Prólogo

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Me olhei no espelho e não reconheci a garota que estava dentro dele, parte dela se foi quando a deixaram esquecida a mercê do destino e a outra simplesmente fugiu pelo vento por não saber aonde ir. E o que restou? Somente as cinzas daquilo que um dia fui. 

Aquilo que morre deveria permanecer morto ou se transformar em outra coisa, como a semente que se transforma em flor ou o casulo em borboleta, essa é a lei da vida. Mas trazer barulho ao silêncio é o mesmo que dar início a uma guerra.  

Klaus, meu querido irmão, estava atrás de mim. Como sempre - ou melhor como antes - tão sereno por fora, mas atravessando uma tempestade imensa por dentro. Ele não  lembra da minha existência  - ninguém lembra - e as vezes eu finjo que também não lembro. Fingir que sou outra pessoa é mais fácil do que encarar que mesmo voltando da morte eu continuo sendo um fantasma para minha família. 

- Narciso passou a vida inteira olhando seu reflexo - disse Klaus com seu sotaque britânico - auto-admiração é um perigo. Mas se olhar com cuidado vai perceber a máscara caindo de sua face. 

- Não, eu não sou uma farsa! - só reparei que tinha dado um soco no espelho quando os cacos de vidro rasgaram minha pele e revelaram meu sangue. 

A guerra já tinha começado e eu era obrigada seguir as regras daquele que me trouxe de volta a vida. Só um poderia sair vivo daquele quarto: eu ou Klaus. Corri em sua direção e o abracei, foi como abraçar uma estátua, pois ele não se moveu. 

- Para todo o sempre! - sussurrei em seu ouvido. 

Uma lágrima brotou em seu olho azul e em meu coração surgiu uma faísca de esperança, mas eu nunca vou saber se ele lembrou. Logo em seguida me desprendi de seu corpo e corri em direção ao parapeito da janela. 

Pulei. Pulei para deixar minha vida de mentira. Pulei para escapar da prisão. Pulei para salvar Klaus. Mas chegando lá embaixo encontrei algo muito pior do que a morte: Lucien Castle!

THE ORIGINALS - A garota esquecidaOnde histórias criam vida. Descubra agora