Há um tempo, senti que eu, meu interior, minha alma, havia fugido pra bem longe, longe dos problemas, longe da cidade em que vivi toda minha vida, correu como um cavalo nos campos, voou como uma folha na forte ventania. Fugiu. Sem olhar para trás, sem hesitar. Me sentindo vazio, naquele lugar monótomo, peguei minhas coisas, montei no melhor camelo que tinha em meu rancho e sai em busca do meu eu interior, tentando reencontrá-lo.
Desde então vivo viajando.
Na estrada encontro um velho e aproveito para pedir informação, e pelo o que parece, o povo de Therodar está criando uma revolução e protestando, hoje não era um bom dia para visitar o reino.
A grande montanha, ela me chama a atenção, desvio do caminho de Therodar e vou em direção ao sul, sinto que devo visitar aquela gigantesca pilha de neve e gelo que formava um triângulo branco no horizonte verde.
Só de olhar a montanha sinto frio e cada vez que me aproximo, esse frio aumenta. Receio que meu camelo não aguente as temperaturas baixas.
Começo a seguir um caminho subindo a montanha. Meus pés cobrem de neve e do nada surge uma leve nevasca. Me abrigo em uma pequena gruta, por sorte, achei galhos secos de uma árvore morta, tenho o suficiente para fazer uma fogueira, talvez seja melhor deixar meu camelo aqui e seguir sozinho.
Caminho pela neve, não desejo chegar ao topo, já subi bastante e não parece nem o começo. Não deve ter nada por aqui, mas vou seguir até o máximo que aguentar. Logo após me decidir ouço alguns leves passos apressados atrás de mim. Estava sendo seguido. Me mantive calmo e constante, esperando que, o que quer que seja aquilo, não note que eu tenha o percebido. Os passos pararam.
Após um tempo subindo, chego à uma parte plana, tiro um tempo para observar a vista, os campos , os sons de passos na neve voltaram, estavam ao redor de mim. Por precaução eu tiro a espada de minha bolsa só por precaução, era a terceira vez usando ela, um vulto branco e pequeno passa por meus olhos. Foi difícil identificar o que era, afinal, quase tudo estava branco devido a impossível nevasca que caia.
Sigo meu caminho mais alerta, ainda escutando os passos atrás de mim, alguns mais rápidos e inquietos, outros mais distantes.
Penso se não é algo da minha cabeça, estou louco? É efeito da temperatura? Viro para trás subitamente, para ter certeza, o que vi me deixou espantado. Eram quatro, quatro pares de olhos azuis brilhantes, quatro criaturinhas de neve camufladas, são fofos mas estava assustado, parece que eles também.
Enquanto os outros observavam, um deles se aproximou de mim, não parecem ser ofensivos,
Não falavam, mas parecia que queriam me levar a algum lugar, comecei a segui-los.
Me levaram até o que parece ser um chalé, onde um homem alto e velho me recebeu, observo suas vestes azuladas e então ele me diz.
-Bem vindo. -Sua voz era um pouco tremula, mas imponente.
-Olá, você mora aqui? -Parecia obvio, mas não sabia como aguentava aquela temperatura diariamente.
-Sim, entre, por favor.
Ele era bem convincente, estava com muito frio e não podia recusar aquele chalé aconchegante. Entrei, me sentei um uma das poltronas na frente uma lareira, uma das pequenas criaturas de neve apareceu estendendo o braço com um copo de chocolate quente nas mãos.
-Oh, eu aceito! -Ele pareceu feliz quando peguei o chocolate.
A caneca estava um pouco gelada, mas estava muito gostoso, o velho sentou na outra poltrona com uma caneca em mãos, olhando o fogo.
-E então, aventureiro, o que achou da montanha? -Seu olhar estava perdido no fogo da lareira.
-Não sou um aventureiro, sou um viajante, não busco aventuras, apenas viajo.
-Sabe rapaz, você foi o único a não me responder gelada ou fria, algo desse tipo, além de também ser o único a perceber minhas pequenas crias...
-Como assim? -O interrompo.
-...E também o único a quem conto esse segredo meu, sou um mago conjurador e criei essa criaturas da neve e gelo que encontrou. -Ele continuou. -Mas então, por que você é um viajante e não busca aventuras?
Então eu expliquei, tudo o que sentia sobre minha "alma" e antes que pudesse terminar ele interrompeu:
-Sua alma não te abandonou, ela apenas mudou e você não conseguiu compreendê-la sua alma gosta de ir para lugares diferentes e conhecer coisas... é só isso. -Ele fez um olhar sério.
-Nunca parei pra pensar esse lado, tudo faz sentido agora, obrigado por esclarecer minha mente senhor... ainda não nos apresentamos não é?
-Não tenho um nome, jovem.
-De onde venho não nos nomeiam, então temos algo em comum...
Ele observou o fogo:
-O que mais te incomoda nessas jornadas? -Ele juntou as mãos.
-É um tanto... difícil... este mundo é perigoso e tenho medo de que uma simples espada não vá bastar.
-Entendo, então nesse caso... -Suas mãos esfriaram e começaram a emanar uma fumaça. -É perigoso ir sózinho, pegue isto.
Ele estendeu a mão e me entregou um cristal de gelo, lindo, puro, e frio, então explicou:
-Em caso de necessidade isso vai brilhar... e um desses pequeninos de neve irá se formar e te ajudar, esse cristal é um coração, ou seja... ele dura até quebrar, então tome cuidado.
O cristal queimava minha mão como se encostasse em gelo, então o guardo na bolsa.
-Irei cuidar dele, muito obrigado.
-Acho que é isso... gostaria de passar a noite? Algo que sempre quis fazer é contar a história desse lugar pra alguém dormir.
-Não sou uma criança de oito anos, senhor, mas adoraria passar a noite e escutar sua história, como minha mãe fazia para mim.
Após muitos minutos conversando, me deitei e ele sentou em uma cadeira ao meu lado e me contou o inicio de tudo, de como essa terra foi dividida em duas e assim criada. Logo adormeci.
Acordei cedo, arrumei as coisas, agradeci mais uma vez o bom senhor e parti, uma de suas criaturas me guiou pelo caminho mais rápido e seguro até o local que deixei meu camelo, ele estava sendo cuidado por outros dois monstrinhos de neve.
E assim, eu parto em busca de novos lugares, novas histórias e culturas, sempre seguindo em frente...
Hyoo! Espero que tenha gostado, marque ☆ se gostou, dois beijos, obrigado por ler e até o próximo conto ;D
Art por: Daniel Dallagnol
http://danieldallagnol.deviantart.com/
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Contos De Riverwitch
FantasyEm Arreth, um planeta cheio de criaturas místicas e mágia há uma terra denoninada de Riverwitch, onde os seres viviam em harmonia e paz, porém o mal foi despertado novamente e ameaça a prosperidade de toda Riverwitch, reinos e cidades não poderão ma...