Capítulo I.

376 32 49
                                    

Londres, Abril de 2013.


Londres sempre fora conhecida pelas chuvas torrenciais que regavam a cidade de forma ávida e impassível.

As nuvens densas e de coloração acinzentada faziam parte da paisagem invernal da cidade de prédios altos e rodovias movimentadas.

Na capital que nunca dorme, há algo agradável nas tempestades que interrompem a rotina. A neve ou a chuva gélida liberava subitamente seus habitantes das expectativas, das exigências de resultados e da tirania dos compromissos e dos horários.

Ao contrário da doença, esta é uma experiência mais coletiva do que individual. É quase possível ouvir um suspiro de alívio erguer-se em uníssono, onde a natureza interveio para dar uma folga aos exaustos seres humanos.

Todos os afetados pela tempestade são unidos por uma desculpa mútua. Não são necessárias explicações para não comparecer a algum compromisso. Todos entendem e compartilham a mesma justificativa, e a retirada súbita de qualquer pressão alegra a alma.

No entanto, durante o inverno, dias secos e ensolarados raramente surgiam no horizonte, tornando-se uma ou duas dádivas cedidas aos londrinos durante os longos meses de inverno.

Mesmo que a chuva tornasse até as atividades comuns extraordinárias e ações rotineiras em aventuras, a cidade continuava, em contra partida, frenética e impetuosa.

Guarda-chuvas coloridos deslocavam-se pelas ruas de concreto naquela manhã típica da capital inglesa, colorindo o cenário cinzento e transformando a chuva em um espetáculo de movimento e cores.

Passos apressados e vozes inquietas eram abafadas pelas as gotas de chuva que tilintavam entre os corpos em movimentação pelas esquinas úmidas da metrópole. Mais um dia habitual havia tido inicio.

A movimentação de pessoas que entravam e saiam na Coffee & Flowers naquela manhã era constante, como se a mesma funcionasse como refúgio para os sopros fortes de vento que açoitavam as ruas do lado de fora.

Ainda que, em Londres tudo ocorresse de forma impessoal, era imprescindível que, uma ou duas vezes ao dia, houvesse uma pausa para um café. Como se, de algum modo, no decorrer das horas, fosse obrigatório para o funcionamento adequado do organismo, absorver alguma fonte energética.

O letreiro luminoso do estabelecimento reluzia como convite a um café quentinho acompanhado dos típicos bolinhos ingleses, roubando a atenção dos pedestres.

No interior da loja, as flores sobre o balcão encantavam o olhar, enquanto o aroma de canela dos bolinhos no forno e do café recentemente passado que se desprendia da cozinha encantava a todos que deslizavam a porta principal.

A música baixa ecoava pelo ambiente, tornando o lugar ainda mais aconchegante, o calor agradável a todos que buscavam abrigo da tempestade.

No início, a ideia de juntar uma floricultura a uma cafeteira parecia confusa e inviável, mas com o tempo, a Coffee & Flowers expandiu-se, provando que o colorida das flores encaixavam-se perfeitamente ao aroma de café.

Todos os dias, dezenas de pessoas passavam apressadas pela loja, apenas para apreciar um café expresso e levar consigo uma das flores do balcão.

As rosas vermelhas e suntuosas eram destaque naquela manhã de segunda, e em poucas horas, centenas delas encontraram um lar.

Louis, o dono e também gerente do local sorria atrás do balcão, pondo nos vasos vazios novas flores coloridas, que tornaram a preencher a vitrine.

Supermarket Flowers || Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora