Segredos Obscuros

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Água... muita água... água escura e Jayden tentando alcançar o inerte corpo que boiava naquela que nadara durante anos, ele tentava, tentava e não conseguia pega-lo, e quando enfim conseguia, ele já estava morto, branco, frio, apenas um bebê com os olhinhos fechados... Jayden acordou, se ergueu soado vendo o sol já meio alto entre as frechas da porta que dava pra sacada, passou as mãos no rosto, lágrimas, suor, estava frio, trêmulo, olhou envolta vendo que não havia ninguém, graças a Deus, ninguém o vira assim, ele temia que se vissem, começassem a fazer comentários a seu respeito.

Ele limpou as faces sentindo que as lágrimas caíam de novo aquele nó na garganta, aquela dor no peito, sera que aquilo nunca acabaria? nunca passaria? certamente não, ele jamais poderia esquecer de Benjamim, de seu passado, nem das sombras que o perseguiam, da dor, do medo, e da constatação do pior, seu lindo filhinho de apenas um ano estava morto.

Entrou logo embaixo do chuveiro se sentindo enjoado, só deu tempo de alcançar o vaso, vomitou com força sentindo-se quase inútil e fraco, a cena viva em sua mente, a dor, o choro e os gritos de todos quando ele dera a notícia, Benjamim fora encontrado, mas sem vida, após dois dias de busca, quando ele soubera que o filho havia sumido havia ficado louco, desnorteado, apavorado com aquilo, ele pensara logo que o achariam Deus, um bebê numa fazenda!

Sabia que em muito a fazenda era um pesadelo pra uma criança, eles haviam parado as maquinas e todos se reunido pra procura-lo, todos sem exceção, mas Jayden havia tido o desprazer de acha-lo, acha-lo afogado no rio que havia nas terras de seu pai.

Podia ouvir os gritos de sua mãe, o choro desesperado de Cindi sua ex noiva mãe de Benjamim, seu pai se aproximando enquanto ele saia do rio com o pequeno em seus braços, abraçado, o menino mole, frio, morto, Jayden caíra de joelhos antes mesmo de sair do rio, fraquejara, Benjamim estava usando um macaãozinho azul e faltava um dos tênis, tão pálido, tão frio, sem o calor e a vividez que ele sempre vira nos olhos do pequeno risonho.

Vomitou mais e mais se sentindo mal, mais lágrimas mas não pelo esforço mas sim pela dor, como o amava, ainda o amava, amava acima de qualquer coisa, quando conseguiu se erguer, voltou pro chuveiro e la ficou, apenas sentado no chão deixando que a ducha quente e forte caísse sobre sua cabeça, misturando-se as amargas lágrimas, ele engoliu os soluços temoroso de que alguém ouvisse, não queria que ninguém ouvisse, ninguém poderia saber, deveria saber, aquilo era algo que pertencia somente a ele,a mais ninguém.

Saiu do chuveiro quando as lágrimas sessaram, fez a barba com seu barbeador elétrico e depois vestiu um jeans e uma polo preta, era como se sentia no dia, mais uma vez de luto, mais uma vez lembrando da morte de seu filho, calçou tênis e colocou seu melhor óculos escuros, e desceu pro café.

Não havia ninguém, a casa extremamente silenciosa, seguiu rumo a cozinha e encontrou Alice, muito apressada mexendo nas penelas grandes, preparando o almoço, a senhora sorriu e mostrou a mesa, assentiu e se sentou, deveria estar se perguntando mesmo onde estaria a dona da casa aquela hora? ela deveria estar cuidando da vinícola certamente, ainda era bem difícil pra ele crer que uma garota, era dona daquele lugar... garota não, ela já tinha vinte e seis anos.

Então veio a mente de novo a visão da moça com pijama cor de rosa e uma pelúcia embaixo do braço, estava chorando, Jayden mataria um pra saber o por que, teria brigado com o noivo? ele certamente não se atreveria jamais a fazer uma linda jovem chorar daquela forma, de fato, era um canalha muitas vezes com as mulheres que conhecia, mas todas que conhecia, sabiam muito bem o que queriam dele e ele delas, e estava bem assim, mas vê-la chorando havia mexido com ele, não sabia por que é claro, talvez por que não visse mulheres chorando com frequência na vida real, só em seus filmes.

--a sua filha esta na vinícola?--não resistiu e depois se puniu por sua própria curiosidade.

--não, ela não se sente bem hoje, esta de repouso--Alice falou servindo-lhe café com pão quentinho--o pessoal saiu cedo, o senhor não foi?

--não precisaram de mim pras cenas de hoje--deu de ombros--pelo menos vou descansar um pouco.

--que bom--Alice falou--acho que de certa forma, Bella também vai descansar, ela nunca para, menina tinhosa, ela sempre fica horas e horas no campo, mas também já é época de colheita, ela fica louca nessas épocas.

Ele não entendia nada sobre vinhos alem do fato de que era ótimo degusta-los em épocas especiais, ou na companhia de alguém especial... como seria degustar uma taça num jantar com Bella... Bella, era um nome que combinava perfeitamente com a dona, ele não tinha uma visão perfeita de romantismo a muito tempo mas era de fato muito bonita, pena que não soubesse se vestir melhor, e se escondesse em roupas sem atrativo algum, jeans velhos, e camisetas feias, pior, chinelas, depois ele começou a se achar esnobe demais, ela era simples, apesar de ser dona de uma fortuna inestimável, deveria pelo menos um pouco metida, mas não era, percebera na noite anterior quando ela falara sobre o que fizera pelas outras pessoas, amigos dela, era generosa a moça, tinha um bom coração, apesar de tudo.

--Mama...

Os gritos!

Tinha aquilo também, ela berrava pra chamar a mãe, Jayden sorveu o café tentado a levantar, não parecia berros que poderiam preocupados, viu Alice sair depressa do lugar e depois voltar afobada, pegando o que pareciam ser bolsas de água quente e saindo de novo, ficou curioso, mas não era de sua conta, de fato, ate poderia imaginar o que ela tinha, mas o período da moça em nada lhe interessava, afinal de contas, ela tinha um noivo, e ele esperava logo conhecer o homem, por que tao breve conhecesse se colocaria em seu lugar e pararia de pensar nela tanto, por que ele poderia ser um crápula em muitos sentidos, mas nunca tinha casos com mulheres que já eram comprometidas, mas no fundo desejou apenas que ela melhorasse, percebeu naquele momento, que se preocupava demais com alguém que só conhecia a um dia... não deveria, não poderia, mas estava se preocupando demais com Isabela Costa Silva.




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Senhor Green(DEGUSTAÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora