Capitulo 2

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Fico paralisada olhando para Dylan. Ele é o garoto do meu sonho. Tenho certeza.

Reconheci seus traços assim que bati o olho nele. E também, eu o havia visto em meu sonho há apenas algumas horas, seu rosto ainda estava gravado em minha mente como ferro em brasa.

O que significa sonhar com uma pessoa e logo depois conhecê-la? O que diabos está acontecendo?

Continuo o observando seus traços e depois de uma visualização mais detalhada, percebo que ele não é exatamente o mesmo cara do sonho. Ou melhor, aparenta não ser. Digo, ele está diferente, tipo, suas roupas não são totalmente pretas, e ele não está tão pálido quanto estava no sonho. Em seus jeans folgados e sua camiseta vermelha justa ao corpo magro ele aparenta ser um adolescente tão normal como qualquer outro.

— Conte-nos um pouco sobre você, Dylan. — diz a Srta. Gonzáles.

Ele franze as sobrancelhas e morde o lábio inferior.

— Bom, meu nome é Dylan — sua voz é meio diferente da do sonho, mas ainda interessante, e seu tom de voz é meio constrangido — eu sou novo na cidade e parece que agora vou estudar aqui com vocês.

Todos soltam risadinhas bobas. Menos eu. Eu estava ocupada demais tentando compreender o fato de que estava acabando de conhecer a pessoa que eu tinha visto em um sonho maluco.

— Dylan, tem como você ser menos vago ou é difícil? — pergunta a professora debochadamente. Dylan com certeza estava se sentindo meio constrangido por ser o aluno novato e estar chamando atenção e a Srta. González provavelmente havia percebido isso e estava tentando puni-lo por ter atrapalhado sua aula e chegado atrasado. Perceber isso só fez com que o ódio que eu nutria por ela aumentasse ainda mais.

Ele solta um sorriso diferente para ela. Era impressão minha, ou havia um resquício de malícia ali?

— Se você quer, então... Bom, eu me mudei para essa cidadezinha minúscula há alguns dias, entrei em sua escola quase no final do ano do ensino médio e não me importo com isso; não faço a mínima ideia do que quero fazer da vida quando acabar aqui e também, não dou a mínima para isso; eu provavelmente serei um mochileiro pelo mundo em busca de aventuras. E ah... já ia me esquecendo: eu adoro chocolate. E acho que gatos são fofos.

Assim como todos os alunos presentes, a professora arregala os olhos em sua direção, o queixo ligeiramente caído.

— Onde eu posso me sentar mesmo? — Pergunta ele num tom dócil e gentil, como se não tivesse acabado de dizer para a sala inteira que está se lixando para nós.

Díos Mio! — ela exclama, ainda boquiaberta. Creio que ela se esqueceu de falar em português. Geralmente acontece isso quando fica espantada, o que é raro. — É assim que você prefere dar sua primeira impressão?

Ele dá de ombros.

— Isso é irrelevante. — diz — Uma coisa que aprecio em uma pessoa, é a honestidade. Você me pediu para não ser vago e eu não fui. Se não gostou da minha resposta, eu poderia dar outra, mas estaria sendo desonesto com vocês, e automaticamente, comigo mesmo, então eu repito... Onde. Posso. Me sentar? — pergunta calmamente.

Ela recupera o fôlego e balança a cabeça, confusa.

— Não sei... em qualquer lugar. — acena vagamente para as carteiras.

Ele olha para a sala procurando um lugar vazio. Por um instante, direciona o olhar em minha direção, mas parece sequer reparar que eu estou aqui. Acho que não seria essa a reação certa para ele ter se também tivesse sonhado comigo da mesma forma que sonhei com ele.

A Guerra - DescobertasOnde histórias criam vida. Descubra agora