No dia seguinte, pensei em desistir do que tinha em mente. Embora sentisse um desejo imenso de ir atrás dela, algo me impedia de fazer isso.
Fui para a faculdade e assisti aula normalmente, porém, não deixei de pensar na Lana um só momento. Alice percebeu que estava estranho e não hesitou em me questionar.— Está tudo bem? – ela perguntou, enquanto lanchávamos na mesa do refeitório.
— Sim, estou. Por quê?
— A gente tá falando aqui há mó tempão, sobre a minha festa de aniversário e você não falou nada até agora. — Disse Augusto.
— Eu não gosto de festas, vocês sabem. — Comentei.
— É, mas você costuma abrir a boca pra pelo menos falar que não vai, mas nem isso fez. — Ele retrucou.
— Augusto, preciso falar com o Rick. Se importa? — Perguntou Alice.
— O que estão me escondendo? — Brincou — Seus mal-agradecidos que me excluem das coisas. — Disse, deixando-nos a sós em seguida.
— Você está estranho desde ontem. — Iniciou Alice, assim que Augusto se afastou — Aconteceu alguma coisa?
— É que, bem... não sei se devo te contar.
— Se quiser, você pode contar. Sabe que, acima de tudo sou sua amiga, Rick. E eu já sei que tem alguma coisa a ver com a Lana.
Não sei qual o dom que Alice tinha para sempre descobrir em que eu estava pensando, se bem que, sabendo de toda a história, era fácil deduzir.
— Tudo bem, é a Lana. — Confessei — Ela foi embora ontem, não sei para onde, e o Richard apareceu na pousada pela noite. Ele me perguntou onde ela estava e disse que, se eu não dissesse, ele mesmo iria encontrá-la.
— Você não disse, né?
— Não. E o pior de tudo é que não sei onde ela está e isso me deixa angustiado. Tenho medo que ele a encontre e faça algo de mal contra ela. Preciso encontrá-la mas, sabe, não sei se devo ir.
— Olha, Rick, — Ela suspirou, fechando e abrindo os olhos lentamente — eu nunca pensei que fosse te falar isso, mas... se realmente a ama, deveria ir atrás dela.
— Você acha mesmo?
— Sim. — Ela respondeu, sucinta.
Fiquei surpreso ao ouvir aquilo, todavia, ela havia me dado um incentivo na hora certa. Eu encontraria a Lana, ia atrás dela onde quer que estivesse, mesmo que não me correspondesse e que isso não desse em nada.
Mas como a acharia? Foi então que lembrei de Dona Mariana, talvez ela tivesse alguma informação de onde Lana pudesse estar. Fui até a casa de Alice a fim de sondar alguma informação e, para minha sorte, Lana havia lhe contado para onde iria. Senti que Dona Mariana estranhou a minha curiosidade, mas não dei atenção.
Lana não estava tão distante, tinha ido morar — como previ — com sua tia no Leblon, a alguns quilômetros de Botafogo, bairro em que moro atualmente. Segui de táxi até o Leblon, e apesar de saber que me custaria uma grana, valeria a pena.
A casa da tia de Lana tinha uma fachada de destaque na rua, então não foi muito difícil achar.
Apertei o interfone e me identifiquei. Em poucos minutos, uma bela jovem de cabelos negros e olhos castanhos
apareceu. Parecia surpresa em me ver já que, por longos minutos, permaneceu calada.— Oi, Rick... O que faz aqui?
— Desculpe Lana, eu precisava te ver.
— Como soube que vim para cá?
— A tia de Alice me contou hoje. Eu preciso falar com você. — Falei.
Nesse momento, uma senhora de aparência serena, olhos marcantes num tom castanho e longos cabelos negros, apareceu. Sorridente, convidou-me a entrar. Era a sua tia.
Cordialmente, aceitei o convite.
— Então você é o famoso Ricardo? — Comentou ela, enquanto nos servia um suco de laranja. Lana estava ao meu lado, parecendo não compreender ainda o porquê de eu estar ali.
— Sim. A senhora me conhece? — Perguntei, curioso.
— Não exatamente. — Ela riu — Mas minha sobrinha falava muito de você quando vinha me visitar.
— Essa é a minha tia Layla, sempre falei muito dela. Lembra? — Perguntou Lana.
— Sim, claro, Layla Galvão! É a tia com quem você morou, depois que seus avós morreram, antes de casar. Ela sempre falou muito bem de você, Sra. Galvão. — Falei.
— É um prazer conhecer você, garoto! Sempre quis conhecer o menino por quem minha sobrinha tem um apreço tão grande. Embora seu casamento não tenha dado certo, ela sempre considerou você.
— Eu sei, Sra. Galvão, eu a agradeço muito por isso. — Sorri e Lana me retribuiu — Bom, eu também estou aqui por outra coisa. Preciso falar com você sobre algo desagradável que aconteceu ontem, Lana. Eu vim aqui porque fiquei preocupado, precisava muito te ver para contar isso.
— Se quiserem, posso deixá-los à sós. — Sugeriu Layla.
— Não é necessário. Acho que a senhora também precisa saber. — Falei.
Lana franziu o cenho, demonstrando inquietação.
Quando estava prestes a falar, a campainha tocou, interrompendo-me.
— Vou atender à porta, já volto! — Diz Layla, indo em direção à mesma.
— O que dizia? — Perguntou Lana, entretanto, sua pergunta ficou sem resposta quando ouvimos o barulho da porta de entrada se fechando bruscamente.
Levantamos para ver o que tinha causado o barulho quando, de repente, a tia de Lana voltou até a sala terrivelmente aterrorizada. Junto a ela, dois homens encapuzados seguravam uma faca em seu pescoço. Lana arregalou os olhos apavorada, eu a abracei fortemente.
Um grito cortou o ar.
Em meus braços, Lana estava prestes a desabar.
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ARCANO (COMPLETO)
Ficção Geral1°lugar no concurso Rosas Douradas Vencedor #Watson 2018 ⭐Versão wattpad Ricardo é um adolescente marcado por um passado triste e cercado pelos mistérios que envolvem a morte de sua mãe, o que fez com que ele, aos poucos, se tornasse isolado do mun...