Se estivermos quites, estamos bem.
— Tua mãe quase me matou aquele dia. – Frederick disse rindo com a lembrança. Abby concordou, rindo junto com ele. O som da risada de Fred era legal.
— Meu pai quase me matou aquele dia. – Ela disse, se aprumando e esfregando os braços. Frederick se aproximou de Abby, sentando-se ao seu lado e entregando seu casaco para a mulher. Em circunstâncias normais, ela negaria, mas estava com frio demais para isso. — Obrigada.
— De nada. – Ele respondeu sorrindo. Abby ajeitou o casaco em seu corpo, e algo caiu de seu bolso. Uma foto. – Ah... – Disse ele coçando a nuca. Abby recolheu a foto.
— Você ainda gosta muito dela, não é verdade? – Abby questionou observando a loira sorridente com uma criança no colo que eram abraçadas por um Fred muito feliz. – Ângela, apesar de tudo, era a garota mais bonita que já vi na vida. Ela me lembra da Lola.
— Lola me lembra de você. – Revelou fazendo Abby olhá-lo assustada. – Ela é... Forte demais e impulsiva demais. É rebelde.
— Você já parou pra pensar que você e Ângela também eram assim? – Ele deu os ombros.
— Sim, mas... Eu não tinha contato com a Ângela há muito tempo, não sei mais como ela é. – Deu os ombros, suspirando. – Acho que nunca soube.
— Não tinha ou não tem? – Perguntou franzindo o cenho sem entender.
— Ângela está voltando. – Ele confessou, fazendo Abby ficar boquiaberta. – Ela está... Ela está querendo conviver com Lola. – Disse com os dentes trincados. Aquela informação lhe causava nojo, tamanha hipocrisia. – Eu a criei, eu sou o pai e mãe dela. Não Ângela. – Explicou.
— Mas... Você gosta dela, não gosta? – Questionou erguendo a foto perto de seus olhos. – Gosta da Ângela apesar de tudo o que aconteceu.
— Eu peguei essa foto apenas para mostrar pra Lola... Não sei como contar isso pra ela. – Explicou.
No carro, Lola abaixou a tampa do notebook com força. O nó na garganta estava prestes a se romper quando a menina olhou para a janela, tentando evitar que Aidan a visse daquela forma.
— Lola... – ele chamou, fazendo-a respirar fundo. Mesmo assim, ela não se virou. – Lola! – Aidan chamou de novo, lhe fazendo virar-se para ele, segurando seu queixo. – Olhe pra mim. – Ela limpou uma lágrima que escorria por sua bochecha. – Não importa o que aconteça, eu vou estar aqui para te ajudar, ok? – Ele disse a fazendo concordar com a cabeça e cair no choro. Aidan suspirou deitando a cabeça da menina em seu peito. – Eu tô aqui. – Disse novamente. – Eu tô aqui com você. Pra sempre. – Lola soluçava e tremia com a força de seu choro.
Acredito que no mundo inteiro, Aidan era a única pessoa que sabia exatamente os sentimentos de Lola em relação à mãe. E seus sentimentos estavam muito machucados.
— Por que, Andy? – Ela questionou se erguendo, o fazendo olhar para ela. – Por que ela tem de voltar justo agora? Por que ela tem de me fazer sofrer assim? Já não bastou ter me deixado quando eu era pequena? Por que tem de me machucar ainda mais?
— Lola, para! – Pediu, limpando o rosto da menina com as mãos. – Para de chorar, para! É Natal. E eu tô aqui com você, e ela não vai poder chegar perto enquanto eu estiver perto, só basta você querer. – Explicou, observando os lindos olhos azuis.
— Você promete? – Questionou entre soluços.
— Eu prometo.
Lá em cima, Abby e Frederick ainda conversavam sobre aquilo.
— Louis também nunca foi um pai presente. – Ela explicou, tentando mostrar que o seu lado da história com relação ao pai do seu filho, que também não era lá muito fácil. – Ele se mudou pra Rússia e só vem ver Aidan algumas vezes. Ele pelo não fugiu, mas ainda assim, não é fácil.
Frederick não falou nada por um instante. Apenas observou Abby que parecia um pouco envergonhada com aquela situação toda. Suspirou antes de desviar o olhar, e começar a falar:
— Você sabia que na França existe uma tradição, que todo o natal tem de ir à casa de seu inimigo e pedir perdão por tudo? – Abby negou com a cabeça, e ele esfregou o rosto rindo. – Bem... Eu estou na sua empresa e... Por favor, me perdoa, Abigail. – Ela arregalou os olhos, assustada. – Me perdoe por tudo o que eu te fiz passar desde que nos conhecemos, sei que isso deveria ter parado há muito tempo, e que... Que eu sou um idiota infantil por brigar com você apenas por respirar. Nossos filhos são melhores amigos, por que nós não poderíamos tentar pelo menos fazer com que isso se torne menos constrangedor para eles? Podemos ser amigos!?
— Eu acho que... – Ela se ergueu, andando de um lado para o outro com as mãos nas cinturas. Frederick revirou os olhos. – Você está me zoando, não é Lynch? Tipo... Depois de uma vida de ódio, você vem e me... E me pede perdão por tudo?
— Fiz minha parte, certo? – Perguntou retórico. Abby coçou a nuca antes de parar na frente de Frederick.
— Ok. – Disse concordando com a cabeça. – Ok. – Falou com mais firmeza. – Vamos... Vamos nos desculpar. Eu peço desculpas também, desculpas por... Por te irritar e fazer... Fazer da sua vida um inferno. – Disse suspirando. – Me desculpe por isso e por... Tudo.
— Pela fila no primeiro dia de aula também? – Abby revirou os olhos, suspirando.
— Pela fila não. A fila fica para um momento mais propício. – Disse rindo e Frederick se levantou, lhe estendo a mão. Abby a apertou firme, e os dois riram tamanha a idiotice de tudo aquilo. – Amigos?
— Amigos, Vicent. Amigos. – Sorriu novamente, puxando a garota para um abraço. Mas esse não durou muito, já que se afastaram ao ouvir um clique e a porta se abrindo. Lola e Aidan os observavam com sorrisos zombeteiros no rosto.
— Pensei que nunca e você, Lolita? – Aidan questionou olhando a amiga, teatral.
— Estava quase deixando de acreditar que iríamos comer algo hoje, Andy. – Respondeu, dando alguns passos para dentro da sala com os braços cruzados. – E aí, gostaram?
— Foi tudo armado, não é? – Frederick perguntou a olhando com olhos em chamas. A menina deu os ombros.
— Desde o principio.
— E como sabiam que já havíamos nos desculpado? – Perguntou Abby, erguendo as sobrancelhas. Aidan sorriu. – Seu peste! – Disse arregalando os olhos. – Onde está a câmera?
— Muito bem escondida. – Disse, antes de piscar. – Agora, por favor, vamos logo. Temos uma árvore para montar. – Falou erguendo as luzes e as sacudindo no ar.
Abby e Frederick dividiam o mesmo sentimento naquele momento. Queriam matar os dois, mas ainda assim, o resultado daquela noite havia sido bom demais para estragar com broncas.
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Operação V I N C H (Concluída)
Historia CortaApós terem seu Natal arruinado pelos pais, Aidan Vicent e Lola Lynch decidem que as coisas não vão ficar por isso mesmo. Dedicando-se a ter o melhor Natal do mundo, e dispostos a se vingarem, encontram uma bela oportunidade para juntar diversão e Ab...