COLÉGIO INTERNO

5 | O PACTO

Mais um dia frio no Rio, misericórdia. O dia amanheceu chovendo e bem frio. Acordei sem um mínimo de vontade de levantar e muito menos de assistir as aulas de hoje. Olhei para o lado e Davi dormia tranquilamente. Fiquei pensando em tudo que ele me disse. Por que será que ele me falou aquelas coisas e depois me esculachou? Que saco. A partir de hoje, quero manter distancia dela. Acho que vai ser melhor assim. Acabei me levantando e fui fazer minha higiene matinal. Tomei um banho demorado. A água morna do chuveiro quis me segurar lá dentro para sempre.

Davi on

Acabei a alguns minutos e percebi que o Everton estava no banheiro. Fiquei pensativo ontem a noite depois que falei com ele daquela maneira. Eu não queria, mas agora já foi. O problema é que ele mexe comigo e isso me irrita. Isso nunca aconteceu comigo. Mas pior que eu falei a verdade. Eu nunca me apaixonei por outro cara e nunca namoraria um. Creio que isso seja só curiosidade. Vou pegar alguma puta hoje para deixar essa idéia de lado.

Davi off

Quando sai do quarto, o Davi aparentava estar dormindo ainda. Ignorei e fui para o refeitório tomar café da manhã com a Vitória. Encontrei facilmente minha amiga e sentamos.

Amigo, tenho que te contar uma coisa. – disse Vitória super animada. Gostaria de estar com a animação dela, inclusive.

E eu tenho que te contar duas. Mas, primeiro você, fala Maria do bairro. – falei zombando dela.

Eu beijei o Juan ontem, amigo! Quando ele foi me deixar lá no quarto, nos conversamos um pouco e ele me abraçou para ir embora. Mas, não consegui resistir aquele boy lindo indo embora e o puxei. Beijei-o durante horas, altos amassos, deus me free viu. Quero mais. – disse Vitória com uma cara safada.

Já? A senhora é rápida em garota? Adorei. Convide-me para o casamento, quero ser padrinho. E dos filhos também, viu?

Obviamente né viado, agora me diz, você disse que tinha duas coisas para contar. Conta.

Certo. A primeira é que o Douglas me beijou ontem. Nos não ficamos muito tempo se pegando como vocês, só rolou um beijo e a gente ainda foi atrapalhado pelo Davi. Ele olhou pra gente de cara feia, chamou-nos de viado e bateu a porta.

Morta, depois eu sou a rápida, né? Amigo, eu já te disse, esse garoto quer você. Ta obvio, viu?

Bom, a segunda parte é que o Davi se declarou para mim. Mas, uns minutos depois ele falou umas merdas e voltou a ser o mesmo babaca de sempre. – falei.

CHOCADA, EU SABIA QUE ESSA COCA ERA FANTA!!!!! – gritou.

Sua louca, fala baixo. Quer que todo mundo fique sabendo, é? – falei envergonhado.

Passamos mas alguns minutos conversando, até que lembrei a ela que já estava quase na hora da aula. Ela me disse que não estava com vontade de assistir aula. Falei o mesmo. Mas, infelizmente fomos.

Enquanto isso, Douglas e Juan conversavam em seus quarto.

Preciso te contar uma coisa. Ontem, eu beijei o Everton. E pior, ele correspondeu. Sou muito iludido, acho que já estou completamente apaixonado. – disse Douglas.

Que bom amigo. Fico feliz, espero que de certo. Também tenho uma coisa para contar, a Vitória me beijou ontem. Foi massa. Eu não tomei atitude porque não sabia se ela estava na mesma vibe que eu. Mas, ela tava. Tanto é que ela mesmo me beijou. Ficamos mais de hora nos pegando na frente do quarto dela. Infelizmente. Queria mesmo era ter ido para a cama dela, hehe. – falou Juan

Fico feliz por você. Mas, nada de vadiagem com a Vitória, viu? Ela é gente boa demais. Se for para ficar com ela, que seja pra valer.

Relaxa. Eu gosto dela de verdade. – falou Juan.

Amigo, vamos fazer um pacto se nada der certo? – falou Douglas.

Como assim, um pacto? Que pacto? Explica-me. – falou Juan.

Eu vi em um filme. No filme, eles fazem um pacto que se em dez anos eles não casaram nem estiverem namorando alguém, eles iriam namorar. Porém, no nosso caso seria diferente. Ficaríamos-nos juntos se nada entre mim e o Everton der certo, assim como você e a Vitória. Que tal?

Está louco? Eu ficar com você? Não sei se você lembra, mas eu sou hétero. Como iríamos ficar juntos? – falou Juan

Hétero porra nenhuma. Não existe mais isso. Você tem que amar as pessoas pelo coração e não pelas partes baixas. Vai, diz que topa logo. – falou Douglas.

Ta certo, eu topo. Mas, só topo porque eu e Vitória estamos bem encaminhados. E acho que você e Everton em breve estarão assim.

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Davi on

Olha o Everton ali. Ele ta tão lin... Viado hoje. Como sempre. To ficando com raiva de ficar olhando para ele toda hora. Pra que diabos esse garoto tinha que ta aqui em? Tanto colégio interno nesse mundo e ele vêm logo pra esse? Só pode ser praga na minha vida. Eu não posso ser gay, os meus amigos não vão me aceitar. Minha mão pode ficar com nojo de mim. Hoje vou comer uma buceta e esquecer isso

Davi off

O restante dos dias se passou rapidamente. Logo, chegou o fim de semana.

Everton caminhava pelo colégio a procura de sua amiga Vitória, que não foi tomar café da manhã naquele dia. O que é estranho para ele. Ele caminhou por alguns minutos até ser empurrado por alguém, o fazendo cair. Antes de conseguir falar algo ou ver quem foi seus olhos foram vendados e sua boca tampada. Ele tentou lutar contra, mas a pessoa que o segurava era mais forte. O colégio se encontrava vazio por conta dos alunos que já foram para suas casas.

Everton foi levado para um lugar, onde foi jogado no chão e sua venda foi tirada. Ele olhou ao redor e percebeu que se encontrava na quadra abandonada do colégio. Era uma quadra que nunca foi reformada, depois da construção de outra. Logo ele percebeu quem o levou até ali.

Paulo? Porque você me trouxe até aqui? – perguntou.

Pensei que você não lembrada de nome de lixo. – disse ironicamente.

Cala a boca e me deixa sair daqui agora. Everton tentou sair, mas novamente foi empurrado ao chão por Paulo.

Eu vou te ensinar a nunca mais falar daquele jeito na frente dos meus amigos.

Paulo deu um soco em Everton que caio novamente. Ele tentou revidar e se soltar, mas Paulo era muito mais forte que ele. Os murros e chutes continuaram até ele perceber que Everton estava desacordado, parou e o deixou.

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Alguns minutos depois, Everton acordou.

Foi estranho. Eu acordei e por um segundo achei que estava sonhando. Mas, o sangue e a dor que estava sentindo eram real, então aquela possibilidade passou longe. Levantei-me com dificuldade e fui cambaleando em direção ao meu quarto. No caminho, não encontrei ninguém. No momento que cheguei no corredor dos quartos, minha visão ficou turva, senti uma tontura e não consegui me segurar, mas alguém me segurou antes de atingir o chão. Não consigo ver quem era. Só me encostei no peito dessa pessoa e comecei a chorar, enquanto ela me colocou no braço e começou a caminhar. Depois disso, apaguei.

Fim do quinto capítulo.