3 - Quando a vida te der limões... atira à cabeça do teu namorado gay

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Depois daquele beijo, Álvaro olha chocado para mim, Luís que está do outro lado da bancada da fruta está com uma expressão quase cómica, se não fosse trágica e Marcos está surpreso. Por um milagre qualquer, Marcos não percebe que Álvaro perde o norte, pois neste momento Álvaro tem as costas viradas para ele.

Antes que Álvaro me comprometesse, arregalei-lhe os olhos em sinal de "socorro" e ele entendeu. O problema é que Luís não entende e extremamente chateado, manda um limão na cara de Álvaro e sai dali no passo mais apressado que consegue, deixando o carrinho das compras no sítio em que ele estivera segundos antes.

Eu já estou a sentir remorsos e estou mesmo a ponto de correr na direção de Luís para explicar o sucedido, mas Álvaro faz-me um sinal muito discreto para que não o siga.

O meu amigo recompõe-se totalmente, antes de olhar para Marcos e perguntar:

- Quem é o seu amigo?

- Marcos Albuquerque - Marcos estende a mão e aperta a mão de Álvaro, que conhecendo-o como conheço, está achando o meu primeiro amor, um gato. Porém não o dá a entender. Eu vejo isso, apenas porque o conheço demasiado bem - Prazer em conhecer.

Irônico ele dizer isso, pois o sorriso que ele tinha quando me viu, desaparecera por completo do seu rosto. Ele agora apenas falara de maneira cordial. Eu sei que o prazer em conhecer Álvaro não é nem um pouco verdadeiro, mas decido não dar a entender que sei isso. Está-me a saber demasiado bem o efeito que minhas atitudes propositais têm sobre Marcos. Bom, à parte a partida de Luís que deixara Álvaro com vontade de chorar, sobretudo depois de ser atingido por um limão na cabeça. Eu não tinha o direito de lhe fazer isto, mas ele compreendera de certeza que eu só podia ter uma razão muito boa para o beijar.

Marcos ficara sem jeito. Despediu-se da gente e continuou as suas compras e eu finalmente pûde respirar fundo.

Tive que explicar ali mesmo, quem era Marcos. O meu amigo entendeu a minha estúpida atitude, porém pediu-me para nunca mais fazer aquilo, sobretudo à frente de um namorado dele.

Eu não esperava é que mesmo chateado, Álvaro me fizesse rir.

- Nunca tinha beijado uma mulher na boca - comentou, finalmente abrindo um sorriso manhoso.

***

Uma semana depois do episódio do limão ( que é como eu lhe chamo), aqui estou eu no meu escritório respondendo à carta de uma mulher que quer reatar com o ex-namorado. Eu não estou conseguindo ser imparcial. Para além do mais, o tempo está passando e eu continuo olhando para um ponto indefinido na porta do escritório. O meu transe só é interrompido pela entrada de Valentina, que me informa que tem algo importante a dizer a toda a redação.

Levanto-me e saio do meu escritório com ela à minha frente. Quando estamos todos reunidos, Valentina se lança no discurso que provavelmente preparou à frente do espelho durante algum tempo.

A sua barriga está enorme. Dá para ver que não vai aguentar muito mais tempo.

- Meus queridos - começa - Como já não é novidade para ninguém, eu estou no fim do tempo e este é o meu último dia como vossa chefe.

Ouve-se um burburinho de comentários em discordância pela redação.

- Calma, calma. Eu vou continuar a ser vossa colega, isto quando eu voltar das minhas merecidas férias de maternidade.

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