Capítulo 2 - Dois homens e meio

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| EVAN |

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| EVAN |

Um trovão irrompe no céu, o som agudo o bastante para me fazer gemer de dor.

O garoto ao meu lado percebe e estende uma cartela de algo chamado dipirona em minha direção. Eu recuso, com medo de que mais algum remédio faça minha cabeça explodir – dessa vez, literalmente. Pela pequena janela do quarto, observo o céu onde a luz acabava e as trevas dominavam. Embora a chuva tenha cessado, as nuvens continuam ali. Suas formas negras zombando de mim. É o melhor que pode fazer natureza!? Do lado de fora, a floresta é uma criatura voraz e astuta pronta para deixar andarilhos em pedaços, mas, agora que estou dentro de uma casa, deitado em uma cama quente e vestindo roupas limpas, ela se parece mais com uma fotografia do que qualquer coisa. Algo que não posso tocar, mas que também não pode me ferir. 

Tento me levantar, mas sou impedido pelo garoto.

-Não faça esforço – ele diz, com um sotaque estrangeiro forte. Então, parecendo se lembrar dos bons modos, ele adiciona: – ... por favor.

Me recolho para dentro do cobertor de lã grosso, grato pelo calor e o conforto. Ouço uma palavra ser sussurrada em um canto escuro da minha mente: Seguro. Mas a verdade está longe disso. Fui acolhido pelos moradores, mas ainda não sei nada sobre eles. Posso estar sendo drogado nesse exato instante para acordar em outra cidade com outro nome. Só sei que não estou sozinho com esse garoto, pois ouço passos pesados vindo de algum lugar na casa.

Então, quando pisco, é como se visse o quarto pela primeira vez. Duas camas de solteiro feitas de madeira, uma da qual estou deitado, e um criado-mudo entre elas. Em cima dele há um abajur e três livros empilhados. Há uma série de roupas e malas jogadas no chão.

O garoto puxa sua cadeira de rodas para perto e estende um termômetro, sem me olhar nos olhos. Pensando bem, nós dois aparentamos ter a mesma idade. Ele tem um rosto fino, o cabelo castanho totalmente despenteado e olhos castanhos, escondidos por trás de uma armação retangular simples. Mal percebo minha indelicadeza em não cumprimentá-lo.

–Ah, me desculpe mas... Quem é você?

-O quê? – O garoto ajeita a base do óculos. Ele parece genuinamente surpreso. – Sou eu, Spencer. Seu irmão.

De repente, todo mundo ao meu redor congela. Olho para ele boquiaberto, sem saber o que dizer. Minha mente zuni em busca de resposta, sem encontrar nada. Não, tenho vontade de gritar, mas algo dentro de mim diz sim. Nesse momento a porta se abre e um homem vestindo sobretudo entra dando passos pesados.

-Oh, James, bem na hora! – Spencer vira a cadeira em sua direção. – Preciso conversar com você sobre...

-Depois – ele interrompe.

James é uma coleção de linhas duras e traços definidos - mandíbula reta, postura firme e braços fortes. Noto grandes olheiras em seus olhos cor de avelã, mas tirando isso não parece cansado. Seus lábios lentamente começam a se entortar, formando um sorriso torto. O homem se inclina e então me abraça com uma força surreal. Ele tem um cheiro estranho - e familiar - de café.

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