Senhor Green(DEGUSTAÇÃO )

Forte

Depois do dia de cão no escritório fazendo telefonemas e resolvendo milhares de coisas foi pro quarto e se despiu rápido e entrou na banheira de madeira bem instalada num canto do enorme quarto, aquele era um prazer que poucos ostentavam, ter sua própria banheira de madeira, era enorme, mas o que ela mais gostava era que Alice a posicionava bem no rumo da sacada de porta ampla, dali ela tinha vista de toda a Vendetta, de toda a sua conquista, a água estava fria e deliciosa como de praxe, preferia assim por que relaxava mais, de manha a ducha do banheiro mesmo.

Colocou os pés pra fora da banheira relaxando, ela não se considerava muito bonita como a mãe descendente de italianos ou como o pai mulato, havia ficado no meio termo, cabelos castanhos claros mais encaracolados, e olhos cor de castanhos mais claros, não era muito alta como as italianas, ou esbelta, havia herdado a genética brasileira do pai, morena clara com quadris mais largos e cintura mais fina, havia quem dissesse que ela tinha um belo traseiro, ouvira seus funcionários falando "o diabo tem rabo, belo rabo", certa vez quando chegara de mansinho na vinícola, e ficara extremamente sem graça, ela não se achava bonita, era apenas comum, apagada e sem sal, nunca se arrumava, odiava maquiagem e tinha alguns vestidos que usava nos dias de calor, mas usava pouco por que os homens do lugar ficavam olhando demais pras suas coxas, coxas grossas demais. pensou chateada, por mais que quisesse jamais poderia ser vista de fato como uma mulher, sempre como a chefe, como o demone.

Não culpava o fato de ser virgem aquilo, não havia ligação alguma uma coisa a outra, ela havia tido um namorado sério no Brasil mas sua experiência com ele resumia-se apenas em beijos e abraços, quando o pai ineditamente ganhara na loteria e anunciara que iriam morar em Miami nos Estados unidos quando ela tinha quinze anos, tivera que romper, fora forçada a romper, e ela sofrera muito por que adorava Ricardo, mas não tivera jeito, convencida pela mãe que ainda era viva ela fora, seguindo o sonho do pai de abrir uma firma de automóveis na época, João havia si dado bem, investido em carros, e hoje era dono de uma das maiores concessionarias dos Estados Unidos, milionário, e ela uma pequena e jovem empresária, mas ela era feliz assim, estava ótima assim, melhor que viver na sombra de um pai que nunca conversava com ela e vivia dando ouvidos a uma estranha.

Ela ouviu o barulho de carro, mas não deu atenção, afundou na banheira sentindo-se relaxar, Vincienzo, seu funcionário de confiança sempre pegava a caminhonete pra ir a Sicilia resolver centenas de coisas, deveria estar vindo pro horário de almoço, bom homem aquele, casado, pai de dois filhos, e fiel a esposa, ela bem quisera um dia casar, hoje, já não tinha os mesmos sonhos de antes, que homem iria querer casar com uma mulher mal educada e sem atrativo algum? nenhum!, ainda mais que ela era meio sem jeito e completamente teimosa.

Jogou sais na água e se banhou com abundância lavando bem os pés e o pescoço, ajudava muito a tirar o estresse, logo que almoçasse, iria dar a volta costumeira no velho moinho e nas casas de fermentação, na parte onde era feita a prensa e a parte de embalagem, queria ver como as novas garrafas estavam, ela havia mudado a embalagem pra algo mais convencional, Isabela não trabalhava com propagandas como as outras vinícolas, ela fazia venda direta pros comerciantes locais e interessados através de anúncios via internet, ela tinha seu próprio site e vinha dando muitos resultados, os pedidos estavam a todo vapor é claro.

Três batida na porta, ela revirou os olhos esperando que Vincienzo não trouxesse mas noticias do mercado, por que era de la que vinham os principais compradores, mas ninguém havia ligado ou mandado mensagem.

--si!

--signora!

--Fala Alice!

--tem vi-visitas!

--visitas?

--si, visitas importantes, querem falar com a signora a respeito da Vendetta, sirvo um café?