quarenta e três

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Durante toda a semana eu estive com um pressentimento ruim, como se tudo estivesse perfeito demais. Bom demais. Calma antes da tempestade, como dizem. Antes de tudo ir morro à baixo.

Ao mesmo tempo que tive esses pressentimentos ruins, pensei na minha relação com Harry antes de ir igual uma boba me declarar para ele. Passei horas pensando se nós somos reais, se isso é real, obviamente em vão porém eu iria fazer aquilo.

Engano a mim mesma dizendo que só é um par de palavras, 3 para ser específica, bem simples. Mas assim que encaro meu reflexo no espelho, aquelas memórias horríveis. Não, eu não vou deixar ele estragar isso também. Chega.

Prendo metade do meu cabelo em um péssimo coque e me pergunto porquê diabos ainda estou usando sutiã por baixo da blusa branca com o logo de The Neighborhood.

Toda aquela arrumação havia me deixado exausta: a maioria dos meus pertences já se encontravam em caixas de papelão que deixaria no apartamento de Joanna, não que ela sabia, quase todos os móveis já haviam sido listados no site de compras - e alguns já haviam interessados - e a minhas duas malas grandes já se encontravam feitas pela metade pois ainda não sei o que fazer com as peças. E talvez, por egoísmo meu, sem querer tenha colocado um dos sweaters antigos de Harry no meio. Só não classifico como roubo pois o mesmo já havia deixado ilícito que poderia tê-lo.

Me jogo no sofá, que agora nem posso mais chama-lo de meu, agarrando o pacote de biscoitos que Anne me deu, tenho os comido de vagar, aproveitando cada mordida.

Fecho meus olhos, esperando descansar porém ouço meu telefone tocar e gemo em frustração. Ignoro-o até o barulho insuportável parar, o que acontece por quatro segundos pois a pessoa insiste. Me levanto e me arrasto até a cozinha agarrando o aparelho com certa agressividade, sem nem olhar para o ecrã.

- Maggie, Maggie. - Não demoro mais reconhecer a voz.

- Oi, Harry.- Digo, sentando na bancada gelada da cozinha, quase batendo minha cabeça no armário.- Merda.

- Quase bateu a cabeça, não é?- Murmuro em resposta.- Porquê não atendeu da primeira vez que te liguei?

- Estava longe do telefone.- Olho para baixo, brincando com as minhas pernas, balançando-as. - Achei que ia passar a noite no estúdio.

- Amanhã é dia 31 de dezembro, Maggie, por mais que queria lançar esse álbum logo, todo mundo precisa descansar. Só fui lá porque Jeff tinha que me entregar uma papelada para assinar....e como isso já está resolvido, pensei em dar uma passada aí, vai ser uma das últimas vezes que vou te ver esse ano...depois só ano que vêm.

- Boa piada, Styles, um das suas melhores.- Reviro os olhos, quase aceitando a sua proposta porém encaro meu apartamento e me lembro que Harry não pode chegar nem a 5 metros dele.- Sua proposta é até tentadora, mas o ar não está funcionando de novo, está pior que o inferno e acredite, eu já estive lá.

- Margaret, estamos no inverno, abrir uma janela já é o suficiente.- Eu era tão boa em elaborar mentiras, o que está acontecendo.
- Você não quer que eu vá para sua casa, não é? Maggie, por que está mentido? Não precisa sempre...

- Tá, tá...- Pensa rápido, pensa rápido.- Quer saber a verdade? A minha cama, que já é bem desconfortável, quebrou. Uma das molas quebrou e ela está torta. Dormir nela virou um pesadelo.

- Que tal vir para cá, então? - Harry responde, dando um sorriso no final, é estranho saber que está sorrindo sem ao menos vê-lo.- Se arrume e vem para cá, traz a sua muda de roupa para a festa amanhã de noite.

- Tudo bem, preciso tomar um banho antes. Daqui a meia hora estou aí. - Respondo, pulando do meu lugar indo em direção ao banheiro.

- Estou te esperando.- Ele diz, antes de desligar, e no mesmo momento que o faz me tenho vontade de esfregar minha boca no sabão por mentir e continuar mentido por tanto tempo.

the downfall [+hes]Onde histórias criam vida. Descubra agora