Duas semanas depois...
Os últimos dias foram concluídos dentro da minha rotina.
Seu José começou a dar as aulas ontem. Era nítida a sua felicidade em voltar para a sala de aula.
Como não percebi o quanto meu pai estava desmotivado?
Meu orgulho cresceu ainda mais quando, em apenas cinco dias, as inscrições já haviam ultrapassado o número de vinte alunos, fechando a turma em 29 jovens e adultos que estavam em busca de alfabetização.
Debatemos os métodos e as formas mais inovadoras para a conclusão do curso. Ensinei-o a usar planilhas e a organizar a maioria das coisas no seu novo laptop usado que compramos de um rapaz da rua ao lado.
"Eu preciso me renovar e captar toda essa modernização. " Com essa frase, papai me pediu ajuda. Era incrível o quanto ele se interessava e queria aprender.
Eu e Vini saímos ontem mais uma vez e mamãe está animada com um novo sabor de geleia que fez: abacaxi com pimenta. Era realmente magnífica!
A festa da igreja seria daqui a alguns dias e o povo estava animado. Márcia já havia conseguido a banda e os quitutes já estavam todos acertados. Tudo o que eu queria era que tivéssemos um ótimo retorno. Novas propagandas foram geradas pela prefeitura, e com uma banda jovem, a empolgação estava sendo maior.
Quando termino meu expediente encontro Márcia na sala dos professores, sentada à mesa, com cara de paisagem.
— Terra chamando Márcia! — brinco, sentando ao seu lado.
— Ah, oi... oi...
— O que houve?
Ela sacode um pouco a cabeça e abre um sorriso contido.
— Lembra daquele cara que eu estou conversando pelo aplicativo?
— Qual? Aquele que se intitula imperador? — pergunto.
— Imperador do Rio — reforça, meio acanhada. Esse é apenas o nick name dele.
— Nem um pouco egocêntrico, não é?
— O nome dele é Luca. Talvez seja excesso de confiança.
— Se você está dizendo... Mas então, o que está pegando?
— Ele quer marcar um encontro.
— Sério?
Ela faz que sim, apreensiva.
— Quando? — indago, pegando minha marmita da bolsa.
— Hoje.
— Hoje?
— Isso, hoje!
— Uau! Mas você quer?
Ele entorta os lábios, ponderando.
— Ele é um gato, Mari. Um gato e...
— Não vai me dizer que mandou foto de uma modelo magérrima para impressionar o cara?
— Não, eu... mandei minha foto e tal.
— E... ele gostou, senão não marcaria nada. Fico feliz em não ter mentido, até porque não há necessidade.
— Hum... — Ela vira o rosto.
— Márcia! Você mentiu sobre o quê? — Ela não sabia mentir.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Enquanto o sol brilhar (Degustação)
RomanceLivro completo na Amazon. Apenas degustação. Na monótona cidade provinciana de Vila Rica, vive Mariana. Filha única de pais amorosos, a jovem professora divide seu tempo entre as aulas que ministra para crianças na escola pública da região, os estu...