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Capítulo 3/3

Lia

Eu estava a dez minutos esperando Eduardo explicar os motivos de sua volta. Todas as suas justificativas me levavam ao mesmo ponto. Ele estava jogando. Jogando comigo, com Gabriel, com seus avós. Quem era esse cara que nunca havia mostrado sua face de verdade?

Falava de sua vida, como se só ele tivesse sofrido esse tempo todo. E eu, como achava que fiquei com sua partida?

Sua família desesperada com seu sumiço, sem saber notícias suas durante meses. Como ele não se importava com o mal que tinha causado a todos?

— Eduardo, se você não tem realmente uma justificativa plausível para seu sumiço e para sua volta, não sei mesmo o que estou fazendo aqui. Então vou ser bem direta, me deixe em paz. Estou feliz com Gabriel e...

— Gabriel é apenas um garoto bancando o adulto. O que acha que ele vai fazer quando se cansar de brincar de casinha?

— Com certeza, não vai fazer o mesmo que você.

— E voltamos a esse assunto... A minha fuga.

— Sempre iremos voltar a esse assunto até que você fale a real verdade.

— Eu já falei a verdade. Por que não acredita em mim?

— Porque não tenho nenhum motivo para acreditar.

Eduardo sorriu daquele jeito como se tivesse pronto para fazer alguma travessura.

— Você sabe, eu sei... Temos uma história inacabada. Quanto mais você nega, mas fica evidente o quanto me ama.

— Eu não...

— Eu amo você, e estou feliz que esteja aqui.

— Então esse é o motivo por não atender minhas ligações? – a voz grave de Gabriel surgiu atrás de mim.

Virei minha cadeira e vi um Gabriel extremamente zangado.

— Gabriel... – comecei a falar.

— O que vai me responder Lia? Vai me dizer que se encontraram por acaso enquanto você fazia compras?

— Não...

— Já sei então. Achou que seria uma boa ideia convidá-lo para almoçar, se sentindo no direito de fazer isso, já que eu havia feito o mesmo?

— Claro que não... Eu...

Levantei-me para ficar de frente com ele.

— Pretendia esconder a verdade também?

— Eu não esconderia isso de você. Sabe que não.

— Eu não sei de mais nada. Você faz juras de amor e quando dou as costas, procura Eduardo para um almoço em família.

— Não tem almoço algum acontecendo aqui. Foi ele que me convidou...

— E você aceitou.

— Aceitei para dizer que não me procurasse mais. Que deixassem a gente em paz.

— Nossa, quanta bondade de sua parte, se encontrar com o ex para pedir que a deixe em paz.

— Você tem que acreditar em mim – pedi.

— Como acreditar em uma pessoa que não sabe o que quer? Eu realmente acreditei que me amava.

— Eu amo você...

— Não, você não me ama. Você ama a segurança que transmito. Eu sou o que você gostaria que Eduardo fosse. Sempre foi assim. Sempre te amei demais para não enxergar que você jamais me entregaria seu coração.

A sua esperaOnde histórias criam vida. Descubra agora