As Mulheres

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Devo confessar que sou viciado em mulheres. Sim,isso mesmo que você está lendo: Viciado em Mulheres. Talvez não da forma em que você está pensando agora. Ouso dizer que, se estiver pensando dessa forma, você não compreendeu o real significado das mulheres em nossas vidas. Talvez, quando perceber, notará que sempre foi viciado também, apenas não se tinha dado conta.

Existem diversos momentos em que elas podem entrar em nossas vidas e causar uma revolução, virando-as ao avesso, tal o poder que elas possuem sobre nós. Mas, antes de exemplificar tais situações, quero ir lá ao começo, quando ainda não passávamos de, literalmente, uma porrinha perdida, nadando desesperadamente, tentando ser o melhor entre outros milhões iguais a nós. A boa notícia é que, se você está lendo este texto, você foi o melhor, pelo menos uma vez na vida, entre outros milhões.

Sem mais divagações, este talvez tenha sido o único momento em que, pelo menos nós homens, tenhamos entrado na vida de uma mulher, porque, em todos os outros, nós somos arrebatados, somos sugados, arrancados de nossa insignificante existência, e somos atraídos pela gigantesca força gravitacional que elas exercem quando passam por nós. E uma vez acontecido isto, estamos condenados eternamente a viver em sua órbita.

Fato é que nos formamos e desenvolvemos dentro delas. Passamos de um simples e insignificante espermatozoide, unido a um óvulo, e nos transformamos em um ser, no mínimo, bem mais complexo. Talvez todo esse processo químico e emocional, pelo qual passamos no início de nossa vida, explique a fascinação e a ligação entre os bebês e suas mães. O formidável ato da amamentação é outro fator importantíssimo para fortalecer essa ligação. Não vamos entrar em uma dissertação acadêmica, este relato é apenas para demonstrar que, desde o início de nossas vidas, estamos ligados a elas.

Em certo momento de nossa existência, nós homens, ou melhor, meninos, deixamos de enxergar as meninas como nossas rivais, e começamos a reparar em toda sua graça e beleza, em seus encantos, em sua delicadeza e formosura. Começamos a perceber que as coisas vão muito além de apenas alguma diferença física entre nós e elas e que elas não são o adversário, mas algo que ainda não compreendemos perfeitamente (se é que chegamos a compreender algum dia), talvez ainda um ser que deve ser admirado e que queremos simplesmente ter por perto.

Entretanto isso é só o começo, e, talvez para nossa desgraça ou redenção, constatamos que as desejamos muito mais do que gostaríamos de acreditar. Com os hormônios à flor da pele, percebemos que, mais do que sua presença, admirar sua beleza, as desejamos de corpo e alma. Queremos ir fundo. Queremos unir nossos corpos até tornarmos uno, mas, mais do que isso, todos os sentimentos vêm à tona, sensações nunca antes experimentadas, as quais, com uma potência absurdamente assustadora, nos tomam o corpo e a alma. Para alguns, isso também vicia.

Se apesar de tudo, antes ainda não tínhamos consciência da influência da mulher sobre nossas vidas, agora mesmo é que, na nossa infinita ignorância, nos deixamos levar. Não importa que seja de forma consciente, ou hipnotizados. Fazemos tudo por e para elas. E ainda bem!

Costumo dizer que o homem só chegou aonde está, só evoluiu em todas as matérias da vida, por causa da mulher. Não, não estou falando daquele papo de que, atrás (ao lado) de um grande homem, há sempre uma grande mulher. Isto é fato também, mas não é isso. Somos seres preguiçosos e relaxados por natureza. Se elas não existissem, estaríamos ainda coçando saco dentro de alguma caverna por aí, ou até teríamos sido extintos.

Tudo o que o homem faz é para a mulher. Ele não gosta de carros, mas os tem, ou os quer, para impressionar as mulheres. Ele trabalha e junta dinheiro para gastar com elas. Ele se arruma para sair com elas e por causa delas. Todo o processo de evolução industrial, social e cultural foi por elas e para elas. Para que uma casa bonita? Para ela. A maioria das músicas, poemas, artes em geral, têm nas mulheres as grandes musas inspiradoras.

A verdade é que matamos e morremos pelas mulheres, literalmente. Guerreamos e nos perdemos por elas. Não faltam exemplos de mulheres na história que, se não foram o motivo de guerras, contribuíram para que direta ou indiretamente ocorressem. Helena de Troia, Cleópatra, Roxana, Maria Bonita, Maria Antonieta, Ana Bolena... Esta última, inclusive, foi a causa de o Rei Henrique VIII romper com a Igreja Católica e fundar a Anglicana.

Não vamos citar as que fazem com que nos percamos na vida. Apesar de seu poder de destruição, elas também têm um certo ar da graça, e, geralmente, uma grande fonte de irresponsabilidade e prazer. Algumas vezes, fazendo com que nos percamos, acabam fazendo, também, com que nos achemos em nós mesmos. Desde Eva, a mulher vem sendo o motivo de nossa salvação ou perdição. Talvez seu cheiro, sua pele macia, seu jeito delicado, os cabelos geralmente compridos e sedosos, não sei. 

Talvez o formato de seu corpo, seus seios, sua boca, seu olhar, o jeito de falar... Talvez seja o modo como nos pega no colo quando somos bebês ou crianças e os fatos de nos alimentar, contar histórias, de cuidar de nós quando estamos doentes...

Não importa que seja mãe, irmã, filha, avó, amante, namorada, esposa. Não vivemos sem elas, sendo o que somos por causa delas. São a fonte de inspiração e o motivo de nossas vidas. São elas que nos fizeram sair da caverna e tornarmos seres melhores, obrigados ou não, conscientemente ou não. Foram, elas, responsáveis por evoluirmos da Idade da Pedra Lascada à Idade Contemporânea, passando pela Revolução Industrial, Revolução Francesa (com seu Iluminismo) e por tantas outras revoluções em busca de liberdade mundo afora.

Agora, quando eu digo que sou viciado em mulher e que o mundo inteiro sempre foi, talvez você acredite. Talvez você perceba que também é! Acredite em mim, é muito bom ser.

Os Contos de Nossas VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora