Uma Mentira De 1,75 - Capítulo VI

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Era horário de almoço e eu estava sozinha de novo. E feliz até. Era bom ficar com meus pensamentos. Eu tinha muita coisa para pensar. Muita coisa para digerir. 

Estou na praça de alimentação do Shopping e esperando o meu pedido ficar pronto. O dia até agora foi calmo. Eu não topei com Gabriel e para todos os efeitos, eu tinha ido para casa e fui derrubada pelos remédios, o que de certa forma era verdade, eu só omiti uma ida a praia. Com Gabriel. E outras coisas. Apenas isso. 

Eu também escondi outra coisa do mundo, umas certas marcas no pescoço causados por um rompimento de vasos sanguíneos. Usei um cachecol para esconder. Aproveitei que o dia estava um pouco frio, nublado. Se eu usasse um vestido simples que ficava um pouco acima do joelho, eu poderia usar o cachecol sem parecer muito suspeita. E foi isso o que eu fiz. Quando cheguei em minha mesa, eu vi um post-it assinado por Gabriel, pedindo que eu tirasse cópias de um arquivo. Eu o fiz e deixei as cópias em sua mesa. Quando eu entrei, ele estava com a cara colada no computador, então não percebeu quando eu entrei e deixei os papéis em sua mesa. Em seguida, eu fui fazer o meu trabalho. Então deu a hora do almoço e eu sai da empresa, e foi assim que cheguei aqui.

Meu número é chamado e eu me levanto para ir pegar meu pedido. Quando volto para a mesa, adivinha quem eu encontro lá?

Não, não era o Mário. Quem mais poderia ser?

- O que você está fazendo aqui?  pergunto, neutra. A mesa era para dois, ele estava sentado numa das extremidades. Me sento em frente à ele. 

- Almoçando, não é óbvio? - ele fala e morde um sanduíche. 

- Mas, o que você está fazendo nesta mesa, especificamente? - pergunto de forma mais direta.

- Almoçando, não é óbvio? - responde novamente. - Não tem outras mesas disponíveis por aqui e eu queria almoçar com você. 

- Comigo? Por que comigo? - o que ele estava aprontando?

- Porque eu gosto da sua companhia. - Gabriel responde, como se fosse algo normal. 

- Hum, sei. - digo e começo a comer. Ficamos ali, comendo em silêncio, até que o meu celular toca.

Eu vejo na tela o nome de minha mãe. Fico ali, olhando o celular. Gabriel estranha que eu fico parada.

- Quem é? - pergunta.

- Minha mãe. - falo baixinho. - Eu não quero falar com ela agora. 

- Por que não? Você está com algum problema? 

- Não, está tudo bem. O único problema é que ela vai me pedir para ir para casa no fim de semana e vai ficar me irritando o tempo todo porque eu estou solteira. - sorrio cinicamente. 

- Você não está solteira. - arqueio minha sobrancelha. - Você está comigo. - ele sorri de forma marota, como se fosse um sorriso de um garoto, mas ainda sim era um sorriso de um homem.

- Ah, mais é claro. Eu estou com você, e em alguns meses vamos nos casar. Mas é claro. - o sarcasmo inunda minha voz, assim como meu sorriso.

Ele ri, e, antes que eu possa fazer alguma coisa, ele toma o celular da minha mão. Tento pegar de volta, mas ele não me deixa, então eu volto para o meu lugar, resignada. Ele atende o telefone.

- Alô... sim... - ele solta uma risada. - Sim, aqui é o namorado dela. - ELE FALOU O QUÊ? 

- Gabriel! - digo, um pouco alto, atraindo alguns poucos olhares. Ele simplesmente ri e continua conversando com minha mãe. Isso não ia dar certo.

- Sim... tudo bem... eu vou falar com ela.... claro, tenha uma boa tarde, Sra.Cavalcanti. - ele desliga o celular e coloca ele em cima da mesa. Ele volta a comer como se estivesse tudo bem. 

Meia Noite - A Hora Do Destino (Rascunho)Onde histórias criam vida. Descubra agora