pagando a conta e enquanto abria a porta, olhou mais uma vez pra mim, entretanto sem sorriso, só com uma expressão leve. E então saiu.
Estava me achando um tolo nesse momento, eu tinha chances com ela, ou pelo menos eu achava isso, mas a timidez não deixou, preciso vencer isso. Me levantei e parti rapidamente em direção a porta, avisei rapidamente a Sônia que pagava amanhã, todavia quando cheguei na calçada não via mais aquela linda mulher, tive medo de nunca mais a encontrar e torci para ela vir amanhã no café, estava decidido tentar conversar com ela. Hoje eu perdi minha chance, mas na próxima não será assim.
— Melhor eu parar de sonhar e ir para o trabalho antes que eu me atrase. — Olho no meu relógio de pulso e me assusto. — Droga, já estou atrasado.
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Olá pessoas como estão? Desculpem o pequeno atraso na postagem desse capítulo, espero que não ocorra mais.
Me digam o que acharam desse capítulo e caso tenham gostado, não esqueçam de avaliar, fará um escritor amador mais feliz e o melhor, é de graça :)
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Palavras ao vento
Historia CortaApenas um espacinho para refletir sobre situações cotidianas minhas, suas, das plantas, dos animais, dos seres fantásticos e tudo o que mais possa nos render uma boa crônica ou uma reflexão legal.