Capítulo 1

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_ peguei pulso!-Escuto uma mulher dizer

_os batimentos estão se estabilizando_diz um homem. Escuto mais algumas pessoas conversando.

_Essa foi a primeira vez que ele teve uma parada cardíaca_diz o mesmo homem.
Não demora muito e tudo fica em silêncio, e depois de um tempo, que na verdade me pareceu uma eternidade, Tento levantar, mas meu corpo não me obedece.
Fico ali,sem saber o que fazer, ou a quem pedir ajuda. O lugar onde estou deitado me incomoda, o ar é frio e sinto que estou com algo em minha boca. decido tentar levantar novamente.
E mais uma vez, nada acontece.
Tento abrir meus olhos, mas parece que estão grudados e se antes eu reclamava de não sentir meu corpo, agora sinto dor em todo lugar, pelo esforço que eu estava fazendo.
Fico mais um tempo imoto e faço mais uma tentativa para abrir meus olhos, desta vez consigo, mas me arrependo amargamente de tê-lo feito, uma dor imensa se instala em minha testa. Pisco algumas vezes até me acostumar com a claridade, assim que me acostumo olho em volta e percebo que estou em um quarto diferente do meu.
Esse é todo branco e além da minha cama há vários aparelhos que não sei dizer para que servem, descubro que o que me incomodava em minha boca, é uma espécie de cano ligado a um dos aparelhos que estão no quarto, nos quais eu também estou conectado.
Olho para o canto do meu quarto e vejo uma mulher, que mais parecia um anjo, cochilando em uma poltrona.
_Quem será ela?_me pergunto, enquanto velo seu sono.
Depois de tanto velar o sono tranquilo daquela linda mulher, percebo que ela começa a se mexer muito e acorda assustada, mas sua expressão piora quando nossos olhos se encontram, acredito que nossa reação provavelmente é a mesma.
Vejo aqueles olhos cinzentos e lindos arregalados, tenho certeza que ela não esperava por isso.
Ficamos nos encarando por algum tempo até ela começar a chorar e sair do quarto. Fico sem reação, o que eu fiz de errado?
Espero ela voltar, mas isso não acontece.
Ao invés disso, um homem, alto e um pouco velho entra no quarto.
_boa madrugada para acordar, não senhor Clark?_ele diz caminhando em minha direção.
Senhor Clark? Olho até onde minha visão limitada permite para ter certeza de que ele está falando comigo.
_como eu esperava_ele murmura.
_O senhor se lembra de como chegou aqui ou de alguma coisa?.
Balanço a cabeça negativamente, o que me causa dor devido a esses tubos.
_por favor, não se esforce, pedirei para que as enfermeiras venham examiná-lo e assim iremos retirar esses incômodos_ele diz sorrindo
_Mas em relação ao seu suposto quadro amnésico,bem,isso é normal, afinal foram 386 dias dormindo!_ele diz rindo meio sem jeito, como se estivesse contando uma piada.
Demoro um tempo para processar o que ele me disse.
eu passei mais de um ano dormindo? Como assim?.
Mas eu estava acordado esta manhã!, conversando com o corvo, e não vegetando em cima de uma cama.
Espera!, isso tudo foi um sonho?
_Calma,sua mulher irá esclarecer as suas dúvidas, afinal esse é um assunto delicado, e é uma longa história.
Mulher?, quanto mais eu tento me lembrar ou procurar semelhanças com os fatos que esse homem me diz, mais perdido fico, e claro, com mais dor de Cabeça. Nada parece ter sentido, talvez um pouco de respostas poderiam aliviar essa confusão na qual eu estou me tornando.
_Mas hoje o senhor irá dormir um pouco mais._diz injetando alguma coisa em meu braço.
Não acha que eu já dormi o bastante?-tive vontade de dizer mas os tubos me impediram.
A voz do doutor vai ficando distante, assim como os meus inúmeros questionamentos e logo caio no sono.
***
Sinto um peso sob metade do meu corpo.
Abro meus olhos lentamente, e vejo que não estou sozinho na cama.
Uma loira linda de olhos cinzentos esta abraçada ao meu corpo, ou pelo menos as partes em que restaram espaços sem fios e acessos, ela está acariciando meu rosto enquanto esta absorta em algum pensamento, e não percebe que eu acordei.
Era ela
A mesma mulher de ontem.
aproveito que ela está divagando para observá-la.
Suas curvas, o cheiro dos seus cabelos, sua boca, mas acima de tudo, seu ar de menina, estavam me encantando. O que era errado, pois ela poderia muito bem ser minha irmã, afinal,eu não lembrava quem ela era, e com todas as novidades da noite passada, não duvido nada que ela seja alguém da minha família, uma filha talvez.
_Bom dia_ela diz se sentando e apertando um botão ao lado da minha cama. lembro que não poderei me comunicar com ela, pois estou com esses tubos.
Mas para minha infelicidade duas enfermeiras entram no quarto e aquela bela mulher se afasta da minha cama.
_bom dia senhor Clark, como se sente_uma delas me pergunta, como se realmente eu pudesse responder.
Depois de um longo tempo de exames elas retiram os tubos,me deixando apenas no soro.
_senhor Clarck, devo informá-lo que encontrará dificuldades nos primeiros dias para falar, devido ao tempo do coma.
Depois de algum tempo, elas se retiram do quarto.
_se importa em ficar sozinho por um tempo?, preciso ir em casa tomar um banho e dormir um pouco!.
Não queria ficar sozinho, precisava saber quem ela era, precisava de respostas, mas não a impeço de ir.
Fico encarando o teto, não sei que horas são ou como está o tempo, tudo o que minha visão alcança são paredes brancas.
Passo a mão ao redor da cama da mesma forma que fazia em aparentemente meus sonhos.
Sinto um tecido mais fino do que meu Edredom e o puxo para cima.
Um lenço
Um Pedaço de pano de tamanho razoável vermelho. Seu cheiro não me é estranho.
O aproximou do rosto e sinto uma forte dor em minha nuca.
------Flash back on---
"_não faz isso por favor!_diz uma mulher se encolhendo no canto da parede enquanto um homem se aproxima dela com um cinto na mão.
_eu avisei para ficar longe do quarto, não avisei? Você queria ver aquilo?HEN?_diz o homem gritando e acertando o cinto naquela mulher indefesa.
_desculpa, por favor, por favor_ela sussurrava
O homem fingiu não escuta-la e continuou a espancá-la..."
-------flashback off----
_Está tudo bem,se acalme diz uma das enfermeiras aplicando algo no meu soro
Franzo o cenho como resposta.
_se sente melhor senhor?_ela me pergunta enquanto minha respiração voltava ao normal.
Balanço a cabeça positivamente.
_foi só um pesadelo_a enfermeira diz, me ajudando a deitar novamente na cama.
Porém permaneço inquieto e com um sentimento de culpa e melancolia que são novos para mim,talvez pelo fato de nada conseguir tirar aquelas imagens da minha cabeça.
Aquela mulher que fora espancada...
Quem era o homem que estava fazendo aquilo com ela?
Por que tanta raiva com uma mulher que mal poderia se defender?
Mas o pior de tudo é que ela era mesma na qual nomeei de anjo noite passada.

FAÇA-ME LEMBRAROnde histórias criam vida. Descubra agora