Isabella ficou de queixo caído quando seu irmão começou a fazer a coreografia da música, e não foi só ela que ficou assim, toda a família estava atônita. O mais engraçado era ele ainda estar vestido de Papai Noel e mesmo assim conseguir fazer tudo perfeitamente.
Quando a música acabou, Isabelle, sua mãe e a tia Olívia aplaudiram e gritaram muito. Mas sempre tem a estraga prazeres.
- Você dança bem João, mas não acha que deveria escolher uma coisa mais masculina? O que irão pensar de você? Já imaginou cogitarem a ideia de que você é gay? – Laura disse em um tom áspero.
- Ué tia, se cogitarem esse ideia eles estarão certíssimos. – João disse ofegante.
Belle estava orgulhosa de seu irmão, ele havia contado sobre sua orientação há 2 anos. Mas não se sentia à vontade para falar com mais ninguém sobre, e isso fazia com que ele vivesse sendo quem não era.
Laura, sua tia, ficou com o rosto todo vermelho e óbvio que revidou o que João tinha dito, o que gerou uma confusão enorme na sala, ela se recusava a ter um sobrinho gay. Catarina e Olívia começaram a defender o menino e Laura só ficou pior, dizendo que não sabia que tinha "gente desse tipo" na família.
João não estava mais no ambiente, minutos depois ele apareceu sem sua roupa de Papai Noel e simplesmente saiu. Belle preocupada, foi atrás dele.
- João! Espera!
- Belle. – Ele suspirou.
- Eu estou tão orgulhosa de você. – Isabelle o abraçou forte.
- Obrigada. – Disse retribuindo o abraço. – Você sabia como eu me sentia, precisava fazer alguma coisa. Mas não vou ficar no circo que está lá em casa não, mais tarde converso com a nossa mãe direito. Estou indo encontrar uns amigos, vamos?
- Vai se divertir, eu prefiro ficar por aqui e tentar apaziguar essa briga. – Ela sorriu.
- Bom, estou indo então. Feliz Natal meu bolinho, seu presente está em cima da minha cama. – João depositou um beijo na bochecha da irmã e saiu.
Isabelle foi fazendo o caminho de volta bem lentamente, não estava preparada para lidar com a situação, colocou a mão no bolso para checar as notificações do celular, quando achou o quebra-nozes ridículo que sua tia lhe dera.
- Isso é completamente inútil. – Disse jogando o objeto para trás.
Nunca façam isso em casa, crianças.
Belle ouviu um "ai" e quando se virou, havia um menino, com a mão na testa e uma cara de dor.
- AI MEU DEUS. – Disse assustada – Eu te machuquei?
- Sua pontaria é boa, pena que eu não sou um assaltante ou algo do tipo. – O garoto deu um sorrisinho fraco.
- Desculpa, sério! Eu não queria, é que... aí, deixa eu ver isso. – Belle se aproximou para olhar o machucado – Eu moro logo ali, vem comigo, eu faço um curativo nisso.
- Não precisa, eu preciso ir comprar uma coisa antes que as lojas fechem. – O menino disse andando para a longe.
- Ei! Volta! Você não vai embora assim, vou me sentir culpada. Do que você precisa? Talvez eu possa ajudar.
- Minha irmã menor quer rabanadas.
- Tem muitas lá em casa, me deixa cuidar disso e você pode levar quantas quiser. – Pediu com cara de cachorro sem dono.
- Você sempre consegue as coisas fazendo essa cara?
- Não funciona com o meu irmão. – Ela sorriu – Prazer, meu nome é Isabelle.
- Bernardo. – Eles trocaram um aperto de mão.
Os dois foram caminhando até a casa dela, ao chegar lá, Bernardo não escondeu a cara de surpresa ao ver o tamanho da casa, as luzes de natal, a árvore e quantidade de coisas em cima da mesa.
- Exagero, né? – Belle disse olhando ao redor – A cozinha é por aqui, vem.
Isabelle mexeu nos armários e achou o kit de primeiros socorros de sua mãe.
- Senta aqui. – Apontou uma cadeira a sua frente.
Belle passou um antisséptico no machucado e fez um pequeno curativo.
- Prontinho – Sorriu. – Novo em folha.
- Obrigado. – Disse Bernardo sorrindo. – Está tudo bem por aqui? Não pude deixar de notar uma pequena briga quando passamos pela sala.
- Ah – Ela suspirou. – Dramas familiares, meu irmão se assumiu e minha tia é preconceituosa e todos acabaram brigando. – Disse enquanto procurava uma tupperware no armário.
Enquanto ia até a mesa, encher a tupperware com rabanadas, não pode evitar de olhar Bernardo. Ele tinha cabelos castanhos que brilhavam muito, uma pele bem morena, estilo surfista e olhos tão verdes que a deixaram hipnotizadas por alguns segundos.
- Está aqui. – Disse lhe entregando a vasilha com as rabanadas, espero que sua irmã goste. Desculpa por isso.
- Muito obrigado. – Bernardo sorriu mais uma vez e Isabelle achou seus dentes fantásticos.
Bernardo a encarou por alguns segundos e só conseguiu pensar no quanto ela era linda. Seus cabelos completamente pretos contrastavam com os olhos azuis e o sorriso iluminado, que sorte a dele ela ter jogado um quebra-nozes em sua testa.
- Muito obrigado pelo curativo e pelas rabanadas, mas eu preciso ir. – Disse se levantando.
Belle o levou até a porta.
- Desculpa, mais uma vez. – Ela sorriu sem jeito.
- Imagina, valeu a pena no fim das contas. Feliz Natal. – Bernardo se virou e foi embora.
Isabelle fechou a porta e mesmo com seus 19 anos, se sentiu com 12, era incrível como estava apta a fazer besteiras.
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Bernardo Quis Ficar.
ContoUma performance de Formation e um quebra-nozes, podem mudar tudo. Menção honrosa no desafio 09 do RomanceBr.