Quantos remédios ia precisar tomar? Quantas terapias iria fazer? Teria que vê o doutor San todas as terças e quintas pelo resto da sua vida? Independentemente do que Lucas fazia nada era capaz de tirar a sua dor, sério, nada dava certo, até tentou namorar uma moça que trabalhava no café próximo ao seu antigo serviço, mas ela não era tão empolgante, ele desistiu antes de ouvir ela responder sim para a sua pergunta de_quer ter um status de relacionamento sério no Facebook?_
Ainda existia muito de Milly em Lucas, ainda existe, há uma culpa enorme dentro dele, a brincadeira imbecil foi sua escolha, ele encontrou a casa, ele que entrou primeiro, ele a deixou para trás e correu, correu muito, até hoje corre e até hoje dói, agora com a morte dos seus pais quem vai acalmar seus dias? Haverá momentos em que o chão irá desabar, Lucas sabe, mas não sabe como passar por isso.
Foi convidado para morar na casa de sua tia Samantha, mas negou o convite, ele se considera velho de mais para ser cuidado, afinal já se passou um ano desde o grande acidente e ele ja arrumou uma casa, e irá fazer uma entrevista para um novo emprego, tá indo bem, exceto pelas crises existenciais e o lago em seu travesseiro todas as noites, mas nada que dois copos de whisky não resolva.
- Senhor Gregory, já está na hora de pensar em ir para frente, não falo de trabalhar, quero te mostrar que ainda respira, quem em pleno século XXI fica em casa os finais de semana com os bolsos cheios de grana?
Ele apenas olha sem entusiasmo para o doutor San, se levanta e sai da sala.
Quinta-feira, já era quinta-feira, mas uma semana que voava, ele desce do carro e anda até a estrada de sua casa, passa a mão nos pequenos brotos que nasciam no canteiro esquerdo e logo após vai em direção ao girassol, o seu pai amava girassol,
_ A vida meu filho se compara ao girassol, enquanto há luz, há sorrisos, mas quando as luzes se apagam o sorriso se desfaz, a cabeça se abaixa e a escuridão não nos dá motivos para se levantar, porém não existe só escuridão, e é ai que luz volta, só nos cabe a força e a determinação de levantar novamente.
Ele se pergunta se o pai estava certo, logo desiste de pensar e se vira para o carro, e lá estava ela, encostada no carro com o cabelo preso em forma de abacaxi, ele se volta novamente para a porta da sua casa fingindo que não viu ninguém.
- Ei, não vai dar boa tarde? Dizer oi Luh como foi seu dia? Como foi na escola? Você quer entrar ?
Ele se vira para garota e a responde com um não seco sem sentimentos.
- Eu juro que ouvir dizer entre.
- Olha, Lu....
-Lunar
-Sim, Lunar, eu não pretendo ter que conversar com você, sua mãe deve está te procurando, porque não tenta achar alguém da sua idade?
Se vira para a porta novamente, ele não estava com paciência aquele dia, nem nos dias anteriores, mas era Lunar, ela não desistia, ela radiava felicidade, tinha uma empolgação que dava inveja e transmitia aquilo com facilidade.
- Lucas? Por favor, eu tenho que te contar, minha mãe não pode me ouvir, ela está trabalhando muito últimamente, é que...
Lucas se vira para a garotinha mais uma vez e faz um gesto para ela continuar a falar.
- Eu tô com fome.
Como sempre ela conseguiu, entrou e logo foi correndo para o sofá, olho para a TV e soltou um _uauuu_ ficou surpresa com cada canto da casa até encontrar a esteira
- Minha nossa! Como você tem uma coisa dessa em casa e não me fala ?
Ela não espera respostas sai apertando os botões e se embola na esteira se agarrando aos lados e começa pedir ajuda.
- Meu deus!
Lucas cai no riso, a cara da menina de espanto com um pouco de _eu estou quase caindo_ faz ele rolar de rir, pegou ela pelo braço e a colocou no chão
- Vai logo pra cozinha, tem refri na mesa e leite quente em cima do fogão, tem bolo e biscoitos você escolhe.
Ela corre para a cozinha e faz a festa, pegou um copo enorme de refrigerante e um pedaço de bolo de chocolate, terminou o bolo em um piscar de olhos e já pegou um biscoito de amêndoas mas antes que pudesse terminar ouvi alguém batendo na porta e se levanta.
- A não, eu não avisei minha mãe.
Lucas abre a porta e se depara com uma mulher, com uma pele morena clara os olhos pretos, cabelo grande da cor dos olhos ondulado, nova, muito nova, não poderia ser a mãe de Lunar antes dele dizer um oi Lunar passa entre seus braços e começa a se desculpar logo começa a chorar, ele não entendeu nada só conseguia olhar pra queles olhos tão preocupados.
- Lunar onde você estava com a cabeça de sair sem avisar? Logo na casa de quem você nem conheçe? Já pra casa, eu tive que procurar muito até achar alguém que te viu aqui, você não pode fazer isso comigo.
Ela disse muito, gritou muito, mas ele ainda estava pensando se ela era irmã da Lunar, tinha os olhos idênticos mas essa dúvida saiu da sua cabeça quando ouviu Lunar dizer
- Mãe desculpa não vou fazer denovo, eu só tava com fome.
-O quê? Mãe?
Ela deixa de gritar com Lunar, e começa a gritar com Lucas.
- E você não tem juízo né?
Ela pega a filha pelo braço e sai das vistas de Lucas.
Lucas ficou lá na porta mesmo, olhando elas fazerem o seu caminho de volta, e não acreditava ainda que aquela era a mãe da menina. Entrou para tentar comer algo, já havia se passado muito tempo desde sua última refeição.
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Lunar
General Fiction"As vezes nossas crises e perturbações invadem o interior da nossa mente, deixamos nos levar por pensamentos,arrancamos o alicerce do nosso ser, derrubamos as paredes das emoções e logo após, no chão, no mais solitário deserto nos encontramos. Foi e...