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Semanas se passaram depois daquele dia.

E cada vez mais eu estava fascinada por aquele esporte que tinha me trazido paz pela primeira vez em tanto tempo. Eu saia de lá completamente exausta, trabalhava duro cuidando dos vestiários e a limpeza do tatame entre as aulas, e depois acabava com o resto de energia treinando em cima do mesmo tatame. Em si o serviço não era pesado, a única coisa que eu tinha que me preocupar era em guardar os, vários, pertences perdidos e manter a lona do tatame sem poeira entre um treino e outro.

Mas quando a ultima aula chegava, e eu trocava a camisa do uniforme pelo kimono emprestado, a coisa ficava séria. Era exaustivo cair, levantar, ser amassada e entre tudo isso respirar. Jiu jitsu era uma combinação de muitas coisas que eu não estava acostumada, e pra mim que não praticava esporte nenhum por muitas vezes pensei que ia desmaiar no meio dos treinos.

Alexandre não tinha pego leve comigo em nenhuma das vezes. Me derrubava sem dó e nem piedade, mas a cima de tudo tentava me ensinar o que era mais preciso, ser obediente.

-Cada vez que você me olhar desse jeito vou te dar uma série de dez apoios.- disse Alexandre em voz alta quando eu cai pela terceira vez no chão.- Você precisa me ouvir!

Eu olhava para ele do chão, respirava com dificuldade e sentia meu corpo inteiro soar.

-Seja lá o que te faz sentir toda essa raiva, canalize isso para algo bom.-continuou ele.

Inspirei e expirei devagar.

-Estou tentando, juro que estou.

-Controle essa respiração.- disse ele apoiando o pé direito em cima do meu abdome.- Aguente a pressão que esta sentindo. Se concentre em respirar somente o necessário até que a minha pressão se torne algo insignificante para você.

Fiz exatamente o que ele disse. Fechei os olhos e me concentrei na pressão que ele fazia sobre a minha barriga. O seu peso inteiro estava ali, e respirar se tornou mil vezes mais difícil, mas me concentrei. Respirei bem devagar e um controle foi vindo aos poucos.

Eu podia sentir o ar sair e entrar, mesmo com dificuldade, e percebi que podia ficar ali o dia todo se quisesse. E assim que Alexander viu a ruga entre as minhas sobrancelhas sumir tirou o peso sobre mim.

Abri os olhos e vi que ele me estendia à mão, para me ajudar a levantar.

Segurei a sua mão e levantei rapidamente.

-Eu sei que você consegue ser mais do que isso. Você só precisa entender que o sentido da coisa não esta em finalizar alguém por raiva e sim em prol do seu desenvolvimento.

Apenas balancei a cabeça concordando com ele, depois olhei para meus pés no chão.

-Acabamos por hoje. Amanha vamos ter mais uma aula particular, só vou te liberar de novo no meio dos seus colegas quando tiver certeza que você esta nesse tatame pelo esporte e não para descontar a sua raiva.

-Tudo bem.- fazia quase uma semana que Alexander estava me fazendo ter aulas particulares com ele e não me deixava mais treinar em grupo. Mas tudo aquilo por um motivo, eu tinha perdido o controle durante uma aula, com uma garota que não me descia.

O nome dela era Mag, ela era faixa azul, treinava ali a mais de dois anos e era bastante bonita. O que era raro no mundo de um dos esportes mais violentos já inventados. Mas o que mais me irritava nela é que eu sabia que ela gostava de Nathan, mas não como a maioria das outras garotas ali, ela era audaciosa e se insinuava para ele. E com o passar das semanas ficou quase insuportável ter que aguentar as idiotices das garotas da faculdade e depois dela.

Quase, sem quererOnde histórias criam vida. Descubra agora