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- Tá entregue - Zain falou balançando mais uma vez o cabelo e as gotas de agua voaram pra mim.
Observei a porta de madeira da minha casa de madeira antes de me voltar pro moreno que sorria.
- Obrigada pela companhia.
- Eu ainda tô puto contigo por ter saído correndo e me deixado no mar, mas tudo bem, não por isso.
- Tecnicamente foi nadando - brinquei e ele me deu a língua.
- Huh, luau hoje?
- Yes bebe.
- Te vejo depois então, tenha uma excelente tarde Kaka.
- Tchau cara de pau.
Ele me olhou como se eu fosse uma estranha, que no caso eu era, e mandou um beijo antes de sair com sua prancha seca por não ter sido usada. Olhei o oceano a minha frente dando graças aos céus por ter sido sortuda de ter uma casa literalmente na beira do mar, ter amigos incríveis e saúde. Isso era o mais importante.
- Oi neném do pai - Ramon falou assim que me viu e eu reparei nos pratos sendo dispostos na mesa.
- E aí dad.
- Por um acaso aquele que te deixou aqui era... hum...
- Zain Javaad Malik.
- Certo vocês estão juntos?
- Céus, papai, não.
- Ah, ok.
- Ok - dei de ombros me sentando - o que tem pro almoço?
- Feijão enlatado e uma salada de ovos magnífica.
- Carne?
- Eu sou vegetariano não sei se você lembra desse detalhe - ele revirou os olhos enquanto encaixava a grande barriga embaixo da mesa, ajeitava a longa barba e os óculos na cara.
- Eu nasci no berço errado.
- Com certeza agora come e hum... a louça é sua.
Exceto pela minha cara de merda quando a notícia me foi dada, nada foi dito ou expressado durante nosso almoço 100% nutritivo. Limpei toda a cozinha assim que Ramon deixou a mesma e subi pro meu quarto louca pra que o biquini cheio de areia e água salgada saísse do corpo. Tomei uma ducha caprichando na lavagem do cabelo que se encontrava pior que a vassoura de casa e me vesti com saia longa jeans e um top amarelo, sem frescuras, imaginando manter a roupa até o luau.
- Papai? - chamei assim que entrei no quarto observando-o de barriga pra cima dormindo preguiçosamente. Por ter um bar noturno que atendia a maioria dos turistas da cidade, o dia era feito pra ele dormir.
- O que foi neném?
- Nada.
- Huh, certo, Ka? - resmunguei um yes e vi ele me chamar no dedo, automaticamente me fazendo sentar na beirada da sua cama de casal - você lembra o último pedido da sua mãe antes da morte?
- Há um ano...
- Isso.
- Ela pediu pra que eu não continuasse nessa onda de surfe - dei de ombros lembrei nas minhas tentativas humilhantes pra me manter longe do esporte dos três primeiros meses, todas foram falhas.
- E você lembra o por que?
- Por causa de Ramon.
Meu corpo todo se estremeceu assim que pronunciei o nome do meu irmão morto que carregava o mesmo substantivo que papai.
- Ramon morreu surfando.
- Eu sei, na Austrália.
- Isso é mais difícil do que eu imaginava ser - ele falou para si mesmo enquanto coçava a barba - Ka eu quero que você pare de ir pro mar.
Uma gargalhada inconsciente saiu da minha garganta.
- Não vai rolar papai.
- Você podia... sei lá, tentar?
Sua sugestão chegava a ser cômica de tão imparcial que era e eu resolvi fingir que nada daquilo estava acontecendo.
- Eu não sou competidora de surfe, como ele, eu faço isso por mera diversão e não vou parar, você queira me desculpar.
- Ka...
- Papai, não - repreendi por fim e sai batendo à porta atrás de mim.
A possibilidade de eu desistir do surf, e principalmente do oceano, chegava a ser negativa de tão nula.
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