Espelhos d'água

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 Depois que voltei do recreio, a aula prosseguiu normal, até que tocou o sinal para a quinta aula (tínhamos seis horários) e eu resolvi ir ao banheiro, afinal estava muito apertada. No corredor, estavam encostados na parede sete garotos próximo ao banheiro feminino e no momento em que passei por eles ficaram assobiando, eu detesto garotos assim, são ridículos e provavelmente muito mau educados. Usei o banheiro e ao sair, me deparei com os mesmos meninos mas dessa vez, um deles puxou meu braço e disse:

- "Aonde essa mocinha tão linda está indo?" 

- "Para bem longe de você!" - Eu não me importei muito se eu iria parecer rude, era até bom que eu fosse grossa para ele aprender que com ele não quero papo.

- "UUII, a garota é bravinha." - Falou com tom de deboche. 

- "Você poderia soltar o meu braço ou daria muito trabalho à um cabeça de vento como você?"

- "Muito trabalhoso e seria um sacrifício deixar uma belezura dessa partir." 

- "Nossa, já deu para perceber o quanto você é refinado apenas por seu vocabulário."- Falei, com um sorriso irônico nos lábios.

Neste exato momento, agradeci aos céus por estar no corredor mais próximo da sala dos professores e o supervisor ter aparecido bem na hora.

- "Está na hora de irem para a sala de aula, não acham?" - Falou com o olhar desconfiado.

-" Concordo plenamente, senhor." - Falei, deixando transparecer um pouco do meu alívio por ele estar ali. 

-" Para sala, senhores, imediatamente !

Corri o mais rápido que pude até chegar em minha sala de aula, pedi permissão ao professor e me assentei para assistir o resto da aula de álgebra que ainda era a penúltima. 

12:50...

A aula acabou. 

-" Com licença, Elizabeth, certo?"- Perguntou uma garota dos cabelos cacheados, enquanto eu estava arrumando minhas coisas para sair da sala de aula. 

-" Sim, e você seria...?" - Perguntei, com uma feição de dúvida.

-"Meu nome é Bárbara. " - Estendeu a mão para que eu pudesse apertá-la, e assim o fiz.

- "Muito prazer, Bárbara." - Respondi com um sorriso nos lábios.

-"Você é novata aqui, né mas vejo que já conheceu os idiotas do terceiro ano. Não que eu estivesse lhe observando mas é que fui no bebedouro e na volta para sala passamos pelo banheiro feminino e acabei vendo a merda que eles fizeram." - Ela falou, como se entendesse a maneira que eu fiquei.

-" Pois é, eles são sempre idiotas assim?" - Respondi, sorrindo, para que o clima não ficasse tenso. 

- "São piores, você deu uma baita sorte do Francisco ter aparecido. Mas enfim, que tal irmos descendo? Os nossos pais já devem estar lá em baixo. 

-"Ah sim, claro. Vamos sim, você sabe para que lado está a escada?" 

-" Liz, não é escada."- Ela respondeu, rindo da minha pergunta.

-" E o que é, então? Elevador?"

- " Rampa, amiguinha, rampa. Vamos, eu te mostro por onde. "

E fomos até o corredor que dava para rampa de saída.

-"Então, você veio de que escola?" - Perguntou Bárbara.

-"Vim do colégio Avante.Lá é bem diferente daqui." - Respondi, fazendo com que ela percebesse um pouco de saudade em minha fala.

A pior parte de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora