the downfall [+hes]

vinte e oito

Empurro algumas pessoas e assim que chego perto de Harry, colo nossos lábios. Assim que o faço, sinto suas mãos irem para minha cintura e percebo que alguma coisa não está certa.

Pode ser a bebida afetando meus sentidos porém seu toque parece estranho e desconhecido, não fazendo meu copo vibrar por mais. Nossas línguas se entrelaçam me dando a certeza que este não é Harry mas sim, alguém parecido com ele. Merda.

Antes mesmo de juntar energia para me separar do estranho, alguém puxa a minha orelha.

- Margaret Rose, eu disse para se comportar! - Joanna grita, me puxando ainda mais longe do desconhecido.- Quem é esse? Não estava namorando com Harry?

Ela tinha que perguntar isso. Porque todo mundo se preocupa se estamos namorando? Nós estamos bem e ponto final.

- Eu achei que era ele! - Jojo vira seus olhos, pega a minha mão me tirando da pista de dança.

- Foi te beijar estranha! - O suposto Harry grita e não consigo evitar meu riso.

- Vamos embora antes que faça mais besteira. - Ela começa a me empurrar para a saída contra a minha vontade.

- Mas Logan e Eleanor? Não podemos ir embora sem eles! - Questiono, observando o local onde eu havia "encontrado Harry", me certificando se não era ele o que foi meio inútil já que aquele beijo não foi nem perto do beijo de Harry.

- Eles foram embora, Logan me mandou uma mensagem dizendo que fechou a conta no bar e levou Eleanor para casa. - Murmuro um "okay" enquanto saímos do club.

Assim que pisamos fora, uma rajada de vento nos faz tremer de frio e não demora pra conseguirmos um táxi mesmo que seja tarde da madrugada.

- Já pensou no que vai dizer para Harry? - Minha amiga se pronuncia depois de uns momentos de silêncio durante a corrida até meu apartamento. -

- Quem disse que eu vou contar? - Desvio meu rosto, olhando para a janela. - Quero um cigarro...você tem um?

- Margaret, você parou de fumar faz um bom tempo e sabe muito bem que eu não fumo então não tenho um para te dar.

- Podemos parar para comprar? - Pergunto voltando meu olhar para ela.

- Primeiramente, com que dinheiro? Está quebrada tanto quanto eu. - O motorista olha para ela pelo retrovisor com um olhar preocupado.- Fique tranquilo, tento dinheiro suficiente para cobrir a corrida. Foi péssimo para fazer você parar de fumar, não vou colaborar com um único centavo se começar de novo.

- Era só uma ideia, calma. - Eu coço meu olho sentindo que alguma sujeira nele e provavelmente, borrando toda a maquiagem.

- Chega de suas ideias, Margaret, pelo menos por hoje.

[...]

- Obrigado.- O homem ranzinza diz, saindo da loja, mais vinte minutos e estou livre.

Em um dia normal, eu adoraria ficar aqui sem fazer nada, olhando os discos e ouvindo várias músicas das quais nunca sabia a existência porém meu enjôo e cansaço de ontem me fazem só querer a minha cama.

Ainda não decidi se conto para Harry sobre o beijo, ele não poderia ficar chateado, não tem motivos para isso. Harry é como um vaso de cristal para mim, tenho que tomar cuidado com o que eu digo e faço para não quebra-lo, já o vi várias vezes a beira de chorar e tenho medo que algum dia desse eu faça alguma merda e ele chore. Não que ele não consiga se cuidar, Harry é um homem muito inteligente e tenho sorte de tê-lo como amigo.

A última palavra começa a se repetir na minha mente e ela não me parece a mais certa. Amigos não fazem metade das coisas que fizemos. Harry parece estar bem como estamos, acho que não tem necessidade de mudar.

Mando uma mensagem para ele perguntando, novamente, quando ele volta. Deixo o telefone de lado, já arrumando as minhas coisas esperando o final do meu turno. Olho atentamente para a porta e como nenhum cliente aparece, decido sair um pouco mais cedo.

Antes de trancar a loja, me certifico que tudo está desligo e em seu devido lugar. Jogo as chaves na minha bolsa e começo a caminhar até o ponto de ônibus. Noto que meus pés estão latejando e mudo de posição bem na hora que meu telefone apita.