Os dias seguintes

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Continuávamos nos falando diariamente, ele começou a trabalhar, eu estava muito feliz por isso, eu ainda estava no primeiro ano do ensino médio, e com a vida corrida daquele jeito, iria demorar um pouco para que eu pudesse fazê-lo também. Agora usava a aliança em meu dedo, cujos olhares eram notáveis as minhas mãos quando eu estava em algum local público: 

- Namorando? Onde ele mora?

- Sim, São Paulo!

E logo em seguida um breve sorriso e um olhar de "eu sei que isso não vai há lugar algum", mas isso não me afetava mais, não naquele momento, eu estava feliz demais pra que alguma coisa pudesse afetar aquilo tudo, acordava cedo, ia pro colégio, chegava, almoçava, tomava banho e ia falar com ele, algumas vezes ocupado, eu falava com ele mais tarde, eram horas no skype, aqueles olhos desde sempre me encantaram, ele sorria como se o mundo não estivesse repleto de todo o caos, ele sorria como se tudo ali fosse o suficiente pra que estivéssemos bem, como se termos um ao outro fosse o bastante pra estarmos felizes, e sinceramente, era. Por uma parte do ano alguns meninos resolveram implicar comigo, o Marcos, e mais dois garotos, falavam que eu era feia, me chamavam de estranha e coisas do tipo, eu estava bem, mas de todo modo, nunca gostei que interferissem na minha vida se eu nunca tentei interferir na de ninguém, eu contei isso pro Kauê:

- Como foi seu dia amor? - dizia ele, cansado.

- Ótimo bebê e o seu? é só que... - murmurei.

- O que houve? 

- Alguns meninos na escola ficam enchendo meu saco, nada demais, ignore.

- Não, me fale o nome.

- Não precisa.

- Bê, me fala o nome poxa. 

E eu disse, disse o facebook dos garotos, idiotas, provavelmente querendo atenção, uns dias depois fiquei sabendo que ele havia conversado com um dos garotos sobre o que ocorreu: 

"Você sabe como é doloroso ver a sua namorada falar em suicídio? Provavelmente não."

E eles realmente pararam, ou ao menos um deles, os dias se acalmaram, e as coisas foram melhorando, agora ela estava melhor, ficávamos madrugada conversando e por incrível que pareça jamais me cansei disso, jamais me cansei da sua voz, do seu tom, outras vezes me pegava lendo a carta que me mandou, e apenas abraçando, gostava do cheiro, da letra, gostava dele, e de cada detalhe daquele ser humano do outro lado da tela do meu computador, que mesmo que dissessem que não ia dar em nada, eu tinha certeza que daria. 

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⏰ Última atualização: Dec 16, 2016 ⏰

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