Surpresa! - Capítulo XII

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Desço as escadas e vou para a sala, onde acabo esbarrando com Daniel. Ele me olha com uma cara fechada e me puxa para o lado. Ele me arrasta até um canto afastado na sala e sussurra, irritado, no meu ouvido.

- Como assim você está saindo com uma beldade e não me contou? Essa não é a Samanta que eu conheço. Ela me conta o que acontece na vida dela. E como assim ele é o cara que você conheceu no ano novo? - ele inquere de mim.

- Como você sabe que ele é bonito? E como você sabe que ele é o cara que eu beijei? - cruzo os braços.

- Então você admite que ele é lindo de morrer? - avermelho-me e abaixo a cabeça. - Então é verdade.

- E você não respondeu a minha pergunta. Como você teria no mínimo um palpite disso? - agora era a minha vez de fazer as perguntas.

- Eu inicialmente fiquei sabendo que você tinha um par quando a Juliana me ligou, perguntando se eu sabia de alguma coisa. Foi quando bateu a ficha. Sua mão tinha comentado algo com a minha de que você tinha um convidado para esse feriado. Eu juntei as coisas e tudo fez sentido. - ele me olha, uma sobrancelha levantada. 

- É verdade, por mais suspeito que possa parecer. Eu estou namorando, não é uma furada. - ele continua com um ar desconfiado. - É assim tão difícil acreditar que eu consegui um homem?

Ele relaxa.

- Não, Samanta, não é. Só é muito estranho você ter escondido isso de mim e da Juliana. - ele fala, quase magoado.

- Me desculpa, Daniel. Mas nós queríamos privacidade para nós. Queríamos nos aproveitar um do outro. - eu explico. -  Se eu contasse para alguém ou ele o fizesse, ia dar problema, porque alguém poderia deixar escapar e outras pessoas ouvirem, como meus pais. Imagina o que aconteceria se eles soubessem que eu estava namorando? Logo na primeira semana eles já iam espantar o Gabriel! - gesticulo com as mãos, para reforçar meu ponto.

Eu tive muito poucos namorados na escola e na faculdade. Sempre que eu começava a namorar, toda a família ficava sabendo e isso era um saco. Quando eu estava na faculdade era mais fácil, já que é em outra cidade. Mas eles faziam de tudo para ficar em cima da pessoa. 

Ao que parece, eu falei o nome do meu ''namorado'' muito alto, o que chamou a atenção de meu pai, que estava passando por ali. 

- Gabriel, ham? - ele diz. Como eu estou de costas para ele, reviro os olhos e depois eu me viro, para encará-lo. - Isso é nome de gente vagabunda.

Outra coisa que eu não aguentava na minha família: eles julgavam tudo e todo ser que respira pelo nome e aparência. Isso era terrivelmente hipócrita. 

E é nessa exata hora que Gabriel resolve sair do banho e descer as escadas. Timing perfeito.

- Eu lhe garanto senhor que não sou um vagabundo; muito pelo contrário. Sou um trabalhador decente. - ele diz, chegando e me abraçando por trás. 

Em outro caso, o adulto que tinha julgado de forma errado ficaria envergonhado e pediria desculpas. Mas não meu pai, ele defenderia sua tese. Entretanto, ele não fez isso dessa vez, muito pelo contrário. Ele sorriu.

- Você é o amigo do Tiago, certo? - como meu pai sabia disso? Eu nunca tinha visto o Gabriel antes de dois meses atrás.

- Sim senhor. - ele responde. O sorriso do meu pai se expande ainda mais.

- Bem, seja bem vindo a casa e me desculpe pelo o que eu falei antes. Você com certeza não é um vagabundo. - não consigo ver Gabriel, mas percebo que seus músculos ainda estão tensos. Seguro em seu braço e faço um carinho. Já tinha sido provado que meu toque o acalma. E funciona como eu tinha previsto: os músculos relaxam um pouco. 

Meia Noite - A Hora Do Destino (Rascunho)Onde histórias criam vida. Descubra agora