Always Win

48 5 1
                                        






A principio, pensei que fosse armação do João, mas eu estava muito enganada...

... Era meu vídeo de aniversário de dois anos de namoro. Mas de repente, mudou para outro vídeo, um que eu não tinha ideia da existência. Vi a imagem de Rafa com umas meninas e uns amigos, eles fumavam o que eu acreditava ser maconha, bebiam e riam.

-Meu Deus Rafa, por que tu tá pegando a Mel? –ouvi a voz falhada de Vitor. –Ela é gata e tals, mas pra quê namorar?

-Eu tenho que começar de algum lugar, então por que não por baixo? –Rafa respondeu.

O vídeo poderia terminar por ai, mas com a minha sorte fora do comum, não foi bem assim. Tive um breve momento de alivio quando o vídeo foi interrompido por outro, mas preferiria ter que continuar ouvindo aquelas merdas do que ter de ver o que veio a seguir.

Agora, imagens de Rafa e Caroline quase se engolindo brilhavam no telão. Todos na festa prestavam atenção e alguns poucos idiotas olhavam para mim, esperando qualquer reação. A imagem de Caroline levantou a barra da blusa, tirando-a e a de Rafa, sem camisa, falou:

-Te amo, gostosa.

Antes que eu pudesse ver outra coisa, corri o mais rápido possível para bem longe da festa. Ao passar pelo portão da casa, vi, de relance, um João atordoado tentando desesperadamente tirar o vídeo do ar, sem sucesso.

Corri um pouco mais rua abaixo, parando quase sem folego.

-Que foi Melzinha? –ouvi a voz anasalada de Caroline. Levantei os olhos para um taxi parado bem á minha frente. Ela sorria no banco traseiro. –Não ta curtindo a festa?

-Sai daqui, prostituta de caridade! –explodi.

Ela riu e passou a mão pelo cabelo.

-Ta boladinha? Que foi? –questionou, fingindo preocupação. –Percebeu que ele falou para mim as três palavrinhas em dois minutos, sendo que em dois anos ele nunca disse nada parecido pra você?

-Não precisava disso! –murmurei, tentando segurar o choro.

-É claro que precisava. –rebateu ela. –Isso é pra você aprender que ninguém mexe comigo e sai impune. Eu sempre venço, aprenda querida.

-Eu te odeio! –gritei.

-Como se eu me importasse com você. O Rafa que importa, e ele me ama. Beijinhos! –ela mandou um beijo pro ar e ouvi sua gargalhada ir sumindo aos poucos, conforme o taxi desaparecia rua abaixo.

Com o dinheiro restante, chamei um taxi e fui pra casa.

Deitei no gramado do jardim e deixei que as lagrimas corressem por minhas bochechas até não ter mais o que chorar. Chorei de raiva daquela vadia, porque no fundo, ela tinha razão. Eu não passava de uma garota iludida e mal amada.

Em minha cabeça, flashbacks da noite iam e vinham.

Tinha sido uma experiência horrível, estava com o coração mais do que partido. Dizem que coração partido dói, mas naquela noite, meu corpo inteiro doía. Cada parte de mim exalava raiva e ódio, mas principalmente dor, dor que eu queria colocar pra fora com lágrimas incessantes.

Prometi a mim mesma que não derramaria nenhuma outra lágrima por ele, que o esqueceria nem que fosse por conta de bebida.

Peguei a garrafa de vodca largada ao meu lado e atravessei a rua, indo aos tropeços para uma praça que eu costumava ir na minha infância. Sentei num velho balanço um tanto enferrujado e dei um gole na bebida. Ela desceu queimando por minha garganta e dei outro gole. Quando Lua chegasse, eu veria de onde estava e poderíamos conversar sobre hoje.

Quase três horas depois, a vi saindo cambaleante de um carro.

Minha ideia inicial teria sido chama-la para conversar, mas eu estava ocupada demais com outra coisa...


Fucking GirlsOnde histórias criam vida. Descubra agora