Assim que chego na escola, vejo o carro do Vini parado na porta.
Estico o braço e observo a hora no meu relógio. Já passa das 11hs.
Vou direto para a sala da diretoria e, com a porta aberta, encontro o prefeito sentado aos papos com a senhora Maria.
— Opa! Pensei que tivesse fugido da cidade, professora — diz Vini, levantando da cadeira, me cumprimentando cordialmente.
Ignoro sua brincadeira e apenas o cumprimento. Eu não estava no clima.
— Desculpe, senhora Maria, tive um problema para resolver.
— Tudo bem, Mari. Depois conversamos.
— Sim, claro.
— Se quiser ir. A Márcia segurou a sua turma — informa ela.
— Ir?
— Com o prefeito. Ele veio te buscar.
Viro-me para Vinícius que coloca as mãos na cintura.
— Reunião importante.
— Ah, sim, sim... reunião importante — confirmo.
Preciso dar um chega para lá nele! Ah, preciso!
— Então, vamos! — Vini se despede da diretora com algumas promessas e saímos da escola juntos.
— Mas que coisa, Vinícius! Precisava entrar na escola? — reclamo, assim que entro no seu carro.
— Ei! Esqueceu que sou o prefeito dessa cidade? Disse que queria falar sobre a festa da igreja. Você que a organiza. A festa é patrocinada pela prefeitura. Não tem problema nisso.
— Não venha com essa, tá legal? Eu te conheço muito bem.
— É ano eleitoral, Mari, preciso estreitar laços, colocar a mão na massa — diz, ligando o carro.
— Você é muito cara de pau, sabia?
— Por que essa violência gratuita? Ninguém desconfia da gente! Para de ser paranoica!
— Paranoica? Eu?
— Qual é o problema de duas pessoas solteiras saírem juntas? Namorarem?
— Ah, não, não! De novo, não!
— Ok! Ok! — Sua voz se eleva. — Vamos parando por aqui. Chega!
— Você que começou, Vinícius!
— Você não me dá escolha, sabia?
— Como assim?
— Eu não posso gostar de você e querer mais do que... qual o nome mesmo daquilo que você gosta sempre de especificar: sexo?
— Não, você não tem. Aliás, foi para isso que me chamou para almoçar?
Ele continua dirigindo.
— Qual é o seu problema, hein? É o Marcos? Ainda gosta daquele cara sem sal?
Nego com a cabeça.
— Você é um grosso, sabia? Eu não te devo satisfação!
— Não? Mas para sexo eu sirvo, não é?
— Bom, isso não é uma obrigação! Não fico atrás de você.
— Mas é isso que eu quero, Mari! Porra!
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Enquanto o sol brilhar (Degustação)
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