Assim que cheguei no meu quarto, tratei de pegar meu celular e me dei conta de que não mexo nele desde a hora da ligação com a Alexandra. Abri o whatsapp e tinha várias mensagens da Alexandra e do Armando. Abri logo a da Ale, e lá dizia:
-"Você está em casa ? Queria passar aí."
Fui ver o horário, infelizmente havia sido às 20h e eu tinha saído com a minha mãe e já eram 21:30h, respondi ela assim:
"Perdão, Ale. Eu tinha saido com a minha mãe e sinceramente, já me arrependi. Se você quiser, ainda pode passar aqui. "
E logo depois abri a conversa do Armando:
"Oi bravinha, posso te ligar? "
Eu estava sem cabeça e apesar de gostar do que eu lia sempre que vinha dele, mas eu não tinha como falar com ele, não dava agora. Mas não podia deixá-lo no vácuo.
"Desculpa, já tá tarde, hoje não dá."
Escrevi e joguei meu celular no chão, peguei o controle e liguei a netflix, fui assistir greys anatomy.
1 hora e 30 minutos depois
Eu estava assistindo o episódio da morte do Derek, morrendo de chorar, quando meu celular tocou como um condenado, o número estava privado, pensei em não atender por um momento mas então pensei que pudesse ser a Ale com algum problema então atendi.
Ligação on
-"Bravinhaaa."- Falou uma voz animada que eu sabia bem de quem era.
-"Oi. Eu falei que não era para ligar, não foi?"- Falei, me fingindo de brava.
-"Você está chorando?"- Perguntou ele, meio aflito.
-"Eu disse para que não me ligasse. "- Repeti outra vez.
-"Eu sei, mas é que eu gosto de falar com você."- Falou com uma voz pidona.
-"Tudo bem."- Me dei por vencida.
-"Você está chorando?"- Ele parecia preocupado de verdade.
-"Sim, mas não é por nada Demais."
-"Você sabe que podes me contar qualquer coisa, não é? Entendo que só nos conhecemos há um dia mas eu estou aqui."- Ele parecia sincero.
-"Olha, é porque eu assisto uma série e meu personagem preferido morreu."- E ao lembrar disso, eu chorei mais e isso pareceu cada vez mais ridículo.
-"Awn, meu Deus, você é muito fofa."- Ele falou como se estivesse apertando minhas bochechas.
-"Para, é muito ruim isso."- E eu estava chorando e rindo ao mesmo mesmo tempo.
-"É só uma série, ele não está realmente morto, minha bravinha fique calma."- Ele falou, com uma voz tão suave.
-"Mas é como se eu perdesse o amor da minha vida. A Meredith perdeu o dela, eu não vou me dar bem se um dia eu perdesse a pessoa que eu mais amo no mundo, deve ser a pior dor do mundo, você já pensou nisso? Meu coração dói por ela."- E eu estava soluçando.
-"Eu sei muito bem como é isso. Você perde alguém que ama e de repente, você não pode mais abraçar a pessoa que mantém seus pés no chão, você não pode mais dizer que a ama ou sequer demonstrar isso porque simplesmente ela não está mais ali. Não vai saber quando ela se foi mas só que ela se foi e ela não volta. Você não pode fazer nada, além de aceitar e procurar uma maneira de seguir.-" Ele falou, como se já tivesse passado por aquilo.
-"Armando?"
-"Oi."
-"Você já perdeu alguém que ama?"- Perguntei inocente e ele percebeu isso.
-"Liz... É um assunto delicado."- Ele falou tristonho.
-"Tudo bem, já fiquei com medo quando me chamastes de Liz."- Sorri de leve e ele também.
-"Por que? "
-"Porque você sempre me chama de bravinha, me chamar de Liz é estranho."- Ele sorriu um pouco mais alto agora.
-"Entendi haha, mas e aí, tem planos para o fim de semana?"- Perguntou animado.
-"Vou para casa do meu pai, porque minha mãe vai viajar para a casa da vovó, falando nisso, obrigada por me lembrar que ainda nem arrumei minhas coisas."- Falei, com certa tensão.
-"Ishi, arrume depois porque agora vais falar comigo."- Ele riu, fingindo estar mandando.
-"Você não pode me dar ordens, Mr.surprise."- Sorri e entrei na brincadeira.
-"Ai, que isso, bravinha! Esperava mais de você."- Ele fingiu-se ofendido.
-"Hahaha, e você, tem planos para o fim de semana?"
-"Não, estava procurando algum lugar para ir, talvez a casa de uma bravinha..."- Se insinuou para que eu o convidasse.
-"Bom, por um acaso, eu vou precisar de ajuda para aguentar a minha madrasta por lá, vou adorar uma ajuda."- Lancei o convite, morrendo de vergonha.
-"Ótimo, me passa o endereço, apareço por lá umas 14h, pode ser?"- Ele falou, deixando o entusiasmo bem nítido em sua voz.
-"Rua Benjamin constant, com conselheiro, prédio San Paollo. Só mande interfonar pro apartamento do Dr. Carlos Nacamura."- Expliquei para ele.
-"Tudo bem, anotado!"
-"Espero você lá!"
-É o certo, bravinha. Me fala sobre a sua família, não sei muita coisa de você."- Ele perguntou, interessado.
-"Bem, não tem muita coisa para saber. Minha mãe se chama Ludmilla Andrade e meu pai se chama Carlos Nacamura, os dois se separaram quando eu tinha dois anos por isso nem senti tanto a dor da separação deles, e ambos são pessoas muito ocupadas, e por eu morar com a minha mãe acabo sendo muito próxima dela, e sempre saímos juntas quando ela tem tempo."- Falei,com um ar de saudades.
-"Eles se separaram porque?"
-"Porque meu pai traía a minha mãe com a atual esposa dele."- Respondi, com uma certa raiva na voz.
-"Uoou, e você aceita isso numa boa?"- Ele pareceu surpreso.
-"Eu não tenho que aceitar nada. Eu sou contra mas ele não se importa com isso "
-"Entendo perfeitamente, mas então, pensa em se casar?"
-"Não mocinho, nada de outra pergunta, agora fale-me você sobre sua família."- Falei, como uma ordem.
-"A minha família também não tem muita coisa para ser dita. Meus pais são casados e já vai fazer 25 anos, eles se dão muito bem apesar de todo esse tempo juntos. Minha mãe se chama Margarita e meu pai se chama Enzo. Tenho dois irmãos e todos nos sempre nos demos muito bem. "- Ele falou, meio entendiado, como se fosse algo ruim, mas decidi não comentar.
-"Que lindos os seus pais, espero conseguir o mesmo que eles."- Falei, deixando ele perceber pelo celular que eu estava sorrindo.
-"Mas, e então, sobre a sua vida amorosa..."- Eu o interrompi.
-" Armando, amanhã é sábado mas terei que acordar cedo para ir a casa do papai, então já tenho que ir dormir, amanhã a gente se fala, tá bom?"- Falei.
-"Tudo bem, beijos, até amanhã."
-"Até"- Ele desligou primeiro.
Ligação off
Fiquei um tempo deitada, olhando para o teto, pensando em quão legal o Armando era comigo. Eu não queria ter desligado mas ele queria falar sobre sentimentos e eu não falo sobre meus sentimentos com ninguém além da mamãe e da Alexandra, ele podia ter continuado a me conhecer sem falar essa parte, grrr, que ódio! Mas tudo bem, vou aproveitar para arrumar as coisas mas antes, fui ver se a Ale tinha mandado algo. Mas não mandou, decidi ligar para ela.
Ligação on
-"Alô?"- Ela atendeu com uma voz sonolenta.
-"Ale? Tava dormindo a essa hora?"
-"Desculpa, Liz. Eu estava cansada, o Avante está pegando meio pesado. Você não me respondeu se eu podia ir até sua casa então decidi dormir."
-"Ah, Ale. É que eu saí com a mamãe, ela queria fazer um programa diferente, mas acabamos brigando."- Falei, triste.
-"Poxa Liz, o que houve dessa vez?"- Ela parecia preocupada.
-"É que um retardado tava passando e esbarrou em mim, eu acabei caindo no chão e manchando todo meu vestido de terra e lama. Mamãe nem fez ele pagar ou lavar, acredita ? Ela só o mandou embora com um sorriso. Achei um absurdo!"- Falei indignada.
-"Mas foi sem querer, certo?"
-"Ele disse que foi mas eu tenho certeza que não, é impossível que tenha sido!"- Respondi.
-"Amiga, sua mãe não deixaria barato assim se ele não fosse de baixa condição e ela não soubesse que foi sem querer, você deveria ter deixado isso para lá, ainda pouparia brigar com a sua mãe."- Ela falou, me dando sermão.
-"Olha, Ale, eu não preciso disso agora, não preciso de mais alguém para me dar um sermão. Amanhã a gente se fala, tchau!"- E desliguei na cara dela.
Ligação off
Não sei o que a Alexandra está pensando, eu ligo para ela porque achava que ela me entendia e de repente ela me vem com sermão? Mas será que eu fui muito ruim com o garoto? Ah, claro que não, ele mereceu! Decidi sair dos meus pensamentos e arrumar minhas malas.
10 minutos depois
Depois de deixar tudo pronto para ir a casa do papai, minha barriga roncou e me dei conta de que não jantei por causa do desastrado. Fui até a cozinha e fiz um sanduíche natural com um suco de acerola já pronto e então comi. Minha mãe desceu as escadas.
-"Liz, nós precisamos conversar."- Ela falou em um tom sério.
-"Tudo bem, só espera eu terminar de comer."- Falei com a boca toda cheia de sanduíche.
-"Oh, por Deus Elizabeth, mastigue primeiro e fale depois !" -Ela parecia incomodada, mas não brava.
Terminei de comer e me sentei no sofá, na frente dela.
-"O que você quer conversar, mãe? "
-"Filha, o que aconteceu hoje, o que você fez com aquele garoto, a maneira como o tratou... Isso não pode se repetir novamente. "- Ela estava séria, como eu jamais havia visto.
-"Mas mãe, eu não fiz nada demais, ele que foi idiota..."
-" MARY ELIZABETH, JÁ BASTA! NÃO CHAME O GAROTO DE IDIOTA OU QUALQUER NOME OFENSIVO, EU DISSE QUE NÃO É PARA SE REPETIR NOVAMENTE ENTÃO ME OBEDEÇA!- Ela gritou alto.
-"QUAL O SEU PROBLEMA, MÃE? ATÉ PARECE QUE AQUELE GAROTO SIGNIFICA ALGUMA MERDA PARA ALGUÉM!"- Gritei na mesma intensidade. E senti um tapa esquentando meu rosto.
-"Nunca mais levante a voz para mim e nunca mais insinue que você é mais importante que alguém, entendeu, Mary Elizabeth? "- Ela falou em tom ameaçador.
Eu não respondi nada, apensar saí para meu quarto e tranquei a porta.
-"EU NÃO TERMINEI COM VOCÊ. ABRE ESSA PORTA, MARY ELIZABETH!"- Ela berrava.
Eu fingi que nem estava ouvindo, me deitei, até tentei ligar para Alexandra, mas ela não me atendeu. Me restou dormir com a minha dor, afinal, outro dia viria e as coisas melhorariam. Ou era o que eu esperava.
Dia 16, sábado, as 9:00h
Acordei com o alarme que havia acionado ontem a noite, levantei, fiz minhas higienes pessoais e fui me vestir, assim que estava pronta fui tomar café. Para minha surpresa, mamãe ainda estava à mesa tomando o seu café da manhã, me sentei do outro lado e peguei uma torrada com manteiga e um Nescau para comer, ficamos em silêncio durante toda a refeição, até que a dona Antônia resolveu falar algo.
-"Então, meninas, estão animadas?"
-"Eu estou morrendo de saudades da minha mãe então não vejo a hora."- Minha mãe disse e realmente parecia animada.
-"Eu estou indo para a casa de um desconhecido, que eu nunca vi na vida então, eu nem tenho por quê estar muito animada."- Falei, com deboche para mamãe perceber.
-"Você não deveria falar assim."- Mamãe disse.
-"Mas é a verdade."- Respondi, de contrapartida.
-"Você está indo para casa do seu pai!"- Ela parecia indignada.
-"Um pai que eu passei a vida sendo induzida a renegá-lo pela mãe mais perfeita e olha só que ironia, ela também está me forçando a criar laços com ele de uma hora para outra.!"- Aquilo estava parecendo uma competição, então decidi sair da mesa e pegar minhas coisas.
-"Aonde vai?"- Mamãe perguntou.
-"Ué, meu pai está me esperando lá em baixo. Tchau." - E saí pela porta, sem ouvir o que ela disse.
Avistei o carro do papai e fui em direção a ele, ele me abraçou disse que estava com saudades e guardou minhas malas no portamalas.
-"Cadê a Luana?"- Indaguei.
-"Está em casa, organizando as coisas para sua chegada."- Ele sorria desesperadamente animado.
-"Ah sim, que bom então!"- Dei um sorriso muito forçado, para fingir estar tão animada quanto ele.
-"Olha filha, eu sei que não nos víamos há 14 anos, não por escolha minha, mas não quero ser visto como um estranho para você, eu te amo e é realmente importante para mim que você se dê bem com a Luana. "- Ele falou, compreensivo se eu recusasse.
-"Papai, eu sei que é culpa minha você não ter participado da minha vida mas eu realmente lhe quero nela e eu estou me esforçando, e prometo dar o meu máximo para me dar bem com a Luana, okay?"- Falei, com um olhar reconfortante para ele.
-"Obrigada, meu amor. Isso é muito importante para mim." - Ele sorriu e beijou minhas mãos.
Assim que chegamos no prédio do papai, eu desci e ele pegou as malas, chegamos no apartamento e fui recepcionada com um abraço caloroso de uma loira alta, supus que ela fosse a Luana e tentei retribuir o abraço na mesma intensidade.
-"Oi, Liz ! Meu nome é Luana, é um prazer finalmente te conhecer. Entre ! Fique a vontade. Quer algo para comer? beber?-"Ela parecia nervosa e alegre.
-"Oi Luana, não quero nada, obrigada. Eu só queria saber aonde arrumar minhas coisas."- Falei, um tanto quanto sem jeito.
-"Ah sim, que cabeça de vento a minha, por aqui."- Ela me guiou até um corredor com duas portas, uma de cada lado, e entrei na do quarto rosa, papai trouxe minhas malas.
-"Se você não tiver gostado, ainda tem o quarto da frente."- Papai disse.
-"Tá tudo bem, papai. Este é do jeitinho que eu gosto, parece até que adivinharam!"- Falei, sorridente e brincalhona.
-"Nossa, que bom então! Eu vou terminar de fazer o almoço e volto para nos conhecermos melhor."- Luana disse animada.
-"Tudo bem, vai lá haha"- E assim que saíram,tranquei a porta.
Me sentei naquela cama, com tudo rosa, Edredom, elástico, travesseiros da Barbie, uma escrivaninha com um abajur rosa, paredes rosas, guarda roupa branca... Espera, guarda roupa? Porque teria um guarda roupa se não pegaram minhas roupas? Eu fui abri-lo e tinha várias peças de roupas lindas e pareciam recém compradas, fiquei maravilhada e grata ao papai e a Luana por isso. Decidi pegar meu celular e ver as mensagens, tinha uma do Armando mas nada da Ale.
-"E aí bravinha, ainda posso ir aí hoje? Estou ansioso viu?"
A mensagem de armando dizia isso, eu respondi dizendo que ele ainda poderia vir, apesar de eu ainda nem ter perguntado ao papai. Luana gritou dizendo que o almoço estava na mesa, e então eu fui. Sentei-me ao lado dela, e botei minha comida.
-"Então, papai, Luana, eu queria saber se tá tudo bem para vocês se eu trouxesse um amigo aqui, eu gostaria que vocês conhecessem ele."- Pensei que talvez, se eles pensassem que eu queria uma participação mais efetiva deles na minha vida, fosse mais fácil deixarem.
-"Claro que sim, princesa ! À que horas ele vem?"- Luana parecia animada mas papai estava com uma cara fechada.
-"Às 14h. Fico muito feliz que vocês estejam animados!"- Falei, com um sorriso amarelo ao meu pai.
-"Ele é homem?"- Papai perguntou. Neste momento, Luana soltou uma gargalhada.
-"Ah, meu bem, você está com ciúmes da sua pequena! "- Luana se divertia com isso, aproveitei o embalo e comecei a rir.
-"Fique tranquilo, papai! Já fomos separados por tempo demais, isso não acontecerá novamente!"- Sorri, e apertei as mãos dele sorrindo com carinho. Percebi o olhar de alegria da Luana sobre nós dois.
-"Tudo bem, então, mas espero que ele não seja assanhado."- Papai ameaçou.
-"Ele não é! Juro. "- Eu falei, animada e devorando toda a minha comida.
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A pior parte de mim
RomanceO que fazer se o amor da sua vida é a pior pessoa do mundo? O que você faria? Pularia fora ou acreditaria que o amor sentido por vocês, pode mudá-lo? E se ele errasse muito nessa trajetória, você seria capaz de perdoá-lo? E, se no final de tudo, só...