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Gabriel

Quando cheguei em casa, fiquei algum tempo olhando para a mansão onde eu tinha vivido minha infância e boa parte da minha adolescência. A casa tinha mais quartos do que eu poderia contar nos dedos, havia sido passado de geração para geração. Minha família era descendente de italianos, vindo para o Brasil na grande era de produção de vinho.

Meus tios eram constituídos por grandes famílias, mas meus pais optaram apenas por dois filhos, por conta da vida corrida dos dois.

Eu tinha um pouco mais de três anos então quando eles morreram em um acidente aéreo, eu não sofri tanto com a falta deles, mas me lembro de Eduardo chorando às vezes quando a saudade batia.

Com o passar dos anos, ele foi ficando mais forte e paramos de ter aquela união de irmãos. E depois que Lia começou a namorá-lo, foi o fim de tudo.

Marisa, a governanta de longos anos, abriu a porta para me receber. Havia uma vasta cabeleireira branca desde a última vez que a vi.

— Meu menino, quanta felicidade me trás ao voltar para casa – disse ela me abraçando.

— Olá Marisa, estou de volta por um curto período – falei retribuindo ao abraço.

— Não importa por quanto tempo. Achei que iria morrer sem vê-lo.

— Não vamos ficar com tanto drama, a senhora ainda tem longos anos de vida.

Marisa riu alto e ainda me abraçando, me levou para dentro. O ambiente ainda era o mesmo, nada estava fora do lugar. Era como se o tempo tivesse parado.

Os móveis antigos misturados com a modernidade, deixando o ambiente bem mais familiar, embora somente os empregados vivessem nela. O quadro da nossa família estava posto acima da lareira, quando eu era ainda um bebê.

— E os meus avós, onde estão? – perguntei quando não vi ninguém me esperando na sala.

— Estão descansando da viagem. Sabe que na idade deles, fazer uma viagem da Itália para o Brasil não é fácil. Eles esperaram o máximo que deu, mas você demorou muito.

— Eu quis vir direto, mas Costa insistiu que eu precisava ir à empresa. Eduardo não honrou com alguns compromissos e eu precisei dar uma olhada em tudo.

— Não fale no seu irmão... Só a menção do seu nome já deixa o meu coração sangrando – disse Marisa com voz triste.

— Ele não falou nada? Alguma coisa que indicasse que ele não estava bem?

— Nada. Em um dia, ele estava na mesa tomando café e falando onde iria passar a lua de mel, no outro, estava atravessando a porta da sala com uma mala... E a pobre da Lia, cortou-me o coração quando eu soube que Eduardo tinha terminado o noivado.

— Chegou a falar com ela? Lia veio até aqui?

— Não. Uma amiga dela ligou dois dias após o término para avisar que tinha entregue as chaves do apartamento lá no Rio de Janeiro na portaria do prédio. Perguntei por Lia mas sua amiga apenas informou que estava tentando ficar bem.

— Custo acreditar que meu irmão tenha largado tudo e sumido sem deixar rastro.

— Todos ainda não acreditamos – disse Marisa tristonha – por que não sobe para descansar um pouco? Está tão abatido.

— Estou bem. Estou acostumado a longos períodos acordado, mas vou subir para tomar banho e tirar essa roupa.

— Faça isso. Vou mandar preparar o jantar. Macarronada ainda é o seu prato preferido?

A sua esperaOnde histórias criam vida. Descubra agora