capítulo 18-último

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E eu vou engolir meu orgulho Você é a pessoa que eu amo e eu estou dizendo adeus Diga alguma coisa, eu estou desistindo de você
Say something-cristina Aguilera.
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O dia estava nublado,o que era comum em Seattle.Mas hoje parecia que isso se dava em característica do meu humor.
As nuvens pesadas anunciavam que iria chover, enquanto pessoas se apressavam para chegarem ao seus destinos antes da tempestade.
Continuo encostado na janela do quarto de Anne,até que escuto sua voz.
Já fazem duas semanas desde que tudo aconteceu,embora minha esposa tenha tido alguns avanços significativos,os médicos acharam melhor que ela permanecesse no hospital até o dia do nascimento dos meninos.
-Estou com sede!-Sua voz um pouco rouca invade meus ouvidos.

-Vou pegar água pra você!-Pego uma garrafinha e um copo com canudo no frigobar e dou água para ela.
Não gosto que ela se esforce muito.Ultimamente,mesmo com a gravidez,Anne tem pesado menos do que o normal.
Estamos tentando fazê-la ganhar peso para o parto,mas ela não aguenta comer quase nada.
Já não sente mais desejos,e nem vontades loucas,e para acabar mesmo comigo,ela já não sorri como antes.
Meu anjo está tão abatido,que até Beijamim que brinca com tudo, não conseguiu fazer alguma piada quando veio visita-la.
-Você quer comer alguma coisa?
Ela apenas acena com a cabeça.
Saio do quarto em direção ao refeitório.
Como dificilmente Anne quer comer pela manhã, não acho justo que sua refeição seja baseada nessas gororobas de hospital.
Levo para ela uma vitamina e um sanduíche natural,torcendo para que seu apetite permita que ela coma tudo.
Fico ao lado de minha esposa enquanto ela come,mas como em todos esses dias, minha tia chega para que eu vá trabalhar.

***
Já na empresa, trabalho tentando controlar meus horários e manter a ordem desse lugar.
Embora meu esforço não seja tão relevante assim.
Todos sabem do que aconteceu com Anne,e trabalham em dobro para que eu não me sobrecarregue tanto.
Finalmente pude entender o que significa o trabalho em equipe do qual papai tanto falava.
Sem meus funcionários eu não conseguiria manter tudo isso de pé.
-Senhor clarck, você tem uma reunião agora pela manhã e uma videoconferência depois do almoço.Quer transferir os compromissos da tarde para amanhã?-Meu secretário me pergunta.

-Não será preciso Lucky,minha esposa acordou bem hoje.Posso atender aos compromissos da tarde!.
Passo o dia mergulhado no trabalho,e por um momento,me permito imaginar como será para os meninos quando esse império for deles.
Sei que é muito cedo para pensar nisso,mas não quero que eles sejam rivais e nem briguem por causa de um cargo.
Acho estranho o fato do celular não ter tocado hoje,mesmo que em uma videoconferência meus pensamentos não saem de minha esposa.
Quando o último compromisso do dia termina, suspiro aliviado por não ter mais que esperar para ver meu anjo.
Caminho até minha sala enquanto verifico meu celular mais uma vez,logo percebo que ele estava esse tempo todo no modo avião,devo ter apertado sem querer.
Continuo meu caminho até minha sala,quando esbarro em meu secretário,que está pálido.
-Você está bem Lucky?

-Senhor Clarck...Sua esposa...-O escuto enquanto vejo mais de 100 mensagens e ligações chegando.-Sua esposa entrou em trabalho de parto.
O encaro por um minuto um pouco tonto, assimilando o que ele acabou de falar.
-O senhor precisa ir para lá agora!!-Ele diz me balançando.
Corro em direção ao hospital.O trânsito me ajuda,e chego em meu destino 10 minutos depois.
Não paro na recepção,subo correndo para o quarto de Anne.
Quando abro a porta,encaro um cômodo vazio.Meu desespero aflora de uma maneira inédita para mim.
-Ela está na sala de parto-Uma das enfermeiras diz.-Você precisa colocar outra roupa se quiser entrar.
Sigo a enfermeira e troco de roupa o mais rápido que consigo.
Entro na sala de parto e minha esposa está lá,suada e aparentemente abatida.
-Você chegou!-Diz chorando.

-Desculpe por não estar aqui meu amor.Está tudo bem,você vai conseguir,eu estou aqui!-Digo enquanto aliso seu rostinho.

-Faça força Anne!-sua obstetra diz.
Minha menina segura meus braços e esforça-se para colocar nossas crianças no mundo. Ela repete isso uma;Duas; Três vezes e nada acontece.
-O que está acontecendo?-Pergunto quando chego perto da doutora.

-Ela entrou em trabalho de parto pela manhã,até agora tudo está normal,o que me preocupa são as condições de saúde dela.Mas também estamos tentando controlar isso.
-Está coroando Anne,faça força mais uma vez.
Corro para o lado da minha esposa e a seguro firme enquanto ela empurra novamente.
Um choro fino invade o quarto

-Quer cortar o cordão umbilical papai?-A doutora me pergunta
Um soluço sai da minha boca e só então percebo que estou chorando.
Corto a ligação entre meu filho e minha esposa e a enfermeira o coloca em meus braços.
Meu mundo para por alguns segundos,até que escuto um choro novamente.
Uma das enfermeiras pega o meu primogênito dos meus braços e o carrega para limpa-lo,enquanto eu repito o mesmo procedimento com meu bebê.
Seu choro dura por pouco tempo,quando ele está em meus braços,percebo que diferente de seu irmão,ele está com os olhinhos abertos.
Não faço a mínima ideia se recém nascidos podem ou não enxergar normalmente.
Mas posso dizer que foi a melhor sensação do mundo.Senti-lo nos meus braços com aquele rostinho cheio de sangue e placenta,mas que ao mesmo tempo,me transmitia tanta paz.
Uma movimentação estranha no quarto chama minha atenção.
A mesma enfermeira leva o segundo bebê de mim,enquanto um homem pede para eu sair do quarto.
-O que está acontecendo?

Um grupo de pessoas está em volta de Anne,desvio da muralha que queria me tirar do quarto e corro para o lado de minha mulher.

-O QUE ESTA ACONTECENDO DOUTORA?-Fico desesperado ao perceber que minha esposa está branca como um papel me encarando.

-Cuide dos meninos,eu amo você!-ela diz em sussurro com muita dificuldade.

-Nós vamos cuidar deles juntos meu amor.Fica comigo,por favor.

Derrepente o eletrocardiograma que estava ligado a minha mulher indica que seus músculos cardiovasculares estão inativos.
Fico desesperado.
-TIREM ELE DAQUI!-A médica grita enquanto tenta reanimar minha mulher.
Já não me esforço mais para lutar contra as mãos que me empurram para fora da sala.
O brilho nos olhos de quem fazia minha vida ter sentido,já não estava mais lá.
Ela já não estava mais comigo.

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Vou contar um segredo para vocês.
Eu sou muito troxa.
Chorei horrores enquanto escrevia esse capítulo.Não só por ser o último,mas também pelas condições em que ele termina.
Não tenho muito o que dizer...
Daqui a pouco sai o epílogo e os agradecimentos!!
Obrigada por ler até aqui!
Até logo,😘💓

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