O ensino médio sempre é complicado, ainda mais quando se é novo no colégio. E Leon estava entrando no segundo semestre, o que dificultava mais. Era tímido, o cabelo vivia bagunçado, seus olhos castanhos expressavam a preocupação que sentia quando cruzou a porta da sala.
Vários garotos atirando bolinhas de papel, a maioria das meninas conversando em grupos, ele nunca entenderia. Caminhou um pouco e sentou-se perto da janela.
-Você é maluco? Esse é o meu lugar.- Um rapaz alto chegou dizendo, quase gritando com Leon, que soltou um riso abafado.- Tem problema?
-Não, é só que isso é muito infantil e a gente ta no segundo ano do ensino médio, cara.- Respondeu, e de jeito algum esperava a reação que o garoto teve.
Puxou Leon pelo uniforme que usava, até que ficasse a sua altura em pé, e o moreno apenas fechou os olhos esperando o soco. Ele não era do tipo que iniciava uma briga, pelo contrário, tentava manter uma amizade com todo mundo.
A sala já se tornava uma rodinha, gritando coisas para que o rapaz batesse logo.
-Ei, pra que você está fazendo isso, Travor? Deixa o garoto em paz, que bobeira brigar por um lugar.- A garota de cabelos loiros levantou-se e gritou, fazendo o restante calar-se.- Solta ele e faz algo de útil.
E Travor, como era chamado, riu por um momento, mas acabou deixando Leon sair, o qual caminhou até atrás da menina e sentou-se lá. Era no canto da parede, não muito no fundo.
-Obrigada.- Cutucou a loira enquanto dizia.- Qual seu nome? Eu me chamo Leon.- Arriscou, tímido.
-Prazer, sou a Nilce. Nilce Moretto.- Ela virou-se e sorriu, algo radiante.- Tente ficar longe de Travor e seu grupo, eles são encrenca. Se quiser sentar comigo no intervalo, eu realmente não fico com muita gente.
-Claro, pode ser então. Obrigada pelo aviso.
Um silêncio embaraçoso pairou entre eles, até o sinal soar e o professor de química passar pela porta. Nilce virou-se para prestar atenção e as aulas foram passando, apenas algumas conversas entre a troca de professores, nada de mais.
O intervalo chegou, finalmente. Leon e Nilce desceram conversando, ele falava empolgado sobre jogos e ela ouvia e comentava sobre o que conhecia. Não devia admitir ser uma grande fã de games, mas gostava de algumas coisas. Procuraram um lugar vazio e sentaram-se, meio afastados dos grupos de valentões.
-Eu não entendo, você não anda com as meninas?- Leon indagou, mordendo o sanduíche que trouxera.
-Questão de afinidade... Não nos damos bem, prefiro ficar longe.- Ela fez uma pausa, pensando em como continuar.- E é complicado, os garotos às vezes se atiram em mim, e não quero nada com eles. As garotas pressionam demais para essas coisas, então... Distância é o melhor.
Eles riram, Leon achou fofo a expressão que fez quando reclamava. Ele sentiu que havia feito uma amiga, logo no primeiro dia de aula.
E os meses passaram rápido demais, eles ficavam próximos a cada dia e, sem perceberem quando, os sentimentos já não eram de amizade. Não sabiam descrever, e o medo daquilo não ser correspondido era maior do que a vontade de contar. Pareciam crianças.
Estavam na casa de Leon, jogando Overwatch, que por sinal Nilce passou a adorar depois de algum tempo, e os assuntos vinham sem notarem.
-Você viu sobre o baile da escola?- Nilce perguntava enquanto não tirava os olhos da tela.
-Ouvi algumas garotas comentando, mas não sei se vou. E você?
-Talvez, se arranjar um par.- Uma pontada de ciúmes atingiu Leon, que tentou ignorar.- Quer dizer, quase ninguém é legal, não sei.
-Sim, nem me fale.- Respondeu, tirando as mãos do teclado pela partida ter acabado, e virando-se para Nilce.- Que tal irmos juntos? Posso não ser o melhor acompanhante, mas pelo menos não sou o Travor.
Ela sentiu-se corar, a sensação que não sentia há mais de anos voltava, as borboletas no estômago. Resolveu aceitar, parecendo ser algo normal, mas faria de tudo para contar sobre seus sentimentos à Leon naquele baile. Despediu-se vendo que já era tarde e voltou para casa, depois de muito insistir que ficaria bem. Procurou na internet algum vestido que lhe agradasse para buscar na cidade, e após algum tempo, viu o ideal e ligou na loja para reservar. Apesar da hora, a moça foi bastante simpática e Nilce passaria lá após a escola.
E assim o fez, comprando o vestido, que encaixava perfeitamente em seu corpo. Os dias passaram até que finalmente era o baile, e ela passou o dia todo no salão, enquanto Leon estava nervoso, tentando decidir uma gravata. Sua intenção quando convidou Nilce era contar-lhe a verdade, e não queria pisar na bola.
Eram quase onze da noite quando tocou a campainha da casa dela, ao vê-la toda produzida, quase deixou escapar um "uau". Quase, mas sabia que aquilo acabaria com a noite, então conteve-se.
-Está muito linda, Nilce.- Comentou ajudando a loira a chegar até o taxi.
O vestido verde água descia modelando seu corpo, nada muito chamativo, algo na medida certa. Com a maquiagem, seus olhos tinham um destaque, e o cabelo estava solto com cachos, nada muito exagerado.
Leon combinava sua gravata com o vestido de Nilce, e riram ao perceber este detalhe. Chegando lá, a música alta impedia que conversassem muito, então decidiram comer um pouco. Ele era vegetariano, e deu muita sorte de terem preparado sushi, não imaginava que teria.
O tempo passava, já era quase uma da manhã quando começaram a realmente dançar, improvisando alguns passos. De repente a música animada cessou, e algo romântico passou a tocar. Sem nem perceberem já dançavam, a cabeça de Nilce indo ao encontro do ombro de Leon, que em momento algum hesitou. Apenas ficaram ali, curtindo a melodia que tocava.
-Acho que preciso te contar algo.- Ela finalmente tomava coragem para dizer, as borboletas lhe invadindo o estômago novamente.
-Eu também, Nil. Mas fale você primeiro.- Insistiu um pouco e ela acabou concordando.
-Não sei como isso aconteceu, parece ter sido natural, e estranho ao mesmo tempo.- Fez uma pausa, buscando as palavras ideais.- Fico tão feliz que tenha entrado na minha vida, Leon. E por mais que isso possa te tirar, ou não, dela, não cabe mais dentro de mim. De uns tempos para cá venho sentido algo diferente com relação à você. Algo que não sentia há anos. Passei a gostar de ficar mais tempo contigo, e toda vez que estamos sozinhos sinto como se tivesse várias borboletas no estômago. Eu... Acho que te amo, Leon Martins.
Ele estava em um estado de choque, os olhos fixos nos dela enquanto a música tocava ao fundo. Ouvira direito? Ele, pela primeira vez, era correspondido no amor. Sorriu, limpando uma lágrima que escorria no rosto dela, que ainda não tinha uma resposta.
-Tudo que você disse... Compartilho do mesmo sentimento. Eu amo você, Nilce Moretto, e parece ser tão estranho dizer isso, mas é muito bom. E eu amo você. Amo com tudo que tenho.
Os sorrisos estampados em suas bocas prevaleceu, até ele tomar o rosto de Nilce entre as mãos e iniciar um beijo, que durava mais do que o esperado. As línguas invadindo a boca alheia e travando uma batalha sem vencedores, algo bom. Interromperam o beijo para respirarem, e sorriram novamente.
Sabiam que aquele sentimento estava guardado e só se tornava maior, então ficariam juntos, não importava o que viesse pela frente.Heeeey
Bem clichê? Mas é lógico que sim! Gostei desse universo paralelo, espero que estejam morrendo de amores igual eu estou.
Foi um pouco mais longa essa fic, mas a inspiração veio e me levou. O título não está criativo, sorry povo, mas o que conta é a fic, não é mesmo?
Desculpa qualquer erro, deixe aí seu tapa no dedão e um comentário, beijos e até a próxima!
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Pick me, Choose me, Love me
FanfictionNunca fui boa em criar histórias longas, então aqui serão escritas várias oneshots Leonil, com finais felizes ou não. Ideias soltas da minha cabeça que poderiam, ou não, ter uma continuação. A criatividade é o que conta, não é mesmo, Nilce?