Capítulo 12

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No dia seguinte, pensei em desistir do que tinha em mente. Embora sentisse um desejo imenso de ir atrás dela, algo me impedia de fazer isso.
Fui para a faculdade e assisti aula normalmente, porém, não deixei de pensar na Lana um só momento. Alice percebeu que estava estranho e não hesitou em me questionar.

— Está tudo bem? – ela perguntou, enquanto lanchávamos na mesa do refeitório.

— Sim, estou. Por quê?

— A gente tá falando aqui há tempão, sobre a minha festa de aniversário e você não falou nada até agora. — Disse Augusto.

— Eu não gosto de festas, vocês sabem. — Comentei.

— É, mas você costuma abrir a boca pra pelo menos falar que não vai, mas nem isso fez. — Ele retrucou.

— Augusto, preciso falar com o Rick. Se importa? — Perguntou Alice.

— O que estão me escondendo? — Brincou — Seus mal-agradecidos que me excluem das coisas. — Disse, deixando-nos a sós em seguida.

— Você está estranho desde ontem. — Iniciou Alice, assim que Augusto se afastou — Aconteceu alguma coisa?

— É que, bem... não sei se devo te contar.

— Se quiser, você pode contar. Sabe que, acima de tudo sou sua amiga, Rick. E eu já sei que tem alguma coisa a ver com a Lana.

Não sei qual o dom que Alice tinha para sempre descobrir em que eu estava pensando, se bem que, sabendo de toda a história, era fácil deduzir.

— Tudo bem, é a Lana. — Confessei — Ela foi embora ontem, não sei para onde, e o Richard apareceu na pousada pela noite. Ele me perguntou onde ela estava e disse que, se eu não dissesse, ele mesmo iria encontrá-la.

— Você não disse, né?

— Não. E o pior de tudo é que não sei onde ela está e isso me deixa angustiado. Tenho medo que ele a encontre e faça algo de mal contra ela. Preciso encontrá-la mas, sabe, não sei se devo ir.

— Olha, Rick, — Ela suspirou, fechando e abrindo os olhos lentamente — eu nunca pensei que fosse te falar isso, mas... se realmente a ama, deveria ir atrás dela.

— Você acha mesmo?

— Sim. — Ela respondeu, sucinta.

Fiquei surpreso ao ouvir aquilo, todavia, ela havia me dado um incentivo na hora certa. Eu encontraria a Lana, ia atrás dela onde quer que estivesse, mesmo que não me correspondesse e que isso não desse em nada.

Mas como a acharia? Foi então que lembrei de Dona Mariana, talvez ela tivesse alguma informação de onde Lana pudesse estar. Fui até a casa de Alice a fim de sondar alguma informação e, para minha sorte, Lana havia lhe contado para onde iria. Senti que Dona Mariana estranhou a minha curiosidade, mas não dei atenção.

Lana não estava tão distante, tinha ido morar — como previ — com sua tia no Leblon, a alguns quilômetros de Botafogo, bairro em que moro atualmente. Segui de táxi até o Leblon, e apesar de saber que me custaria uma grana, valeria a pena.

A casa da tia de Lana tinha uma fachada de destaque na rua, então não foi muito difícil achar.

Apertei o interfone e me identifiquei. Em poucos minutos, uma bela jovem de cabelos negros e olhos castanhos 
apareceu. Parecia surpresa em me ver já que, por longos minutos, permaneceu calada.

— Oi, Rick... O que faz aqui?

— Desculpe Lana, eu precisava te ver.

— Como soube que vim para cá?

— A tia de Alice me contou hoje. Eu preciso falar com você. — Falei.

Nesse momento, uma senhora de aparência serena, olhos marcantes num tom castanho e longos cabelos negros, apareceu. Sorridente, convidou-me a entrar. Era a sua tia.

Cordialmente, aceitei o convite.

— Então você é o famoso Ricardo? — Comentou ela, enquanto nos servia um suco de laranja. Lana estava ao meu lado, parecendo não compreender ainda o porquê de eu estar ali.

— Sim. A senhora me conhece?  — Perguntei, curioso.

— Não exatamente. — Ela riu  — Mas minha sobrinha falava muito de você quando vinha me visitar.

— Essa é a minha tia Layla, sempre falei muito dela. Lembra? — Perguntou Lana.

— Sim, claro, Layla Galvão! É a tia com quem você morou, depois que seus avós morreram, antes de casar. Ela sempre falou muito bem de você, Sra. Galvão.  — Falei.

— É um prazer conhecer você, garoto! Sempre quis conhecer o menino por quem minha sobrinha tem um apreço tão grande. Embora seu casamento não tenha dado certo, ela sempre considerou você.

— Eu sei, Sra. Galvão, eu a agradeço muito por isso. — Sorri e Lana me  retribuiu — Bom, eu também estou aqui por outra coisa. Preciso falar com você sobre algo desagradável que aconteceu ontem, Lana. Eu vim aqui porque fiquei preocupado, precisava muito te ver para contar isso.

— Se quiserem, posso deixá-los à sós. — Sugeriu Layla.

— Não é necessário. Acho que a senhora também precisa saber. — Falei.

Lana franziu o cenho, demonstrando inquietação.

Quando estava prestes a falar, a campainha tocou, interrompendo-me.

— Vou atender à porta, já volto! — Diz Layla, indo em direção à mesma.

— O que dizia? — Perguntou Lana, entretanto, sua pergunta ficou sem resposta quando ouvimos o barulho da porta de entrada se fechando bruscamente.

Levantamos para ver o que tinha causado o barulho quando, de repente, a tia de Lana voltou até a sala terrivelmente aterrorizada. Junto a ela, dois homens encapuzados seguravam uma faca em seu pescoço. Lana arregalou os olhos apavorada, eu a abracei fortemente.

Um grito cortou o ar.

Em meus braços, Lana estava prestes a desabar.

ARCANO    (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora