Três

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Após cometer um crime brutal, o Sr. Geoffrey voltou para casa, ele estava com os sapatos sujos de lama, e as roupas de sangue. Ele chegou apressado, tirou as roupas e as jogou na máquina de lavar. Os sapatos foram postos  numa sacola plástica e enterrados no quintal.

Tomou banho, trocou de roupa, e passou a agir como se nada tivesse acontecido. Em sua sala de estar, em cima da mesa de centro, havia uma casa de bonecas, e nela algumas bonecas. Cada boneca tinha um nome, um quarto. Cada boneca representava uma criança de verdade. Haviam cinco quartos e em cada um duas bonecas.
O Sr. Geoffrey tira uma boneca e desenha um "x" em sua testa.

— Jhennifer Humphrey — fala escrevendo meu nome em um caderno — Essa já foi!

Ele vai passando as folhas do caderno. Em cada folha tinha a cópia da ficha escolar de algumas meninas, entre elas a filha do prefeito.

As meninas estavam organizadas em ordem alfabética: Alison Marin, Carrie Lopez, Emily Montgomery, Gabrielle Theodor, Jhennifer Humphrey, Mona Dilaurenttis, Patrice Hellmann, Spencer e Sara Stakeholder e Vanessa Bass, a filha do prefeito.

Eu conhecia todas elas, principalmente Vanessa, a filha do prefeito. Antes de o Sr. Bass virar prefeito da cidade, morava em frente à minha casa. Passei a infância toda brincando com Vanessa, ela era a minha única amiga, até que precisou ir para o centro da cidade morar com o seu pai, que já era prefeito.

O Sr. Geoffrey não aparentava ser um assassino. Ele parecia ser apenas um idoso incapaz de carregar um cadáver, e de fazer algo de ruim para meninas com idade de serem suas netas.

Ele passa as folhas do caderno e para na página em que havia a ficha escolar da Vanessa.

— Vanessa Bass, 15 anos, filha do homem mais poderoso da cidade, loura, olhos castanhos — ele da uma pausa e anota algo na página  — Essa mesmo!

×××

Papai retorna à nossa casa aliviado, porém confuso. Aliviado, pois sabia que agora eu estava em um lugar melhor, longe de qualquer coisa ruim, e confuso porque não conseguia entender o motivo de terem matado uma garota que nunca tinha feito nada para ninguém, mal tinha amigos.

— Ela está num lugar melhor agora, querida. Se acalme!

— Por que, Paul? Por que logo a nossa Jhenny? Ela nunca fez nada para ninguém! — ela para, respira fundo — Eu quero justiça, Paul, justiça! Esse monstro não pode ficar solto, provavelmente se preparando para outro assassinato.

De certa forma mamãe tinha razão, o Sr. Geoffrey estava prestes a cometer mais um crime. E eu sabia disso, sabia quem seria a próxima. E tinha de avisar a alguém sobre isso, mas quem? Quem teria uma sensibilidade imensa ao ponto de conseguir comunicar-se comigo?

•••
Quando eu era mais nova, tinha um amigo, que não era bem meu amigo, era um colega. Ele sempre me contava experiências pelas quais ele já havia passado, dentre elas: conseguir se comunicar com a avó dele, já falecida.

Lembro-me como se fosse hoje quando ele veio até mim e contou:

— Jhenniffer, eu consegui! De novo! — ele falou animado

— Puxa Robert, que legal!

— Ela conversou comigo, disse que não podia ficar muito tempo, tinha de ir. Tinha uma moça com ela — ele fez o sinal de aspas com as mãos ao falar "moça"— Não era bem uma mulher, na verdade eu não sei o que era. Parecia um manequim, tipo esses que ficam em lojas de roupas.

Acenei com a cabeça.
— Queria saber fazer isso! Como você faz? — pergunto curiosa

— Só me concentro, e tcharam! Mas não é nada de mais, é uma coisa normal, todo mundo sabe fazer.

Ele não teve muito apoio da família, principalmente do seu pai que era evangélico, por isso não acreditava no "poder" que tinha, acreditando, então, que aquilo era algo comum a todos.

Resolvo visitar a casa de Robert, ele morava há duas quadras da minha rua. A porta estava aberta.

— Jeff — gritou a mãe de Robert — Nós precisamos de um gato urgente, estamos cheios de ratos

— Calma, mulher! — alguém de dentro da casa respondeu, provavelmente o padrasto de Robert — Você sabe que eu odeio gatos, aqueles bichos cheios de pulgas, que saem de casa e voltam quando querem... Não dá! — ele tinha um sotaque estranho

— Então chame o Robert, ele pelo menos consegue pegar os... — ela parou e olhou fixamente para mim — Jhenny? Quanto tempo!

Fiquei sem entender, como ela estava me vendo?

— Quem é Jhenny, mulher?

— A filha dos Humphrey — ela falou e continuou — Você está tão grande, vou chamar o Robert para você!

— A filha dos Humphrey morreu faz uma semana, você está louca? — o homem disse, parou ao lado dela e pôs sua mão no ombro dela — O Robert está lá dentro dormindo, vamos entrar!

— Não — ela gritou — Espere a Jhenny! Venha meu amor!

Eu a segui, e entrei na casa junto à eles.

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⏰ Última atualização: Dec 06, 2019 ⏰

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