Capítulo 6 - Filho da mãe

193 31 152
                                    

| EVAN |

Acabo de receber a prova mais concreta de que o universo é injusto.

Nessa altura, os bacons crocantes e suculentos do X-bacon de Gabriel já começaram a cair no prato graças ao excesso. Com ele longe, está seria a oportunidade perfeita para dar uma mordida. Infelizmente, minha consciência não me deixa. Olho para minha barra de cereais, depois para o lanche, e perco meu apetite.

Sentada do meu lado, River também me parece insatisfeita com sua comida. Ela tira um sanduiche com uma gosma bege e fedorenta escorrendo no papel. Depois de alguns segundos encarando a gororoba, ela a embrulha no papel e guarda no bolso.

Spencer está sentado na ponta da mesa, comendo a mesma barra de cereais. Me pergunto como ele consegue comer algo sem graça com um sorriso tão grande no rosto. Deve ser culpa da menina de sobrancelhas grossas do lado dele. Desde que sentei, Spencer não tirou os olhos dela. Sentados ao meu lado estão uma garota baixa e um menino moreno. Os dois estão flertando um com o outro, o que me faz pensar se devo mudar de assento.

-Ah, você voltou! - exclama Julia ao ver Gabriel. - E vejo que continua comendo por nós dois.

Ele faz uma careta, depois aproxima o lanche mais perto de Julia. Ela solta um gemido de nojo.

-Não entendo como você consegue amar bacon.

-Não entendo como você não consegue comer carne! - Ele diz no mesmo instante em que uma loira passa atrás dele, sugando toda sua atenção. - Carne é a melhor coisa desse mundo.

-Cuidado, ouvi dizer que piranha é cheia de Ômega 3... -Julia fuzila a loira com os olhos.

-Nesse caso, seria o salmão - corrige Spencer. Pelo visto, ele ainda não captou o clima.

Com todos na mesa, River pergunta o que fizemos durante as férias.

-Nesse verão, minha mãe e eu fizemos uma turnê nas fábricas da família - diz Julia. - O que foi muito entediante, por sinal. Isso só serviu para reforçar meu desejo de não assumir os negócios no futuro, mas enfim... Depois de cada visita, ela e eu fazíamos um passeio a cidade. Precisei da ajuda do meu mordomo para carregar todas as sacolas. Foi muito divertido!

Nós encaramos Julia boquiabertos.

-O que foi? - ela pergunta confusa.

-Depois não entende quando te chamam de riquinha - Gabriel murmura.

Julia abre a boca para falar, mas Gabriel a interrompe.

-As férias das pessoas normais, que não nadam em pilhas de dinheiro, também foram divertidas. Consegui um meio-período na barraca de salgados artesanais da minha mãe. Por um milagre, fomos escolhidos para trabalhar durante o festival.

Julia limpa a garganta com os olhos fixos em Gabriel.

-Milagre? - ela indaga.

-Ou, tanto faz, recomendação - ele dá nos ombros. - O importante é que vou estar no festival, mesmo que seja na frente de uma fritadeira.

-Farei questão de te ver usando avental.

-Vou estar encantador como sempre. - Ele retruca com um leve sorriso no rosto.

Posso jurar que vi Julia enrubescer um pouco. A ignoro para ouvir River falar sobre as férias dela. Aparentemente, ela e a mãe não são do Havaí. As duas economizaram e decidiram viajar para o Brasil, matriculando River aqui depois que chegaram.

-Você não se parece nada com uma Havaiana - comenta Spencer. Como sempre suas palavras vem carregadas com seu sotaque australiano.

-Vocês dois não falam como brasileiros. - Ela franze o cenho. - De onde são?

Planeta Zodiaco - A Ascensão dos 12Onde histórias criam vida. Descubra agora