-Mel, tem festa hoje no João e ele mandou te arrastar pra lá. –dizia Lua, enquanto trocava de roupa por conta do cheiro forte de cigarro.
Revirei os olhos e cruzei os braços.
-Eu já recusei o convite umas 15 mil vezes! Que merda, não vou aonde o Rafa for!
Foi a vez de Lua revirar os olhos.
-Ô burra, ele não vai.
-Aff... –resmunguei, cedendo.
O sinal anunciando o término das aulas tocou e fomos para a casa da tia de Lua, onde ela estava morando – o que foi muito legal, já que, por coincidência é ao lado da minha.
Assistimos alguns episódios de nossa serie favorita e acabamos viajando em nossa guerra de pipoca por ideias contrarias relacionada a serie. Quando parei para ver as horas, percebi que teria que me apressar para me arrumar á tempo para a festa.
Bastou meia hora para que ficássemos prontas.
Chamamos um taxi.
A festa estava lotada com todas as prostitutas de Black Friday do Bitchbook. Anotei mentalmente de assassinar o João. Virei-me para comentar algo com Lua, mas ela já estava sendo devorada por um menino qualquer.
-Que fogo na bunda hein, srta. Miggiorin! –comentei entre risos. Ela ergueu o dedo do meio em minha direção num protesto silencioso, sem interromper o beijo por um segundo sequer.
-Vão para um quarto! –gritou João, que acabara de surgir ao meu lado e me dera um selinho.
Dei uma leve risada.
-Tá bêbado, né? –perguntei, sentindo o cheiro do álcool impregnado em suas roupas.
-To nada, magrela. –protestou ele.
-Mano, tu ta fendendo que nem loja de uísque. Te apresento Listerine, ou vai morrer BV. –comentei com um sorriso divertido.
-E você sem o Rafa. –retrucou.
Ele entrelaçou nossas mãos e ficou brincando com meus diversos anéis e pulseira. Fiz uma careta em sua direção e ele abraçou minha cintura de um jeito... quase sexy. Até ele arrotar na minha cara.
-Que nojo. –gargalhei.
Afastei-me daquela área da festa e, ao dar uma volta, logo avistei Vitor com outra de suas presas. Revirei os olhos ao pensar que já fomos amigos, até ele e Rafa começarem a dar uma de mulherengos.
Caminhei com passos lentos na direção da cozinha da casa. No armário, peguei uma garrafa de vinho antiga dos pais de João. Estava prestes a abrir quando a peste arrancou aos gritos a garrafa de minhas mãos.
-Não porra! Tira a mão disso! –gritou. Mordi o lábio para segurar o riso diante de seu desespero. Ele me estendeu uma Ice e sentou comigo no degrau da cozinha.
Fiquei observando, cabisbaixa, as pessoas dançando animadas na pista de dança. João seguiu meu olhar e perguntou:
-Por que você não esta lá, dançando ou bêbada? –ele tentou puxar minhas mãos para o centro da pista, mas mal me movi.
-Ahn... Não estou muito a fim. –respondi em disparada. –Me da a chave do seu quarto, por favor. –pedi, abraçando minha cintura. –Só até a Bea chegar.
Ele revirou os olhos.
-Qual é Mel! Se diverte, dança um pouco, ta tocando suas músicas favoritas. –eu estava pronta para recusar, mas ele acrescentou em seguida: -Por mim.
Resmunguei qualquer coisa como resposta e me dirigi á pista de dança. A música tinha uma batida animada, o que me contagiou. Sem parar de dançar, observei um garoto de olhos verdes se aproximar e dançar colado á mim. O álcool estava começando a fazer efeito sobre mim, então não me importei em dançar com ele.
Tudo teria corrido bem se ele não tivesse tentado me beijar.
-Sai cara, ta entendendo tudo errado! –protestei, o empurrando.
Ele pareceu não ter me ouvido e deu risada.
-Ih gata, ta puta? Você provocou, agora termina! –ele tentou me agarrar pelo braço, mas recuei até quase trombar com outra pessoa que dançava próxima de nós.
-Sai de mim, babaca.
-Sou o Henryque, gata.
-Caguei pro seu nome, me deixa em paz!
-Para de graça. –eu não tinha para onde correr. Ele me puxou pelo braço e eu não queria nem imaginar o que teria acontecido se Rafa não tivesse aparecido.
-Solta ela! –Rafa ergueu a mão e lançou-a no rosto do tal Henryque. O garoto pareceu ficar indeciso entre revidar e ir embora. Para minha sorte, ele se virou e saiu com o lábio sangrando.
-Você ta bem? –perguntou Rafa, segurando meu braço para que eu não caísse.
Abri a boca para responder, mas nesse exato segundo, Marry entrou acompanhada de Bea e Caroline, que fez questão de me dar um empurrão para perto de minhas amigas e puxar o Rafael.
Não segurei por muito tempo, levei Marry e Bea para um canto afastado e deixei que elas me reconfortassem quando as lágrimas invadiram meus olhos e caíram sem controle.
Me reconstituí minutos depois e voltei dançar.
Ao longe, um garoto loiro me secava, o que me fez me questionar se minha roupa estava provocante demais. Mas não estava. Eu usava um vestido levemente colado ao corpo, num tom rosado puxado para o vinho de mangas três quartos e a saia batendo na metade das coxas.
Revirei os olhos ao ver que ele continuava a me encarar.
Exausta, saí da pista de dança quando começaram a tocar minhas músicas com o Rafa. Sentamos em um dos bancos que estavam dispostos ao redor da área da piscina.
A música que Rafa tinha escrito para me pedir em namoro explodia das caixas de som. Mordi o lábio para segurar o choro.
Qual é, já se passaram 5 meses. Supera!
Num só gole, bebi toda a caipirinha de manga que tinha pego. Virei-me parar jogar o copo no lixo e tive a visão de Rafa de pé, com blusa social azul escura, igual a que tinha dado para ele. Meus olhos encheram de agua e não fiz esforços para segurar. Quando levantei a cabeça novamente, não o vi. Notei que tudo não havia passado de coisas da minha cabeça.
Por que? Por que eu só penso nele? Ele me iludiu, me fez acreditar que o tínhamos era real, me magoou mais do que nunca e eu só queria odiá-lo.
Meus pensamentos foram interrompidos por um vídeo que começou a rodar no telão. A principio, pensei que fosse armação do João, mas eu estava muito enganada...

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Fucking Girls
Teen FictionAtrás da frieza e de toda maldade, existe um coração partido.