Sozinho?

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Jake abriu a porta de casa me dando espaço para entrar, olhei em volta e ela parecia maior ainda por dentro. Tinha uma escada, que olhando daqui daria há alguns quartos. Na sala alguns sofás cor creme, no centro uma mesa de vidro com revistas e uma TV grande perto da parede.

Jake trancou a porta e passou por mim subindo as escadas, depois se virou e acenou com a cabeça para eu acompanhá-lo. Fiquei perdida depois sem saber em qual porta ele entrou, mas deduzi que seria na primeira pelo barulho que fez.

Seu quarto era grande, uma cama de casal e uma mesa de escritório, com uma cadeira legal transparente. Um guarda roupa cor marfim com um espelho enorme, tinha vários livros em um canto da parede e mantinha todos organizados em fileiras.

- Vai ficar ai parada feito estátua ou vai entrar? - desviei o olhar da varanda enorme que ele tinha em seu quarto e entrei de vez em seu quarto.

Estava me sentindo sem graça, sem saber como agir. Era nítido que eu e Jake estávamos desconfortáveis com toda a situação, sendo praticamente obrigados a fazer o trabalho juntos. Puxei da mochila o meu caderno de anotações e passei para o Jake dar uma olhada.

- Podemos começar desse jeito que fiz? É que um roteiro nos poupará mais tempo. - dei de ombros e ele assentiu pegando o caderno que eu estendia.

- Tanto faz. - ele tirou a jaqueta que estava usando ficando apenas de camiseta branca e se sentou na frente da mesa, puxando a mochila preta e tirando de lá um notebook.

- Por um acaso está com medo? - ele disse tirando os tênis e voltou a me encarar.

- Não.. eu eu só ... - ele me interrompeu.

- Sente-se, não vou te morder. Não precisa se tremer toda. - ele disse e sorriu convencido.

Sentei na cama macia e tirei de lá um livro que já tinha feito algumas anotações e comecei a estudá-lo. Depois de uma hora Jake bufa e me encara sério.

- Está com fome? Porque eu não aguento mais. Se quiser estou descendo. - ele saiu.

Nossa que convite gentil (só que não) é óbvio que eu estava com fome, mas ainda estava me sentindo desconfortável com tudo isso. Eu tinha razão para estar daquele jeito, receosa e com medo.

Mas desci mesmo assim atrás dele na cozinha, ele já tinha arrumado tudo na mesa tinha uma jarra de suco de laranja, bolo, pão de forma e melância cortada.

- Fique a vontade, Mirela. Eu sei que você não gosta de mim, mas precisa comer. - ele disse e se sentou preparando um lanche e despejando suco no copo.

- Obrigada. - fui direto no bolo de chocolate e cortei uma fatia, depois despejei suco de laranja pra mim também.

- Sabia que era uma formiguinha.. - ele riu, e eu o olhei, foi a primeira vez que senti que ele estava sendo ele mesmo.

- Esse bolo está com uma cara tão ótima que eu não resisti. - sorri de volta e dei uma mordida. - Quem fez?

- Minha mãe. - ele deu de ombros.

- Você mora sozinho, não é? Essa casa é tão grande que pensei que morasse com seus pais. - eu disse.

- Mas não moro. - disse seco. Acho que ele não queria prolongar o assunto ou queria mesmo era manter a distância e não ter algum tipo de amizade comigo por vergonha.

- Por que.. hamm... por que você me odeia? - perguntei de uma hora pra outra e ele voltou o olhar pra mim.

- Você, seus amigos, vocês gostam de rir.. mas por que eu? - disse insistindo já que ele estava quieto.

- Escuta, eu não te odeio. - ele disse e voltou a comer seu sanduíche.

- Então.. é pra se divertir? - eu disse agora agoniada com a falta de respostas.

- Você não colabora com essas roupas e teu jeito esquisito. - ele disse bebendo o suco.

- Minhas roupas? Mas vocês nem me conhecem. - disse agora quase gritando. - E outra, vocês julgam sem saber, sem saber de nada da vida das pessoas.

Então ele ficou quieto e pareceu não querer prolongar o assunto, terminamos de comer, ele tirou a chave do carro do bolso e me chamou.

Estava quase dormindo no carro, quando percebi que estávamos indo mais para o centro da cidade.

- Para onde estamos indo, Jake? - perguntei olhando para os lados das ruas.

- Só tenho que resolver algumas coisas na academia, já te levo pra casa. - ele disse de repente estacionando o carro.

- Vai ficar aí? - ele disse me olhando e fechando a porta. Desci do carro e o acompanhei até a academia.

Aquele horário pela tarde tinha bastante pessoas malhando e se exercitando, o andar de cima tinha pessoas praticando judô. Do outro lado da academia tinha pessoas fazendo aulas de dança.

Resolvi seguir Jake, não iria ficar parada que nem boba naquele lugar. Ele chamou a moça morena alta da recepção, enquanto ela enrolava o cabelo e depois de encará-lo, me olhou dos pés a cabeça.

- Eu vim cancelar a minha matricula. - ele disse simplesmente e a mulher desfez o sorriso.

- Mas por que Jake? E o judô? O James sabe disso? - ela começou a falar e perguntar sem parar.

- Vai cancelar ou vou ter que chamar seu chefe? - ele disse entediado.

- Já vou fazer o cancelamento, só espere alguns minutos. - ela disse sem graça e começou a digitar.

Comecei a olhar as pessoas, e todas elas pareciam aplicadas em seus exercícios. Olhei aqueles caras fortes e musculosos, algumas mulheres de legs, parece que todos sabiam exatamente o que fazer e como fazer.

- O que foi? - Jake ficou do meu lado curioso.

- Nada, eu nunca tinha entrado em uma. - disse.

- Nunca? - ele disse e depois sorriu. - Eu não sei porque ainda me surpreendo, é claro que você nunca esteve em uma academia antes. - depois desviou o olhar para uma loira que passava.

- Por que acha isso? - fiquei o encarando.

- Talvez porque você usa essas roupas e parece ser careta. - ele disse me olhando de cima a baixo.

"Babaca"

A moça da recepção o chamou novamente, e finalmente pudemos sair da academia e entrar no carro.

Cheguei em casa exatamente as 18:00horas quase em ponto. Terminei de tomar um banho e ouvi um barulho lá embaixo, depois a voz da minha mãe. Finalmente parece que resolveu dar o ar da graça.

Desci as escadas e avistei um homem com aparência da idade dela, ela acenou.

- Filha venha cá, esse é seu novo padrasto, Jerry. - ele estendeu as mãos e não retribui.

- Deixa de ser mal educada, garota. - ela disse e revirou os olhos brava.

- Onde a senhora estava? Não aparece em casa, e quando te vejo você logo depois desaparece. - disse suspirando de frustração.

- Isso não te interessa. Agora dê o fora daqui, antes que eu me estresse ainda mais com você. - ela disse quase gritando.

Naquela noite fui dormir sem jantar, dormi chorando pois a minha mãe era uma das piores pessoas que eu já tinha conhecido em toda a minha vida.

Oii :) gostaria de avisar que vai haver as postagens toda terça e sexta de capítulos novos, vocês acham que está bom assim? ou em outros dias?

Ahh e uma curiosidade minha também, é saber se vocês leem do computador ou do celular ? bem era só isso hahah bjoos! e até o próximo *-*

A razão é você (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora