Nove | Sintonia

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Playlist Nove: Home - Edward Sharpe and Magnetic Zeros.

Por Emma Jones.

Se eu pudesse dar um conselho útil a alguém, seria: nunca deixe de dormir para ficar bebendo litros de café até altas horas da madrugada se você tiver coisas para fazer no dia seguinte. Especialmente, se uma dessas coisas for acordar cedo.

Eu acho que todo mundo já sabe, mas vou dizer mesmo assim, a cafeína tem o incrível poder de te manter acordado. Eu que pensava ser imune à isso, acabei provando o contrário para mim mesma. Se eu tivesse parado de tomar um copo de café seguido do outro, eu poderia ter chegado em casa e ter ido dormir. Acontece que, eu e meu complexo de imunidade pensamos que quase cinco litros de café não fariam diferença na minha vida. E olha onde eu estou agora, em um magnífico congestionamento de feriado, morrendo de sono com Ethan reclamando ao meu lado.

Como eu queria voltar no tempo, quando eu tinha uns dez anos, e ao invés de aceitar provar uma xícara do café do meu avô, eu poderia ter ficado com o achocolatado de sempre. Deus, como eu me arrependo.

Bem que minha mãe dizia que o café faz um mal danado e eu, depois de ficar viciada, não a escutava. Falando nela, minha genitora vai comemorar seu noivado hoje e eu, a filha que ela mais ama, está significativamente atrasada.

A distância entre Santa Barbara e Santa Monica não é muito grande, mas considerando que:

a) nós devíamos ter saído de casa às sete da manhã para chegar para o almoço, mas agora já é meio-dia e nós não saímos da cidade ainda;

b) amanhã é dia de ação de graças, o que significa que as estradas estão lotadas e que vamos pegar congestionamentos daqui até Santa Monica e;

c) nós, eventualmente, vamos ficar com fome e teremos que parar em algum lugar para comer, o que vai nos atrasar mais.

Levando tudo isso em consideração, as 86 milhas ou 145 quilômetros que separam as duas cidades vão parecer muito mais do que realmente são.

- Eu vou comprar um helicóptero, só assim pra gente não precisar mais passar por isso - Ethan diz, batendo a cabeça no volante seguidas vezes.

Talvez seja por isso que ele é um pouco retardado.

- Você está pensando em se prostituir pra pagar ou vai vender um órgão? - pergunto, o sarcasmo está escorrendo pela minha boca.

- Eu tenho as minhas economias.

- Ethan, você tem algumas moedas guardadas, nada mais.

- Eu aplico em ações, meu amor - ele diz, tentando se manter sério - Não pareço um daqueles empresários milionários?

- Às vezes eu penso que você parece aqueles atores pornôs, mas aí eu me lembro que você é quase isso - digo, com escárnio transbordando pela minha voz.

- Você está com ciúmes, paixão? - ele se vira pra mim com um sorriso convencido estampado na cara - Não precisa disso, eu posso ser todo seu, quando você quiser - pisca.

Eu reviro os olhos.

- Eu não sou ciumenta, deixa de ser convencido.

Dois carros passam a toda velocidade pelo acostamento ao nosso lado direito, eu bufo de raiva enquanto Ethan olha pra frente sem nenhuma expressão.

- Eu te ajudo com uma ou duas prestações do tal helicóptero - digo, ele abre um sorriso curto.

- Você já pensou mesmo em vender um órgão? - ele me pergunta, alguns segundos depois.

- Claro, se um dia eu estiver completamente falida essa vai ser a opção mais rápida e lucrativa. A prostituição está muito desvalorizada ultimamente.

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