Dois | Navios E Icebergs

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Playlist Dois: Waves - Mr. Probz.


Por Emma Jones.

- Vocês se beijaram? - ele perguntou.

Desde que havíamos chegado em casa, Ethan não parava de me perguntar sobre Shad, sobre o que havia acontecido entre nós ou o que havia deixado de acontecer.

- Sim - a palavra saiu arrastada da minha boca.

Tomei outro gole da cerveja.

- Quantas vezes? - perguntou. Virei -me em sua direção e o encarei.

- Você virou policial ou trabalha para o F.B.I. e eu não soube? - perguntei.

- Suas piadas são ainda piores quando você está bêbada - ele observa - e isso é sério.

- Primeiro, eu ainda não estou bêbada. Segundo, nos beijamos no cinema, três ou quatro vezes. Eu não conto.

Ele suspirou e bebeu todo o líquido da garrafa de uma vez só.

- Nada mais que isso?

- Nada mais que isso.

- Deixa eu te falar – Ethan sinalizou com a mão direita para que eu prestasse atenção nele. – Existem dois tipos de pessoas, tem as que deixam pra lá e as que enfrentam seus medos de frente. Qual delas você vai querer ser hoje?

Fez sentido para mim naquele momento. Estávamos ele e eu, sentados na nossa sala de estar, rodeados de garrafas vazias de cerveja. Depois que ele me pegou no estacionamento do inferno particular, eu disse que queria esquecer de tudo e que queria ficar livre por um tempo.

Ele sorriu, fomos até o supermercado e compramos sete engradados de cerveja com a promessa de que não nos lembrássemos desse dia. Aparentemente, eu estava mais bêbada que ele. Mas não admitiria isso.

É um costume, quando bebo, eu não admito estar mal ou bêbada para caralho até que eu vomite, passe mal ou faça alguma besteira. E, por incrível que pareça, na maioria das vezes, uma dessas três coisas sempre acaba acontecendo.

- O segundo – dei um gritinho em histeria.

Ethan riu, ele parecia estar se divertindo com a nossa situação.

- Eu acho que eu sei como te ajudar – disse se levantando e me oferecendo a mão em ajuda. Sem pensar duas vezes, fiz o mesmo movimento e me juntei a ele.

- Como?

- Vamos até o telhado – avisou, e saiu andando a passos largos me puxando junto. Chamamos o elevador, mas a caixa de metal demorou e nós preferimos a escada naquele momento.

Os cinco andares de diferença não pareceram desanimar nenhum de nós dois, corríamos pulando alguns degraus e quase caindo em outros.

Terminamos o último lance de escada e demos de cara com uma porta corta-fogo cinza, ela indicava que havíamos chegado no lugar certo.

Ethan parou ao meu lado, nós dois recuperávamos o fôlego perdido antes de estarmos, de fato, no telhado do prédio.

- Você vai gostar – afirmou ao notar a careta que pintava os traços do meu rosto.

Eu tentei abrir a porta e nada, não havia tranca e nem espaço para cadeados, só a maçaneta preta. Tentei de novo, com um pouco mais de força. Nada. Empurrei a porta com o peso do meu corpo ao mesmo tempo em que pressionava a maçaneta para baixo. Nada.

- Me deixe tentar – Ethan pediu, eu abri espaço para ele que, em poucos segundos, resolveu o problema.

- O que você... deixa pra lá – o segui, para fora do prédio e para dentro do telhado.

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