one ↝ tik tok.

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  — Para onde está indo? — Uma mulher bem mais velha perguntou com um sorrisinho no rosto, enquanto segurava uma mala não muito grande. Encarei a estação de trem e tentei abrir outro sorriso.
  — Tenho que ir buscar uma coisa minha no outro lado da cidade. — Sorri, cruzando os braços. — Quanto a você?
  — Estou visitando os netos em Portland. — Abri um sorriso. Ela parecia ser adorável.
  A porta de metal se abriu e eu, junto da velhinha e de mais um monte de gente passaram e todos conseguiram um assento. 
  A velhinha se sentou na minha frente e não disse nada, apenas sorriu. O metro começou a andar e então apenas abracei minha bagagem, fechando os olhos. Estava exausta.
  Acordei uma hora depois com um aviso do motorista, informando que a neve estava impedindo o trem e por isso atrasaríamos. As luzes do trem começaram a piscar e em segundos a energia toda acabou.
  Um silêncio ruim se estendeu no metro, e um homem de cabelos levemente brancos puxou seu óculos até o rosto, enquanto seu filho menor chorava, provavelmente estava com medo.
  — Dizem que contar histórias ajuda o tempo a passar. — Falei, sentando de maneira mais confortável. Todos os passageiros me encararam.
  — O que acha de nos contar uma história? — A velhinha sorriu, de um jeito amável.
  — Eu tenho a história perfeita... mas já vou dizendo, que nessa história, temos uma outra narradora, que é um tanto peculiar: a Morte. — O menino chorão parou um pouco, pois ficou interessado. — Essa história começa em Nova York, então peço que acomodem-se. É como dizem, certo? Quando a morte tem uma história para contar, todos devem sentar e ouvir.

   Senti um frio inexplicável na minha barriga e olhei em volta. Não me lembrava de quase nada.
  Tentei juntar as poucas informações que ainda estavam em minha mente, mas o pouco que me lembrava era que meu nome era Quinn Fabray.
Olhei um pouco mais e vi que estava em New York, no meio da rua. A chuva começou a cair e meu cabelo começou a grudar no meu rosto. O  trânsito estava parado por causa de um acidente.
O meu acidente.
Não fazia sentido, eu estava vendo meu corpo deitado no chão enquanto um homem colocava dois dedos perto da minha garganta para ter certeza se eu estava viva ou morta com um guarda chuva em cima de si. 
— Calma, Quinn. É normal essa sensação. — Ouvi. Era como se toda a barulheira da cidade tivesse se calado e o único som que ouvi era dessa voz.
Ali estava a voz, na minha frente. Era como se fosse uma pessoa, mas eu sentia que era alguma coisa bem mais além do que isso.
  — Prazer, Fabray. Você pode me chamar de morte. — Não respondi. Comecei a me arranhar para que eu acordasse. Talvez fosse
um pesadelo. Um bem estranho, aliás.
  — Acorde, Quinn, acorde! — Gritei. Ela abriu um sorrisinho triste em minha direção.
  — Quinn, se acalme. Você precisa entender o que está acontecendo, antes de tudo. — A 'Morte' pediu. Tentei focalizar nela. Era uma mulher e ela usava um vestido de gala preto. Ela tinha uma pele bronzeada e seus cabelos negros, lisos e molhados deslizavam pelo seu rosto, por causa da chuva.
  — Entender o que? — Perguntei.
  — Você está no que eu chamo de Meio de Inferno. — A mulher falou como se fosse algo totalmente normal ou como se eu entendesse alguma coisa. — Você está morrendo, Quinn.
  — Pare! — Pedi. Eu sabia que iria acordar. Eu sabia que podia fazer isso.
  — Oh, Quinn. Preciso da sua ajuda. Faz muito tempo que estou de olho em você, mas fiz uma aposta valendo caro no seu nome. — A Morte confessou e deu um passo para perto de mim. — Você se esqueceu de tudo o que aconteceu. Você sabe que seu nome é Quinn Fabray e sabe que sofreu um acidente. Mas no momento em que você morre, as lembranças se apagam. Preciso te levar para mostrar tudo, e assim você vai conseguir sair daqui.
  — Eu não entendo. Se eu estou morta, me deixe ir de uma vez! — Implorei, mas Morte deu de ombros.
  — Você está dizendo isso porque não se lembra. Você tem algo pelo qual viver. Algo que também precisa de você para se manter viva, Quinn. — Não fazia o mínimo sentido. Era como se eu estivesse presa á Morte, e aonde quer que ela fosse, eu era puxada para perto. — Precisamos ir, Fabray. O filme vai começar.

i pick my poison; faberry au.Onde histórias criam vida. Descubra agora