Capítulo 3

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Quando acordei na manhã seguinte, o sol brilhava. O notebook estava no meio da cama, ainda aberto, mas provavelmente sem bateria. Tinha dormido assistindo.
Joguei minhas pernas para fora da e me arrastei até o banheiro, onde fiz minha higiene matinal.
Peguei meu celular que estava no meio da sala, junto com a cama elastica de jump e mandei uma mensagem para meus pais, dizendo que tudo estava bem e que sairia para conhecer melhor o bairro. Não demorou muito para minha mãe responder um "que ótimo filha, estamos com saudades".
Peguei um copo de água e me sentei na bancada. Aquele seria o meu café da manhã. Um copo de água fresco com 0 calorias.
Fui até meu closet e coloquei uma roupa mais quente para sair de casa. Estava mesmo querendo sair para conhecer o bairro e comprar coisas para a minha cozinha.
Peguei minha bolsa e minhas chaves e saí.
Caminhei por alguns minutos até encontrar um mercado não muito grande, fiquei feliz pot ter utensílios para cozinha. Escolhi alguns pratos, copos e talheres e peguei apenas duas panelas, ja que não estava planejando cozinhar nada.
Comprei também alguns panos de prato e ímãs para a geladeira e mais algumas coisas para enfeitar o pequeno espaço que era a minha cozinha. Caminhei de volta para o meu apartamento carregando todas aquelas sacolas. Dei graças a Deus por não ser longe o mercado, caso contrario não conseguiria carregar aquelas sacolas.
Entrei no prédio e chamei o elavador. Me sentia cansada e um pouco fraca. Não via a hora do meu corpo se acostumar outra vez a ficar sem comida.
Quando o elevador chegou, coloquei minhas coisas no chão com cuidado para não quebrer nada e apertei o 6.
Quando a porta se abriu novamente, vi minha tia caminhando em minha direção.
-- Livia! - disse abrindo os braços para me abraçar. -- Ja estava indo embora.
-- Oi tia. - disse.
-- Deixa eu te ajudar. - disse pegando as sacolas onde estavam os pratos e os copos.
Abri a porta do apartamento com um pouco de dificuldade por causa das sacolas ainda em minha mão e coloquei as coisas em cima da pia.
Minha tia colocou as sacolas que estava segurando em cima do balcão e se sentou em um dos bancos.
-- Eu não vim ontem porque sabia que estaria cansada.
Eu assenti.
Ela olhou para o espaço vazio na sala.
-- Estava malhando? Perguntou apontando para o jump na sala.
-- Estava louca para usar esse negócio. - disse.
Abri a embalagem dos copos e dos pratos e comecei a guarda-loa no armário.
-- Sua mãe me pediu para comprar algumas frutas para você. -- disse apontando para a geladeira. - Como eu bati na porta e você não atendeu, eu entrei e guardei na geladeira.
Eu engoli em seco.
-- Você não pode viver só de fast food. -- disse me encarando com seus olhos acinzentados. - Sei que é muito mais práticos sair para comer fora do que cozinhar, mas a longo prazo você vai acabar ficando doente, sem contar que vai engordar.
Minha tia, que era irmã de meu pai, não fazia ideia de meus problemas com a comida. Era obvio que ao chegar em minha casa e ver geladeira e armário vazios ela pensaria que tinha comido fora. E era o que eu tinha dito para minha mãe também.
Eu suspirei um pouco mais aliviada pelo sermão que não veio.
Meus pais não eram o tipo de pessoa que saiam espalhando as coisas para toda a família, e quando descobriram que eu estava doente, os unicos que ficaram sabendo foram os mais próximos, alguns amigos e alguns parentes da parte da minha mãe. Eu fiquei muito grata, a ultima coisa que eu queria era um bando de parente com quem não tenho contato me ligando e me perguntando como estava.
Eu era proxima de minha tia, mas não queria preocupa-la com meus dramas particulares. Ela era uma das pessoas que mais amava depois de meus pais, e com certeza ela ficaria magoada se descobrisse que a sobrinha era uma aberração que prefere passar fome para emagrecer.
-- Você tem razão. - disse. - Obrigada pelas frutas. - disse sorrindo para ela.
Ela sorriu de volta e se levantou do balcão vindo me abraçar.
-- Estou tão feliz que esteja aqui. - disse me apertando contra seu peito.
Retribui o abraço mas não lhe apertei com tanta força.
-- Eu também estou. - disse.
-- Vamos sair para almoçar? Posso te mostrar alguns lugares que você pode acabar gostando. Onde você pode conhecer gente da sua idade. - disse pegando sua bolsa de cima do balcão.
Segurei na borda da pia me sentindo atordoada. Como é que eu não tinha pensado que isso poderia acontecer?
-- Va se trocar e eu te espero lá no carro. -- disse apertando minha bochecha.
Suspirei e caminhei até meu closet, onde peguei uma calça jeans numero 36 azul escuro e uma camiseta branca com rendas. Vesti um dos saltos que minha tia havia me dado e fui até o banheiro me maquiar. Sair com a minha tia era sempre um desfile, ela estava sempre glamurosa e não aceitava que você estivesse menos do que ela. Passei uma sombra clara e um batom so para minha boca ter um pouco de cor e finalizei com um lápis preto e rímel. Peguei meu creme para pentear e arrumei alguns de meus cachos, deixando meu cabelo solto caido de lado, estava ótimo. Peguei minhas pulseiras que sempre usava e as vesti, junto com o primeiro colar que encontrei.
Peguei um casaco de cor clara em meu closet e minha bolsa e sai do apartamento trancando a porta atrás de mim.
Minha tia estava sem seu carro esportivo, me esperando do outro lado da rua. Ela acenou para mim quando meu viu saindo.
Olhei em meu relógio, eram 11hrs, o sol estava gostoso, provavelmente nem precisaria de meu casaco.
Entrei no carro me sentando no banco da frente, coloquei o casaco pendurado atras de meu banco e coloquei o cinto de segurança.
-- Essa roupa ficou ótima em você. - disse.
-- Obrigada. -- disse sorrindo. Era muito bom estar com minha tia, ela sempre levantava meu astrau, sempre fazia com que eu me sentisse bem. - Você também está ótima. - disse olhando sua calça jeans escura tamanho 36, sua camiseta vermelha colada sem nenhum volume de barriga.
Ela era tão magra.
Suspirei.
Eu queria ser magra como ela, mas se vestisse qualquer roupa colada como a dela, pareceria estar grávida.
-- Vamos almoçar no meu restaurante preferido e depois vamos ao shipping. - disse dando a partida no carro.

Lívia: hungry for thinnessOnde histórias criam vida. Descubra agora