Malediction

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Acordei na manhã seguinte com raios de sol formigando em minha pele e amaldiçoei-me por não ter fechado as janelas. Sentei-me na cama sentindo minha cabeça latejar por conta da dor e notei estar seminua.

Levantei ás pressas e vi os lençóis de minha cama remexidos de ambos os lados, não apenas do meu, como se alguém além de mim tivesse dormido nela.

Pela porta aberta, ouvi um estrondo alto ecoar pelo corredor, vindo da cozinha. Assemelhava-se ao barulho de um prato quebrando. Um tanto atordoada, corri para ver o que estava acontecendo.

Havia um homem de pé em minha cozinha, de costas para mim mexendo em algo no fogão. Seria uma situação quase normal se ele não estivesse apenas com uma boxer branca.

-Bom dia, gata. -ele sorriu abertamente para mim.

Era um homem e isso não tinha duvidas. Aparentava estar em seus vinte anos, tinha pele bronzeada com cabelos extremamente negros, assim como os meus, e lindos olhos verdes. Mas por Deus, quem era ele?!

-Ahn... Bom dia? -perguntei confusa. -Eu te conheço?

-Eu, você não lembra? -ele cruzou os braços e sua cabeça tombou pra a esquerda. Mordi o lábio para evitar um sorriso. Balancei levemente a cabeça para me concentrar no que ele dizia. -Eu sou o Erick, nos encontramos na praça de madrugada e você praticamente se jogou em mim. -ele deu uma leve risada, se divertindo com a lembrança. -Conversamos um pouco, você me beijou e então nós acabamos...

Cobri meus olhos, envergonhada de mim mesma.

-Nem termina! -o interrompi com a voz esganiçada. -Meu Deus, a gente...?

Ele confirmou com um aceno de cabeça e eu enlouqueci. Eu tinha mesmo ficado com um cara e nem sequer recordava-me dele? Meu Deus, eu me sentia suja.

Fiz esforços desesperados para mudar de assunto.

-Meu Deus, que dor de cabeça. -resmunguei. -Erick, certo? Pega uma aspirina pra mim, por favor. -Pedi, erguendo o braço em seguida. -Está na segunda gaveta.

Ele colocou um prato com ovos e bacon e um copo com suco de laranja diante de mim, pondo a caixa de aspirina ao lado deste em seguida. Ele me lançou um sorriso enquanto eu provava o primeiro pedaço.

Estava tudo muito delicioso e fiz questão de deixar isso claro para Erick. Comi apressadamente toda essa refeição mais que saborosa e então percebi que Erick não tirava os olhos de mim, me olhava como se a qualquer momento fosse me atacar. Aquilo me deixou bastante nervosa então peguei a caixa de aspirinas e engoli duas cápsulas de uma só vez,me pondo a levantar rapidamente.

Tracei um caminho até o meu quarto para ir me vestir. Eu caminhava com passos hesitantes, notando-o atrás de mim, recolhendo suas roupas pelo caminho. Senti minha respiração ofegante conforme ele se aproximava para me beijar.

Fiquei um tanto aturdida, mas acabei por retribuir. Afinal, o que era um beijo para quem já tinha passado a noite? E era bom - e como - mas não se igualava ao de Rafael.

Praguejei mentalmente por pensar nele mais uma vez.

Eu ainda estava exausta e resolvi ir me deitar mais um pouco. Temi que Erick pretendesse se deitar ao meu lado, mas suspirei aliviada ao vê-lo sentado na sala. Ao acordar, ele já havia se retirado.

Melhor assim, pensei comigo mesma, odeio despedidas.

Olhei rapidamente as horas no visor eletrônico do celular e deduzi que se me apressasse ainda poderia entrar no colégio. Vesti-me com a primeira roupa que encontrei no closet e sai voando porta afora.

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