Capítulo 4

7 1 1
                                    


4

TRIM-TRIM. TRIM-TRIM. TRIM-TRIM. Toca o despertador anunciando o início do dia.

Acordo assustada com minha barriga se roendo dolorosamente. Droga. Dormi ontem sem jantar.

Levanto-me da cama meio tonta e tateio pela escuridão das paredes do meu quarto em busca do interruptor. Acendo a luz e logo depois desço até a cozinha à procura de qualquer coisa para satisfazer o buraco-negro em minha barriga. Encontro, e quando um generoso pedaço de bolo de cenoura cai no meu estômago, a sensação é tão deliciosa que involuntariamente chego a revirar os olhos. Que fome! Depois de terminar o bolo todo e tomar um enorme copo de leite, volto para o quarto e começo a me arrumar.

Em pouco tempo já estou com o uniforme e penteando meu cabelo molhado. Pego a mochila, despeço de minha mãe e vou para o ponto de ônibus.

Não encontro a Laís na porta de sua casa e nem mesmo no ponto de ônibus. Isso é um sinal de que seu pai ou seu namorado devem tê-la dado uma carona hoje. Respiro fundo e tento manter a paciência e alguns tortuosos minutos depois, o ônibus chega.

Quando finalmente consigo me sentar em um lugar vago, pego meus cadernos e dou uma rápida checada em busca de alguma lição de casa que eu não tenha feito. Para minha sorte, não há nada. Como não havia nenhuma pessoa com quem eu poderia conversar, nenhum livro para ler ou nada para fazer, pego meus fones de ouvido e fico o percurso inteiro até a escola ouvindo minha playlist favorita, uma com musicas totalmente variadas, de depressivas a eletrônicas intitulada "Fodásticas".


Assim que chego na escola, percebo que a a Laís não foi virá a aula hoje. Não sei por quê. Mas, quando cheguei, não a encontrei em canto algum e muito menos em sua carteira quando a aula começou. Ela deve ter perdido a hora ou algo assim.

Assim que me sento em meu lugar, Dylan se vira do dele e me metralha com um olhar animado e um sorriso ligeiramente safado no rosto.

— Por que a garota louca não me disse que éramos da mesma turma ontem?

Sorrio.

— Bom dia para você também. E pelo que parece você não foi burro o bastante para não se perder na floresta ontem...

Ele franze as sobrancelhas.

— Você achou mesmo que eu me perderia? — pergunta.

— Você quer mesmo que eu responda isso?

Ele sorri.

— É, lindinha... você não faz a menor ideia do que eu sou capaz.

Sinto minhas bochechas corarem.

— Por favor, não me chame assim. — falo.

— O.k., lindinha. — ele responde irritantemente — Então como eu posso te chamar?

Por mais bonito que ele seja, prefiro não correr o risco de me tornar próxima vítima do cara que sonhei que me matava, então falo:

— Fulana de Tal. Esse é meu nome.

Ele me olha confuso.

— Belo nome o seu, Fulana de Tal. Combina com o tipo de garota que anda por florestas escuras e vazias onde a maioria das pessoas evita ir. Mas é meio comprido você não acha, não?

A Guerra - DescobertasOnde histórias criam vida. Descubra agora