PRÓLOGO

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­­ - Quando você vai decidir voltar?- me pergunta aquele corvo novamente.
Eu nunca sei do que ele esta falando, mas parece que minha única companhia nesse lugar, sabe mais coisas sobre mim do que eu mesmo.

- Eu não sei para onde preciso voltar.

- Você sabe, você sabe, você sabe- diz ele voando em minha direção e me bicando. O Afasto, e ele voa em direção a janela.
Toda vez ele faz isso, e no final eu fico sozinho nessa masmorra até adormecer.
Para onde preciso voltar? Melhor, como eu vim parar aqui?
O lugar onde estou não me parece muito agradável, tenho um "quarto nas nuvens" como o corvo costuma dizer.
Isso seria o máximo, se ao menos houvesse uma porta ou uma escada na janela e claro, se eu conseguisse enxergar o chão.
Dentro do "meu quarto" há somente uma cama. Durmo a maior parte do tempo, até o corvo chegar dizendo que eu preciso voltar.
O que eu não entendo é porquê eu preciso voltar.
se é que existe alguém me esperando, não parece muito preocupado comigo.
Deito em minha cama e acabo pegando no sono.
***
É hoje, é hoje, vamos, você precisa voltar agora! -Diz o corvo em cima de mim.
O Afasto e sento na cama.
_ já disse que não sei para onde preciso voltar, pare com isso.
_você sabe, sempre soube, você encara sua saída dia após dia- ele diz voando até a janela.
Espera, o que? Ele realmente acha que eu vou me jogar?
_Desculpa passarinho, eu posso até não lembrar-me de como parei aqui, mas sei muito bem que eu não vôo.
_E quem disse que você não voa?.
_Eu sei que não, veja, eu não sou como você, não posso voar.
_e quem disse que você vai voar?
_você! É isso que está me dizendo! digo me aproximando dele.
_Não, estou te dizendo que essa é a sua única saída, e não que você vai voar -diz o corvo indo em direção ao sol que estava nascendo.
-ESPERA! Você não disse que era hoje o dia em que eu finalmente sairia daqui?_ grito enquanto ele voa.
- sim, e disse isso ontem também, eu te mostro o caminho, mas você decide quando vai dar o primeiro passo. E logo depois, ele some.
Fico pensando no que ele me disse, ótima maneira de acordar alguém não?
Mande-o pular de uma janela tão alta, cuja única visão sejam nuvens. E bem,vá embora depois!
Mas, e se der certo? Aliás, o que eu tenho a perder?
Não quero viver assim para o resto da minha vida.
Se eu me jogar, eu morro lá embaixo, ou descubro que sei voar.
É mais provável a minha morte.
_Não pense muito, vamos logo com isso.
subo na janela olho mais uma vez para dentro do quarto, respiro fundo e impulsiono meu corpo para frente.
Fecho meus olhos e relaxo.
Não é tão ruim assim, digo, imaginava a morte como uma coisa mais dolorosa.
No entanto, sinto meu corpo cheio de adrenalina, como nunca senti antes.
me sinto vivo.
A queda ganha uma velocidade maior então sinto um choque terrível em meu peito e de repente alguma coisa estilhaça.

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