Após receber a intimação do oficial, a garota só teve tempo de se despedir de suas amigas. A partir do momento da intimação, era estritamente proibido o contato com os familiares, para evitar possíveis tentativas de fuga.
- Se cuida amiga! Sei que você almejou isso toda sua vida. Acabe com os rebeldes! - Frases do tipo seguiram enquanto Freeman subia a bordo de um helicóptero DP-150, elétrico e com quatro hélices semelhantes a um drone.
- Senhorita Aghata, você foi selecionada pelo Governo da...
-Eu sei eu sei! Já li esse artigo da legislação umas cem vezes! Vamos para a parte interessante; Onde servirei? - Ela estava animada com o que seria sua vida dali em diante.
- Laboratório Federal Principal - O oficial não apresentava feição nenhuma, parecia que haviam robotizado até seus músculos faciais.
- Mas eu coloquei na minha fixa que se caso houvesse convocação que iria servir no campo de batalha! Eu não entendo...
- A informação é sigilosa Srta. Freeman, mas posso lhe dizer que você servirá em campo, mas antes precisa de treinamento avançado, algo além do que você aprendeu na escola, e um exame geral além de uma preparação física.
Em minutos, eles chegaram no laboratório, que ficavam no coração do Pais. Aghata foi apresentada aos médicos e cientistas que ali estavam, eles conversavam com ela, faziam exames, inclusive um scan que ficou mais de trinta minutos girando ao seu redor, fazendo a leitura de seu corpo em três de, na tela do computador. Mesmo vestida, ela apresentava nua no programa.
- Para que eles querem saber milimetricamente as curvaturas de meu corpo? - Ela pensava, em uma tentativa de escapar do constrangimento. Após dias de exames e pesquisa, enfim ela passou a tomar soro fisiológico, e mais injeções. Em minutos, estava em um sono profundo e prazeroso, era como se estivesse sendo drogada enquanto sonhava. Tudo girava, as vezes, em relance ela acordava e via sangue para todo lado, mangueiras hidráulicas substituiriam seus membros. Seu corpo nu, as vezes era coberto por pequenos panos umedecidos em álcool. Uma equipe de seis ou sete cirurgiões trabalhavam arduamente em seu corpo. Ela não entendia o que estava acontecendo, apenas sentia pavor por não saber o que era aquilo, e ao mesmo tempo um prazer anormal. Ela via partes de seu corpo serem arrancadas e descartadas em uma lixeira orgânica, como se fosse as partes ruins da carne de um porco sendo desossado. Esse processo, demorou semanas, mas para ela, pareceu uma eternidade. Enfim tudo escureceu, não havia mais prazer, nem sono, nem medo ou mesmo raiva. Tudo se acabou, nem mesmo a escuridão existia.
-Android Freeman BG-69. Acorde! - Recitou um homem de meia idade com uma prancheta em sua mão, anotando todos os dados possíveis da situação atual. Os olhos da garota enxergaram com dificuldades em meio a toda aquela luz branca que havia no teto. Ela olhou ao redor, procurando o que poderia ser esse tal "Android BG alguma coisa". Ela se sentia drogada, seus olhos se adaptaram a claridade, mas não sentiu eles arderem, ou mesmo a ponta do seu pé tocar o chão, quando arriscou se levantar do leito, sem sucesso, desabando no chão.
- Me ajudem, não me sinto bem! - Ela gemeu procurando se apoiar em algo, para tentar se levantar.
- Não podemos, me desculpe. - Respondeu o homem da prancheta com uma voz tênue.
- Eu quero vomitar! Me ajudem! - Ela forçou a voz, mas quando se agarrou em um bebedouro de metal que havia ao seu lado, percebeu que seus dedos se afundaram no material, como se fosse de papelão.
- Eu disse que não posso ajudar, você possui agora aproximadamente meia tonelada de peso. Nem que eu fosse um atleta poderia te ajudar. Você é o terceiro experimento do projeto android. Há mais dois criados anteriormente, assim como você, eles poderão te ajudar. Claro que seu processo foi perfeito, se não fosse seu peso, eu diria que você é uma humana como qualquer um de nos.
- Você esta louco? Eu sou humana! Nasci em Larger Field...
- Um belo lugar, por sinal. - Ele deu um breve sorriso - Transferimos sua "mente" a um avatar idêntico ao seu corpo orgânico, porém completamente robótico. Esqueleto de carbono ionizado, muito leve, porém resistente como...
- Você está louco!? - Ela se levantou em um salto, agarrando-o pelo pescoço, enquanto fitava o espelho que havia atrás dele -. Eu sou humana! Veja isso! - Ela agarrou o braço direito dele e o guiou pelo seu corpo. - Sente? São meus seios! É minha genital! Isso é o corpo de uma mulher e não um robô! - Sua mente escureceu e ela apagou novamente. Do fundo da sala um homem de barba longa e branca caminhou para a luz deixando visíveis suas feições.
- Sinto ter que passar por isso Mickail. Ela não reagiu como o esperado
- Sem problemas senhor, confesso que gostei do jeito dela.
-Entendo o "jeito" ao qual você se refere. Mas, enquanto obtivermos esse dispositivo eletronico, estaremos a salvo.
- Sim senhor, graças as ondas de choque que "fritam" os circuitos dela, não é? Isso é desumano! - O doutor da prancheta se retirou da sala.
- Desumano? Humpf! Ela não é mais humana, seu tolo.
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Aghata Freeman
General FictionEm um futuro não muito distante, há uma guerra pelos recursos naturais já escassos em nosso planeta. Homens e maquinas marcham lado a lado para defender ou recuperar o que é seu por direito. Teria a humanidade ido longe demais dessa vez? É nesse cen...