Eu sabia que exatamente às oito da manhã, Alice e sua tia partiriam para São Paulo. Já estava quase tudo pronto, porém, Dona Mariana ainda não havia conseguido vender a pensão e me deixou encarregado de cuidar do assunto. Mas o que ela não imaginava era que eu jamais venderia aquele lugar. O lugar que ela passou sua vida inteira administrando junto ao marido e que eu sabia que tinha uma enorme importância para ela. Exatamente às sete e meia, bati a porta da casa de Alice, a qual me abraçou assim que passei pela mesma.
— Sabia que viria — falou, forçando um sorriso.
— Como você está? — respondi, notando seu desânimo aparente.
—Bem, na medida do possível.
— E o Augusto, não veio se despedir?
—Sim, ele veio — falou cabisbaixa. — Ele saiu daqui faz vinte minutos. Está muito chateado, mas eu o entendo. Então... será que poderia nos levar até a rodoviária? Iremos daqui a pouco.
— Espera. — Digo. — Onde está sua tia?
— Ela está lá dentro, um pouco ocupada. Estávamos terminando de arrumar as últimas coisas.
— Eu só queria dizer que eu não quero que você vá embora, Alice. Você e sua tia são as únicas pessoas que eu tenho e não quero perdê-las. - Respirei fundo, preparando-me para dar a notícia - E é por isso que eu quero te oferecer todo o dinheiro necessário para que possa custear suas dívidas.
Alice me olhou boquiaberta com os olhos arregalados. Antes que terminasse a última frase, ela se jogou em meus braços, emocionada.
— Eu não sei o que te dizer Rick, não quero que se sacrifique por mim. Eu não posso aceitar e...
— Descobri a alguns dias que eu havia herdado uma boa quantia do meu pai. — Expliquei. — No início não queria aceitar, mas entendi que esse dinheiro veio na hora certa. Você precisa dele.
— Mas como isso aconteceu? Não sei como te agradecer — disse, com um largo sorriso de menina estampado no rosto.
Eu amava quando ela sorria daquela maneira; da mesma forma que fazia quando era criança e a convidava para tomar sorvete na esquina da nossa casa, no tempo em que éramos praticamente vizinhos.
— Sinceramente, fiquei surpreso quando soube que meu pai havia deixado algo para mim e bem, não sei explicar como isso aconteceu. Mas quero que aceite a minha ajuda e fique aqui. E nem pense em recusar.
Ela me deu um abraço forte e sorriu, emocionada.
— Obrigada, Rick. Obrigada por estar sempre aqui quando preciso.
Ela continuava a mesma garota doce, amável e divertida que eu conheci e sempre admirei. A garota que sempre esteve ao meu lado quando mais precisei, e agora que ela precisa de mim; não seria diferente. Sabia que não recusaria a oportunidade de ficar aqui, embora seja um tanto orgulhosa.
Não foi fácil convencer Dona Mariana. Para falar a verdade, ela não aceitou minha ajuda de imediato e me deu alguns dias para pensar, mas no final, - depois que percebeu que o melhor para Alice era continuar aqui - acabou aceitando. Dona Mariana sempre pensou no melhor para sua sobrinha e a admirava por isso. Entretanto, a mesma prometeu pagar tudo aos poucos, mesmo que eu dissesse que não precisava de nenhum centavo. Senti-me bem em poder ajudá-las e mesmo que Dona Mariana insistisse, eu não aceitaria o dinheiro. Minha maior retribuição é saber que vou continuar tendo minha melhor amiga por perto.
***
—Foi muito legal o que você fez pela Alice. — Disse Augusto, assim que encerramos uma partida de videogame.
— Ela merece isso. Não podia deixar a vida dela aqui — falei.
— Não podia deixar a vida ou você?
— Como assim? - Questionei-o. Definitivamente não entendi aonde ele queria chegar com aquilo.
— Você diz gostar da Lana, mas sei que também sente algo por Alice. Tem certeza de que é apenas uma amizade, Rick?
Inspirei e respirei rapidamente, como toda as vezes que fazia quando estava impaciente. Não acreditava que ele estava insinuando aquilo de novo.
— Você sabe o que ela significa para mim e acho que é você quem está confundindo tudo. Alice e eu nos conhecemos desde crianças e a amo, mas não como imagina. Eu sempre fui sincero sobre o que sinto por Alice e ela sabe disso. Eu quero o melhor para ela e se você realmente a ama, deve querer o mesmo.
Ele permaneceu calado por um tempo, parecendo pensativo. O clima ficou extremamente tenso entre nós, e por mais que eu não quisesse aquilo; foi necessário falar a verdade para ele.
— Ela te ama muito. E sabe, eu tenho certeza que não é apenas um sentimento de amigo... - olhou para mim - Você deveria dar uma chance para a sua felicidade. Se alguém como Alice gostasse de mim como gosta de você, eu não pensaria duas vezes.
Definitivamente, ele não entendia meus sentimentos. Eu jamais iria iludir Alice para esquecer a Lana. Se tem uma coisa que eu aprendi, é que uma pessoa jamais poderá substituir a outra, se ela ainda estiver em seu coração.
— Olha, mesmo que não acredite eu sinto algo muito forte pela Lana. Por mais que eu queira esquecer isso, eu não consigo. Ela está em tudo o que eu penso e só o tempo vai dizer se um dia isso irá mudar. — Suspirei, contendo meu nervosismo. — Eu não posso simplesmente iludir a Alice para esquecer a Lana. Isso não seria certo comigo, muito menos com ela.
Ele olhou para mim, deu de ombros e pegou o videogame em seguida.
— Tudo bem, cara. Acho melhor mudarmos de assunto. - Falou.
— É. — falei, e agradeci mentalmente pela sua sugestão. Augusto era um cara legal e eu não queria perder sua amizade por aquilo.
— Que tal jogarmos mais uma partida? - Sugeriu.
—Apoio totalmente.________________
YAY PESSOALLL hahaha,
tudo bem?!!!!
O capítulo de hoje foi mais curtinho, mas logo eu libero o próximo, okay?
Aaaahh, queria dizer que o nosso livro está quase no fim e eu já tô com saudades prévias :(
Ainda terão dois ou três capítulos para terminar e eu espero que gostem do desfecho, de coração.
Em breve tenho novidades pra vocês, aguardem.
Um grande beijo! 💙💙💙
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ARCANO (COMPLETO)
Художественная проза1°lugar no concurso Rosas Douradas Vencedor #Watson 2018 ⭐Versão wattpad Ricardo é um adolescente marcado por um passado triste e cercado pelos mistérios que envolvem a morte de sua mãe, o que fez com que ele, aos poucos, se tornasse isolado do mun...